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Publicada em 26 de Abril de 2024 às 20:14

Barrado na coletiva, jornal Boca de Rua já havia denunciado pousadas Garoa

Líder do Movimento Nacional da População de Rua, Nilson Lira Lopes (e) condenou postura da prefeitura

Líder do Movimento Nacional da População de Rua, Nilson Lira Lopes (e) condenou postura da prefeitura

THAYNÁ WEISSBACH/JC
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Bárbara Lima
Bárbara Lima Repórter
Integrantes do Jornal Boca de Rua, elaborado pela população em situação de rua, não puderam participar da coletiva de imprensa realizada pela prefeitura de Porto Alegre, na tarde desta sexta-feira (26), após incêndio que matou 10 pessoas e deixou 15 feridas na Pousada Garoa, no centro da cidade. A empresa responsável pelos alojamentos tem convênio com a prefeitura para abrigar indivíduos em vulnerabilidade social. Por conta disso, os integrantes se reuniram em frente ao prédio administrativo da prefeitura e protestaram.
Integrantes do Jornal Boca de Rua, elaborado pela população em situação de rua, não puderam participar da coletiva de imprensa realizada pela prefeitura de Porto Alegre, na tarde desta sexta-feira (26), após incêndio que matou 10 pessoas e deixou 15 feridas na Pousada Garoa, no centro da cidade. A empresa responsável pelos alojamentos tem convênio com a prefeitura para abrigar indivíduos em vulnerabilidade social. Por conta disso, os integrantes se reuniram em frente ao prédio administrativo da prefeitura e protestaram.
"Esse tema é sobre a gente e não podemos participar. É uma discriminação. Nós já tínhamos denunciado, é do nosso interesse, também somos imprensa", lamentou Carlos Henrique da Silva, do Jornal Boca de Rua. No exemplar de 2022, levado pelos manifestantes, a pauta era manchete da edição: "Garoa pega fogo? Pega", estava escrito. Em novembro de 2022, um homem morreu e outras 11 pessoas ficaram feridas após incêndio em edifício da rede Garoa, localizado na rua Jerônimo Coelho.
Carlos afirma, ainda, que tem amigos que frequentaram pousadas da Garoa que já denunciavam as condições precárias dos aposentos. "A situação é precária, sem ventilação, sem janela, tem uma cama, um lençol. Tinha problema de elétrica". Ele, que também já se hospedou por três anos em outras pousadas com convênio da prefeitura, disse que "nunca teve fiscalização, nunca foi ninguém. Fiscalizar o prédio, nunca teve", enfatizou.
Outro integrante do Boca de Rua e líder do Movimento Nacional da População de Rua, Nilson Lira Lopes, também estava em frente ao prédio da prefeitura. Muito emocionado, ele recordou quando viveu nas ruas entre as décadas de 1980 e 1990. "Hoje não estou mais na rua, mas eu milito pela causa. É uma tragédia que se repete. Já tinha acontecido em 2022, aconteceu de novo", disse. 
Nilson afirmou que nas rodas de conversa que participa com a população de rua, denuncias sobre as pousadas Garoa são frequentes. "As pessoas preferem ficar nas ruas do que dividindo espaço com ratos e baratas, com fios elétricos expostos, banheiro coletivo, quarto sem janela. Estamos denunciando desde a pandemia, quando houve uma procura maior por abrigos. A solução da prefeitura é uma violência, não é proteção", questionou.
Ele também criticou a postura da prefeitura de não deixar o Boca de Rua participar da coletiva. "Nós temos propriedade para falar do assunto, para questionar. Queríamos colocar nossa indignação", resumiu.
A prefeitura de Porto Alegre anunciou na coletiva que instaurou uma Investigação Preliminar Sumária para investigar o contrato com a Garoa e que vai realizar uma força tarefa para vistoriar as outras 22 pousadas com quem mantém convênio na cidade.

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