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Publicada em 11 de Junho de 2024 às 16:42

Google vai testar no Brasil bloqueio de tela automático em casos de furto

Companhia pretende lançar diversas outras atualizações relativas à segurança de dispositivos

Companhia pretende lançar diversas outras atualizações relativas à segurança de dispositivos

Google/Divulgação/JC
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Folhapress
A partir de julho, os smartphones Android terão a opção de bloquear a tela automaticamente, quando houver a detecção de um movimento que sugira furto — como alguém agarrar o aparelho e sair correndo. O recurso foi anunciado no evento Google for Brasil, realizado em São Paulo nesta terça-feira (11).
A partir de julho, os smartphones Android terão a opção de bloquear a tela automaticamente, quando houver a detecção de um movimento que sugira furto — como alguém agarrar o aparelho e sair correndo. O recurso foi anunciado no evento Google for Brasil, realizado em São Paulo nesta terça-feira (11).
A tecnologia batizada de "bloqueio por detecção de roubo" foi uma ideia da subsidiária da big tech sediada em Belo Horizonte repassada ao vice-presidente para Android, Sameer Samat, de acordo com o líder para Android no Brasil, Bruno Diniz. A solução teve anúncio em evento global do Google em maio. "Foi uma dificuldade enfrentada pelos membros da nossa equipe e pensamos que poderia ter impacto para os usuários do resto do mundo", disse Diniz, em apresentação fechada à imprensa.
As facilidades proporcionadas pelo sistema financeiro moderno do Brasil, como o Pix, incentivaram roubos de smartphones. Com as telas dos dispositivos desbloqueadas, é possível realizar transações financeiras, como compras e transferências, em instantes. Ainda pode haver vazamento de imagens sensíveis, usadas posteriormente em casos de extorsão.
Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado em julho, o Brasil registrou um crescimento de 16,6% no número de furtos e roubos de telefones celulares no período de um ano, saindo de 853 mil casos em 2022 para 999,2 mil ocorrências no ano passado. A média é de 114 celulares roubados por hora no país, cerca de dois a cada minuto. Os estados da Bahia e do Rio de Janeiro puxaram a alta nesse tipo de crime.
O Brasil oferece um ambiente de testes robusto para o Google, uma vez que o país é o terceiro maior mercado de Android no mundo, com mais de 150 milhões de usuários. Os brasileiros interessados em saber quando atualização passará a funcionar podem pedir notificação automática via inscrição pelo site do sistema operacional. Todos os aparelhos com versões a partir do Android 10 receberão a novidade.
A decisão final de levar o projeto adiante foi tomada a partir de reuniões do Google com o ex-ministro interino da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Capelli, sobre o desenvolvimento do app Celular Seguro, do governo. "Foi uma inspiração", diz Diniz. O ministério esteve representado no evento pelo secretário-executivo Manoel Carlos de Almeida Neto, que divulgou a ferramenta do governo.

Funcionamento

O bloqueio por detecção de roubo e é ativado a partir de um gatilho chamado "grab and run" — a partir dos sensores e do aplicativo aberto no smartphone, esse mecanismo detecta a chance de alguém ter agarrado o aparelho e ter saído correndo, seja em uma bicicleta, a pé ou em um carro.
Uma inteligência artificial interpreta os movimentos de "agarrar e correr" a partir dos dados do acelerômetro e dos aplicativos abertos no smartphone. O usuário precisará ativar a opção na tela de configurações, uma vez que estará desativada por padrão. Ela funcionará mesmo sem acesso à internet.
Diniz previne que, em um primeiro momento, o recurso poderá gerar bloqueios indesejados, uma vez que foi programado para ter mais falsos positivos do que negativos. "Quando a IA bloqueia por engano, a perda é um pequeno incômodo para o usuário, mas, quando não tem bloqueio no momento do crime, o usuário pode ter suas contas esvaziadas."
Trata-se de um bloqueio de tela simples, desativado com reconhecimento biométrico ou senha, diferentemente do bloqueio presente no "Encontre Meu Dispositivo", em que o usuário pode deixar uma mensagem na tela do smartphone. Ao desbloquear o aparelho travado automaticamente, o usuário receberá a informação de que o mecanismo de bloqueio automático foi a razão da trava.

Outros Bloqueios

Também em julho, o Google disponibilizará outro recurso de bloqueio automático, baseado no tempo em que o smartphone ficar desconectado da internet. O Android passará a identificar comportamentos incomuns do usuário, como remover o chip, estar em locais não frequentados por períodos prolongados ou a perda prolongada de conectividade. São eventos comuns quando um smartphone é furtado ou roubado. Nessas situações, a tela será bloqueada automaticamente para evitar acesso não autorizado.
O Google também oferecerá uma opção ao bloqueio remoto disponível na página "Encontre Meu Dispositivo". Será possível fazer um bloqueio de tela simples, sem necessidade de acessar a conta Google, com senha. O intuito, de acordo com a big tech, é facilitar que usuários vedem o acesso ao dispositivo rapidamente, após furtos, roubos ou extravios. A nova página de bloqueio poderá ser acessado via computadores ou smartphones de terceiros, a partir do número de telefone.

Sistema antifraude

O Google anunciou também a expansão de um programa-piloto de proteção contra tentativas de fraudes ou golpes em celulares Android, com previsão para chegada ao Brasil em julho. O recurso estava em teste antes em Singapura e Indonésia.
Os usuários receberão uma nova versão do antivírus Google Play Protect, que impedirá a instalação de aplicativos baixados fora da Play Store ou que peça permissões de acesso sensíveis, como a leitura de mensagens SMS, notificações e de acessibilidade — vias comuns para executar golpes como o da mão fantasma, que manipula o celular para fazer Pix para golpistas.
Quando um usuário no Brasil tentar instalar um aplicativo nessas circunstâncias, o Play Protect bloqueará automaticamente a instalação e enviará uma notificação ao usuário explicando a razão, segundo o Google. Desenvolvedores de apps que usam as permissões citadas precisam notificar o Google para pedir elegibilidade até o fim de junho.

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