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Publicada em 14 de Maio de 2024 às 09:00

Veja como recuperar eletrodomésticos afetados pela enchente

Processo de secagem dos aparelhos é determinante para sua recuperação

Processo de secagem dos aparelhos é determinante para sua recuperação

ANSELMO CUNHA/AFP/JC
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Cássio Fonseca
Cássio Fonseca Repórter
Sem tempo para se planejar, os afetados pela enchente precisaram evacuar suas casas apenas com a roupa do corpo. Em meio a dor e sofrimento, está a expectativa dessas pessoas de voltar ao seu espaço e avaliar os danos causados pelas cheias. E ao contrário do que se pode pensar, nem tudo estará perdido.
Sem tempo para se planejar, os afetados pela enchente precisaram evacuar suas casas apenas com a roupa do corpo. Em meio a dor e sofrimento, está a expectativa dessas pessoas de voltar ao seu espaço e avaliar os danos causados pelas cheias. E ao contrário do que se pode pensar, nem tudo estará perdido.
No caso de eletrodomésticos e eletrônicos, um combinado de fatores define sua vida útil, passando pelo tempo submerso até o processo de lavagem e secagem dos aparelhos. De acordo com o coordenador do curso de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica da Pucrs, Odilon Duarte, os equipamentos de maior porte, como geladeiras e máquinas de lavar, têm mais chances de recuperação. A limpeza pode ser feita, inclusive, com lava-jato.
Produtos menores também não têm a perda total como via de regra. Proprietário de uma loja especializada no reparo de micro-ondas e televisores, Jairo Meinhardt detalha o processo para recuperação: “se tiver lodo e outro tipo de sujeira, tem que fazer uma limpeza profunda das peças, com o uso de água corrente. Depois, o mais importante é deixar secar bem. Precisa pegar sol, nem que sejam três ou quatro dias”.
No entanto, tudo deve ser feito com extrema cautela, conforme destaca Duarte. “Precisamos considerar o risco que as pessoas estão correndo com um sistema energizado. Água e eletricidade nunca se deram bem. Um equipamento em condições normais já oferece perigo, e essa situação pode ser um agravante. Ao ligar na tomada, o ideal é que a pessoa possa utilizar uma luva ou algum outro tipo de isolamento”. Ele alerta para o risco de descarga elétrica, causando até a morte, ao religar os aparelhos sem o devido cuidado.
Mesmo com a possibilidade de recuperação dos dispositivos, o cenário não é de otimismo na maior parte dos casos. Ainda que alguns resistam mais à umidade, a sujeira que acompanha a água é um agravante - diretamente relacionado com o longo período das cheias, que auxiliam na impregnação dos sedimentos.
“Vai ser bem difícil recuperar os eletrodomésticos dado a questão do estado da água. Mesmo que ela não tenha a presença de esgoto, ela está muito turva, então vem muito barro, que vai se impregnando nas partes metálicas e no sistema de isolamento térmico”, afirma o professor.
Em regiões cujo avanço da enchente foi crítico, a expectativa é ainda pior. Em Porto Alegre, é o caso do Centro Histórico. Em comércios como o Mercado Público, no qual as bancas possuem sistemas de refrigeração e aquecimento, as chances de recuperação são mínimas.
Outro ponto de atenção é o possível comprometimento dos sistemas de fiação. Aqueles que precisaram deixar suas residências devem ter atenção à estrutura geral. Tomadas podem ter um curto-circuito, inviabilizando o teste dos aparelhos e aumentando as chances de um choque elétrico. Nesse caso, Duarte enfatiza a necessidade de contar com o auxílio de um profissional para identificar o problema, que pode passar pela tubulação ou até mesmo pelo disjuntor.

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