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Publicada em 07 de Dezembro de 2024 às 22:21

Noite dos Museus leva multidão a espaços culturais de Porto Alegre

Betina Rosa e Sabrina Fontela incluíram a Casa de Cultura Mário Quintana no roteiro desta edição da Noite dos Museus

Betina Rosa e Sabrina Fontela incluíram a Casa de Cultura Mário Quintana no roteiro desta edição da Noite dos Museus

EVANDRO OLIVEIRA/JC
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Claudio Medaglia
Claudio Medaglia Repórter
Porto Alegre ganhou cores, tons e sons, em diferentes locais, no final de tarde deste sábado. E fez ecoar um grito por mais e mais arte e cultura. Na 8ª edição da Noite dos Museus, música, pintura e diversos tipos de manifestação artística viraram centro das atenções de uma multidão que invadiu o Centro Histórico, a Cidade Baixa e outros espaços culturais e de convivência social.
Porto Alegre ganhou cores, tons e sons, em diferentes locais, no final de tarde deste sábado. E fez ecoar um grito por mais e mais arte e cultura. Na 8ª edição da Noite dos Museus, música, pintura e diversos tipos de manifestação artística viraram centro das atenções de uma multidão que invadiu o Centro Histórico, a Cidade Baixa e outros espaços culturais e de convivência social.
O evento, que tradicionalmente ocorre em maio, precisou ser adiado por conta das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul e a Capital, em especial. E foi em muitos dos locais atingidos que a proposta desta edição brotou. E alcançou novo recorde de público. Conforme a organização, 208 mil pessoas se envolveram com o movimento pelas ruas da cidade e nas 25 instituições participantes desta edição. No ano passado, foram 185 mil participantes. Desde 2016, a Noite dos Museus já atingiu cerca de 800 mil pessoas.
A partir do palco montado na Praça da Alfândega, no coração da Capital, a energia se irradiou por bares, centros culturais, museus e pelas ruas do entorno, desde as 18h. A servidora pública piauiense Glenne Sousa mora em Porto Alegre há cerca de um ano e meio. E compareceu pela primeira vez ao evento. Junto ao palco, ela conversava animada com um grupo de amigos também oriundos de outros Estados.
Sempre gostei de artes, museus, música e diferentes formas de manifestação cultural. Já passamos pela Casa de Cultura Mário Quintana e agora estamos aqui. A ideia é descobrir locais interessantes, para depois visitar. Estou adorando este evento”, disse.
No ritmo das performances musicais que se sucederam, o público embalava e ocupava o espaço à medida que a noite avançava. O local, assim como outros que em maio ficaram submersos, mostrava vida e energia, repercutindo uma das principais propostas desta edição do evento: reativar e reintroduzir essas e outras áreas à rotina da cidade.
Nas performances e shows de música, dança e teatro no Instituto Caldeira, no bairro Navegantes, exposições no Museu da Cultura Hip Hopp no RS, na Vila Ipiranga, passando pela Casa Baka Arte e Cultura, na Cidade Baixa, a Casa Musgo, no bairro Farroupilha, e a Galeria do Dmae, no Moinhos de Vento, por exemplo, a conexão entre arte, cultura e a população da Capital e da Grande Porto Alegre se renovou.
 
