Todo dia a cena se repete: dezenas de meninas fazem fila na praça central de Capão da Canoa. De várias idades, das menores, de 4 ou 5 anos, até as adolescentes, elas querem enfeitar os cabelos com tererês.
Os adereços são feitos com cordões coloridos trançados aos fios das clientes. Na ponta, ainda vai um penduricalho com miçangas ou conchas que deve ser removido na hora de dormir ou de entrar na água. Há, também, a opção de comprar a peça que apenas se acopla ao cabelo, sem a necessidade de trançá-lo.
A prática das profissionais que fazem tererê na praça é surpreendente. Elas terminam o processo em poucos minutos.
Mesmo assim, dias atrás, uma das empreendedoras montou um chimarrão às 9h, mas não conseguiu tomar a cuia antes das 16h, tamanho o movimento. É uma criança atrás da outra.
O tererê custa R$ 35,00 e é o ganha-pão de uma dúzia de mulheres de Capão da Canoa. Muitas delas ensinam a técnica para filhas, que as ajudam no negócio. A febre não começou neste verão, é algo quase tão antigo quanto o hábito de veranear no Litoral Norte.
Tranças no cabelo têm origem na cultura africana e carregam uma bagagem ancestral muito forte. Já foram utilizadas, inclusive, como ferramenta de sobrevivência durante o período da escravidão.