Policiais realizam marcha em protesto contra o governo do Estado

Ato foi promovido pelo Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia do RS (UGEIRM), em conjunto com a Associação dos Comissários de Polícia do RS (ACP/RS) e do Sindicato dos Policiais Civis do RS (SINPOL-RS)

Por Gabriel Margonar

Manifestação Polícia
Protestando por melhores condições de trabalho, policiais de diversos municípios gaúchos realizaram, na tarde desta terça-feira (3), a Marcha da Polícia Civil. O ato, promovido pelo Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia do RS (UGEIRM), em conjunto com a Associação dos Comissários de Polícia do RS (ACP/RS) e do Sindicato dos Policiais Civis do RS (SINPOL-RS), teve como principal alvo o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), que, segundo os manifestantes, não valoriza o trabalho dos profissionais do ramo.
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A passeata teve início no Palácio da Polícia, de onde partiu em direção à Praça da Matriz, na frente do Palácio Piratini e da Assembleia Legislativa. No percurso, representantes dos sindicatos subiram em um carro de som e bradaram contra os problemas que a classe tem enfrentado. Como trilha sonora, os policiais optaram por tocar músicas da cantora Ivete Sangalo – uma clara referência ao vídeo em que Eduardo Leite aparece dançando em um show da artista, em São Paulo.
Segundo o secretário geral da UGEIRM, Pablo Mesquita, o efetivo da Policia Civil gaúcha atualmente é menor do que era nos anos 1990, enquanto a população no Estado praticamente dobrou nesse período, e isso tem causado uma sobrecarga imensa nos profissionais. “Nosso trabalho é extenuante e sem recompensa financeira. Não aguentamos mais. Isso tem levado ao adoecimento dos policiais. E problemas relacionados a saúde mental tem levado muitos, inclusive, ao suicídio”, afirmou.
De acordo com ele, os principais pontos da manifestação são o aumento salarial, a melhoria nos direitos básicos (como aposentadoria e plano de saúde) e o reconhecimento. Porém, o principal é a abertura do diálogo.
“O governador mudou o sistema de promoções e não promove mais ninguém. Também não recompõe salário, não garante direitos e nem conversa com a categoria. Estamos há 5 anos marcando reuniões para sempre ouvirmos o ‘não’. Trabalhamos praticamente em regime de escravidão, mas nosso pedido é simples: queremos a construção de alternativas para os problemas da Polícia Civil.”, completa Mesquita.
Representando Bagé, o comissário de polícia Carlos Fontoura também esteve presente no carro de som. Para ele, o que moveu policiais de todo o Estado para esta manifestação foi a “impaciência com a carga exaustiva de trabalho” e a ideia de “sensibilizar o governador a abrir diálogo com o Sindicato”.
A manifestação também teve o apoio da Associação dos Delegados de Polícia do RS (ASDEP). Guilherme Wondracek, presidente da ASDEP, esteve presente na concentração no Palácio da Polícia e concordou com os protestos contra Leite.
“Estamos há 10 anos sem aumento, com índices de criminalidade baixando acintosamente, fazemos inúmeras operações e mesmo assim o governo sequer nos recebe para conversar sobre reposição inflacionária. O governador diz que é um homem de diálogo, mas não demonstra isso”, comentou o delegado.
“Viatura não anda sozinha, computador não opera sozinho, vigilâncias não se fazem sozinhas. O Fundamental na segurança pública é o policial”, completa.
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No final da tarde desta terça, a Casa Civil do Estado se manifestou. Confira a nota na íntegra:
Entidades representativas de policiais civis foram recebidas na segunda-feira (2/10) à tarde na Casa Civil, dentro da postura de abertura ao diálogo do governo do Estado. Foram apresentados os pleitos já trazidos e reforçado pelo governo quanto às vedações legais neste momento devido à queda de arrecadação pela ação da União atingindo o limite prudencial de gastos por conta da responsabilidade fiscal.
Sobre promoções, o pedido está em análise de legalidade, não sendo objeto de deliberação neste momento até avaliação técnica, frente que o governo está atento e sensível.