Iniciadas há 12 anos e com um atraso acumulado de uma década, as obras de duplicação da BR-116, entre Guaíba e Pelotas, devem ser concluídas somente em 2026. Dos 212,05 quilômetros previstos, cerca de 160 já foram entregues, ou seja 75% do percurso. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) prevê finalizar mais 10 quilômetros até o fim deste ano.
Segundo o superintendente regional do Dnit, Hiratan Pinheiro da Silva, os trechos programados para entrega ainda em 2024 incluem 6 quilômetros em Guaíba e 4 em Camaquã, mas dependem de condições climáticas favoráveis. Para 2025, a meta é concluir a linha principal da rodovia, deixando algumas travessias urbanas para a etapa final.
Entre os maiores desafios estão os lotes 5, 6, 8, 9 e 10. Este último, que inclui a ponte sobre o Rio Camaquã e o viaduto da Pompéia (acesso secundário de Camaquã), é considerado uma das entregas mais importantes pendentes, com conclusão prevista para julho de 2025. Na ponte, até o momento, foram finalizados 76% da fundação, 75% dos blocos, 71% da mesoestrutura e 33% da superestrutura.
No lote 1, em Guaíba, as obras também enfrentam atrasos devido à desmobilização do Exército após as enchentes de maio deste ano. A situação exigiu o lançamento de uma nova licitação para um trecho de 7 quilômetros.
A duplicação da BR-116, principal ligação ao Sul do Estado e ao porto de Rio Grande, teve início em 20 de agosto de 2012, com previsão de conclusão para 2014. Desde então, quatro presidentes assumiram o governo federal — Dilma Rousseff, Michel Temer, Jair Bolsonaro e Lula —, e o comando do Dnit enfrentou diversas trocas, mas os avanços ocorreram em ritmo lento. De acordo com o representante regional da autarquia, o atraso é consequência, sobretudo, de déficit orçamentários.
"A falta de orçamento ao longo dos anos foi o principal problema. Os contratos ficaram desequilibrados, não permitiram prorrogações ou aditivos, e tivemos que relicitar vários trechos. Além disso, o clima prejudicou diretamente o andamento das obras, especialmente entre 2023 e 2024, com períodos prolongados de chuva afetando serviços como terraplanagem", explica. Ao todo, estima-se que a obra tenha investimento total de aproximadamente R$ 2 bilhões.
A revitalização da rodovia beneficia diretamente 12 municípios gaúchos: Guaíba, Barra do Ribeiro, Mariana Pimentel, Tapes, Sentinela do Sul, Arambaré, Camaquã, Cristal, São Lourenço do Sul, Turuçu, Arroio do Padre e Pelotas. Ao longo desse trecho, circulam diariamente cerca de 3,8 mil caminhões de carga e mais de 2,2 mil veículos de passeio.
Anseio antigo da população gaúcha, a obra busca ampliar a capacidade de tráfego, diminuir a saturação da rodovia, reduzir acidentes, agilizar o transporte de mercadorias e impulsionar o desenvolvimento econômico da região. Segundo o Dnit, os impactos já estão aparecendo.
"A revitalização já está melhorando a logística e o transporte nessa rodovia. Por se tratar de uma duplicação com possibilidade de entregas parciais, temos visto progressivamente um ganho na segurança e confiabilidade no tempo de viagem, beneficiando tanto passageiros quanto o transporte de cargas", conclui Pinheiro.
Confira a situação de cada um dos dez lotes da obra:

Obra é separada em dez lotes, de Guaíba a Pelotas
BR-116 - Gestão Ambiental/Divulgação/JC
Lote 01 (km 300,54 ao km 325,00) e Lote 02 (km 325,00 ao km 351,34): 73,6% concluído - faltam 13,4 km;
Lote 03 (km 351,34 ao km 373,22): 95,5% concluído - faltam 1 km;
Lote 04 (km 373,22 ao km 397,20): 100% concluído
Lote 05 (km 397,20 ao km 422,30): 59,7% concluído - faltam 10 km;
Lote 06 (km 422,30 ao km 448,50): 61,8% concluído - faltam 10 km;
Lote 07 (km 448,50 ao km 470,10): 98,6% concluído - faltam 300 m;
Lote 08 (km 470,10 ao km 489,00) e Lote 09 (km 489,00 ao km 511,76): 69,1% concluído - faltam 12 km;
Lote 10 (ponte sobre o rio Camaquã, em Cristal): 51% das obras estruturais executadas.