Betina Rosa (E) e Sabrina Fontela (D) Casa de Cultura Mário Quintana Noite dos Museus | EVANDRO OLIVEIRA/JC
Betina Rosa (E) e Sabrina Fontela (D) Casa de Cultura Mário Quintana Noite dos Museus EVANDRO OLIVEIRA/JC
A designer Betina Rosa e a namorada, Sabrina Fontela, de Canoas, percorriam os espaços na Casa de Cultura Mário Quintana e tinham ainda um roteiro de museus e bares a cumprir. Antes, vasculhavam uma das salas, onde uma parede repleta de pequenos recados em post-its de cores diversas mostravam um pouco do momento de quem se arvorou a deixar uma manifestação afixada no local.
Vimos de tudo: desabafos, mensagens de auto-afirmação e declarações de amor. Um espaço de livre expressão”, observou Sabrina, pela primeira vez no roteiro.
Frequentadora da Noite dos Museus em edições anteriores, Betina destacou a importância simbólica de povoar áreas afetadas pelas águas. Mas lamentou que alguns espaços tradicionais, como o Farol Santander, tenham ficado de fora do evento.
Museu do Exército Noite dos Museus | EVANDRO OLIVEIRA/JC
Museu do Exército Noite dos Museus EVANDRO OLIVEIRA/JC
Cafés no 7º andar e no térreo da Casa de Cultura, com todas as mesas ocupadas acolhiam pessoas em busca de descontração fora do eixo das performances musicais. Algumas dezenas de metros adiante, pela Rua dos Andradas, as bandas da Brigada Militar e do Colégio Tiradentes, além de músicos como Jayme Caetano Braun, Yangos e Paulinho Cardoso Quarteto, faziam a festa para quem estava no entorno do palco montado em frente ao Museu da Brigada Militar e também nas janelas dos apartamentos.
Dentro do prédio do museu, centenas de pessoas faziam a visitação. Mário Sudbrach Rodrigues fez questão de posar para ser fotografado pela família junto a uma motocicleta do acervo da instituição e circulou pelo local. No outro lado do salão localizado no 2º piso, o tenente do Exército Marcelo Zanon e a mulher, Denise, filha de policial militar já falecido, transitavam com as filhas. Pararam em frente ao busto do general Bento Gonçalves da Silva, um dos líderes da Revolução Farroupilha e primeiro presidente da República Rio-Grandense.
Estar aqui é resgatar a história dos nossos antepassados",  comentou Denise, entusiasmada.

 Evento impulsionou a economia em diversos negócios no entorno do roteiro

 
Bares, Andradas Noite dos Museus | EVANDRO OLIVEIRA/JC
Bares, Andradas Noite dos Museus EVANDRO OLIVEIRA/JC
No trajeto da Andradas entre a área militar e a Praça da Alfândega, a Noite dos Museus energizou também muitos negócios. Armazéns, confeitarias, mercadinhos e bares, cujos horários de atendimento costumam ser méis curtos durante a semana e mesmo aos sábados, foram até mais tarde. Alguns até bem mais tarde. O comerciante Edemar Simonetti, proprietário do Café, Confeitaria e Armazém Andradas, planejava baixar as grades do estabelecimento somente à meia-noite.
A Noite dos Museus costuma agregar um faturamento equivalente a três dias de atividade. Para nós, é ótimo. Mas à essa altura da noite (cerca de 21h), o movimento foi bem maior em outras edições. Mesmo assim, vale a pena alongar o expediente”.
Nos decks lotados de diversos bares do entorno, a conversa era alta e animada, mostrando que o Centro – e a cidade – pulsa forte e vigoroso. Basta estimular
Jovens, aposentados, famílias inteiras e públicos de diferentes perfis viviam e faziam ferver os ambientes influenciados pelo evento. E o interesse pela arte mostrava força nas grandes filas que se formavam em frente aos locais de exposição. Sem pressa, descontraídos e entusiasmados, grupos de amigos aguardavam a vez de visitar o Museu de Artes do Paço de Porto Alegre, na Praça Montevidéu. Com diversos espaços e mostras, o local foi um dos destaques da noite.
A oportunidade de visitar e conhecer as obras expostas no local em um horário alternativo animou as amigas Júlia Vitt e Isadora Cardoso. Percorrendo a Sala Alemanha, elas observavam as aquarelas ilustrando diferentes espaços públicos no país europeu e desfrutavam do interesse comum pela arte. Estudantes do curso de Relações Internacionais, as colegas ainda seguiriam por outros locais no roteiro do evento.
Mercado Público Noite dos Museus | EVANDRO OLIVEIRA/JC
Mercado Público Noite dos Museus EVANDRO OLIVEIRA/JC
Uma das novidades desta edição foi o Mercado Público de Porto Alegre. Ali, bares e restaurantes ficaram abertos e tiveram grande movimento. No pavimento superior, shows musicais garantiram o clima animado e tranquilo do sábado à noite.
O movimento gerado pela Noite dos Museus nos diferentes pontos da cidade explica por que o evento “pegou” e ganhou a cidade. Segurança nas ruas, organização e a leveza no espírito dos diferentes públicos garantiu o sucesso da iniciativa.

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