Uma tempestade atingiu o Sul no Brasil nas primeiras horas dessa quarta-feira (15), que causou danos em imóveis, deixou pessoas feridas e provocou uma morte em Giruá. Segundo o MetSul, o fenômeno causador, já estudado há muito tempo por meteorologistas do País e do exterior, apresenta alto potencial de impactos e tem o nome de Complexo Convectivo de Mesoescala (CCM).
• LEIA MAIS: Ventos fortes e granizo mantêm Região Sul em alerta
O CCM, que costumeiramente provoca chuva forte a intensa e tempestades fortes a severas, de vento e granizo, e até fenômenos mais extremos como tornados e microexplosões atmosféricas, trata-se de um aglomerado de nuvens muito carregadas e de longa duração, com desenvolvimento vertical, que podem atingir de dez a vinte quilômetros de altura. Esse acontecimento normalmente é identificado a partir de imagens de satélite, e seu nome decorre do fato de serem muitas áreas de tempestade reunidas em uma mesmo sistema.
Conforme a meteorologista Estael Sias, o evento não é exclusividade da região. “Estes sistemas ocorrem em vários continentes, como na América do Norte, Ásia, Europa e África”, explica. Porém, na América do Sul, ocorrem alguns dos CCMs mais intensos do mundo, que se formam entre o Norte e o Nordeste da Argentina, Paraguai e Sul do Brasil.
Formação
O fenômeno acontece com o desenvolvimento de uma grande quantidade de tempestades individuais em uma mesma região, com presença de movimento ascendente de ar, condição favorável para a convecção. “No estágio de formação, que é o mais perigoso e com maior propensão para as tempestades severas, vários núcleos de tempestade se fundem”, explica a meteorologista.
Esse tipo de evento ocorre sob uma atmosfera quente e úmida, e por isso é comum nessa época do ano, entre primavera e verão, ocorrendo comumente em dias muito quentes e abafados.
Normalmente acontece a partir do fim da tarde e começo da noite, já que as células iniciais de sua instabilidade, que costumam preceder a formação do CCM, se originam ainda de tarde ou início do período noturno, e por fim se enfraquece ou dissipa no dia seguinte, por volta do meio dia. Segundo estudos, o ciclo de vida do CCM tem horário de máxima extensão durante a madrugada na grande maioria dos casos observados.
Segundo a Estael, na noite desta quarta-feira (15), mesmo com temperatura entre 21ºC e 22ºC, “a atmosfera estava tão úmida na noite de ontem, quando do complexo convectivo que gerou o tempo severo na Metade Norte gaúcha, que Porto Alegre tinha neblina e Santa Maria nevoeiro com visibilidade de apenas 300 metros”.
No mesmo dia, uma corrente de jato (vento forte), em baixos níveis de atmosfera, se estendia da Bolívia até o Noroeste gaúcho e trazia o ar muito quente e úmido da Amazônia, situação que, segundo muitos estudos, tem papel fundamental nesse fenômeno.
Situação no RS
Após um alerta laranja de tempestades, publicado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) na tarde desta quarta-feira (16), foi também comunicado pelo Instituto um alerta vermelho, representando grande perigo. O aviso tem vigência até as 15h de quinta (17), e prevê chuva superior a 60mm/h ou maior que 100mm/dia, ventos superiores a 100 km/h, e queda de granizo.
A situação cobre as áreas do centro, sudoeste e norte do RS e área metropolitana de Porto Alegre, assim como Oeste e Sul catarinense, Serrana, Vale do Itajaí e Grande Florianópolis, e apresenta risco de danos em edificações, corte de energia, estragos em plantações, queda de árvores, alagamentos, e transtornos no transporte rodoviário.
O instituto instruí para a população que se desligue aparelhos elétricos e quadro geral de energia; em caso de enxurrada, ou similar, se coloque documentos e objetos de valor em sacos plásticos; e em caso de situação de grande perigo confirmada se procure abrigo e se evite permanecer ao ar livre.
Para mais informações, deve-se entrar em contato junto à Defesa Civil (telefone 199) e ao Corpo de Bombeiros (telefone 193).