Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 03 de Abril de 2024 às 12:26

Venda do Teresópolis Tênis Clube traz lembranças de carnavais e bailinhos

As festas no clube movimentavam a Zona Sul de Porto Alegre

As festas no clube movimentavam a Zona Sul de Porto Alegre

Facebook/Reprodução/JC
Compartilhe:
Mauro Belo Schneider
Mauro Belo Schneider Editor-executivo
O Teresópolis Tênis Clube (TTC), hoje um cenário de abandono na rua Engenheiro Ludolfo Boehl, em Porto Alegre, guarda, por trás dos arbustos e mato que tomam conta da fachada, histórias de carnavais inesquecíveis. “Era muito animado, por isso se destacava na cidade”, lembra o policial civil aposentado Gilberto Braga, hoje com 85 anos e morador do Rio de Janeiro. Suas memórias vieram à tona com a notícia da venda do local nesta terça-feira (2).
O Teresópolis Tênis Clube (TTC), hoje um cenário de abandono na rua Engenheiro Ludolfo Boehl, em Porto Alegre, guarda, por trás dos arbustos e mato que tomam conta da fachada, histórias de carnavais inesquecíveis. “Era muito animado, por isso se destacava na cidade”, lembra o policial civil aposentado Gilberto Braga, hoje com 85 anos e morador do Rio de Janeiro. Suas memórias vieram à tona com a notícia da venda do local nesta terça-feira (2).
Gilberto era conhecido dos sócios por duas histórias marcantes. Primeiro porque foi integrante do Conjunto Melódico Mocambo. A banda, que durou pouco mais de um ano, acabou se dissipando com a saída de alguns músicos que moravam em Belém do Pará e tiveram que voltar para casa. Mas, enquanto durou, teve muito samba, bolero e tcha tcha tcha. “Foi intenso”, adjetiva.
A Mocambo tocava seguidamente no Teresópolis. Certa vez, a boate do clube pegou fogo e o grupo se apresentou em diversas reuniões dançantes para arrecadar fundos voltados à reforma do espaço.
Outra história fresca na cabeça de Gilberto é, essa sim, de um Carnaval, quando, junto com seus amigos, foi barrado no bloco oficial dos casados. Ele e outros solteiros, portanto, criaram outro, chamado de “Sobra da Panela”. “Não era representativo, mas era legal”, diverte-se.
Gilberto já escreveu quatro livros, e na sua autobiografia tem um capítulo dedicado ao Teresópolis e ao bairro de mesmo nome. No texto, ele explica que Terê era o diminutivo que se dava ao clube.
Facebook/Reprodução/JC
Veja um trecho: “Hoje ainda lembro-me do bonde. A praça não esconde a memória de outrora. Sonhos que eu nunca desfiz esperando as gurias no Colégio São Luiz. Aquelas festas da igreja. Mensagens de amor pelos alto-falantes. Grupo Escolar Ceará. Primeira namorada, por onde andará? E o cinema, tão belo sonho realizado do seu Mascarello. Os bailes no barracão do Terê. Nós dois no salão de rosto colado. Até parecia que só existiam eu e você... Ao fundo, o Baldauf tocando. E o Edgar cantando ‘acarezame’... Encontros no bar do Jorge. Que só reunia a mais nobre boemia. Lubianca, Sarmento e Alcides. Espero não olvides "Cadeira Vazia". O Lupi cantando seus versos. Que eternizaram sua ‘Felicidade’. Meu bairro, jeito de interior. São para ti estes versos tão cheios de amor”.
Nas redes sociais, os órfãos do Teresópolis compartilham mais lembranças. No grupo Memórias do Teresópolis Tênis Clube, há relatos nostálgicos. “Minha adolescência foi no TTC, meus filhos também aproveitaram, saudades. Carnaval, sede campestre, tio do cachorro quente na saída da piscina, o restaurante, baile verde e branco, Réveillon, dói a saudade”, postou um ex-sócio. A página conta, ainda, com registros de festas com soberanas das piscinas, presença do cantor Agnaldo Rayol e show de Jair Rodrigues.
A jornalista Eliana Freitas Mainieri, que mantém um jornal de bairro no Teresópolis, lamenta a perda de “sua praia”. Numa foto em frente à piscina, escreveu: “março 2020, última temporada”.
Arquivo Pessoal/Divulgação/JC
A expectativa, agora, é sobre que futuro será dado ao terreno que abriga tanto afeto.

As datas

O Teresópolis Tênis Clube foi oficialmente aberto em 1944 e fechou em 2020, durante a pandemia de Covid. 

Notícias relacionadas