As chuvas que chegaram em Porto Alegre na terça-feira deram pouca trégua nos últimos dias. Vias ficaram alagadas, principalmente no Extremo Sul e Zona Norte da cidade, além da região das Ilhas, a que mais preocupa. O nível do Guaíba, que chegou ao terceiro mais alto da história, já está estável e com tendência de baixar. A última leitura do Cais Mauá foi de 2,62m. Em virtude disso, a prefeitura da Capital informou que irá declarar estado de emergência nesta sexta-feira.
O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) está alerta em relação aos níveis e preparado caso seja necessário fechar as comportas, mas ressalta que está sob controle no momento. O prefeito Sebastião Melo afirmou que a prefeitura realiza balanços diários, manhã e tarde. Foi ele mesmo que avisou que será decretado estado de emergência na cidade nesta sexta-feira, para facilitar compras de reposição de itens que foram estragados.
O prefeito informou que não há mais abrigados no local disponibilizado na Ponta Grossa, mas os indígenas continuam no Lami e ainda há pessoas alojadas na igreja na Ilha da Pintada. A avaliação é de que a prefeitura esteja abrigando em torno de 60 pessoas no momento.
Um levantamento será realizado sobre as famílias que perderam tudo por causa das fortes chuvas desta semana, visando um auxílio específico da prefeitura para essa parcela da população. Uma “aba diferenciada” do bônus moradia - uma compra facilitada que demora em torno de três meses para ser efetivada - será criada. “Desburocratizar para que as pessoas aceitem essa compra assistida e saiam desses locais precários”, resume o prefeito. A medida visa atender principalmente as pessoas que têm receio de desocupar suas casas.
Segundo previsões meteorológicas, a mudança de vento ocorrida na noite de quinta-feira ajuda a empurrar as águas em direção ao litoral. Com isso, a expectativa é que não haja inundação na cidade. Melo avalia que tem partes da Capital que estão normais, e a prefeitura presta atenção em todas as áreas, “mas é hora de olhar especialmente para quem mais precisa”.
Questionado sobre a repetição de problemas que já haviam ocorrido com o ciclone extratropical que atingiu a cidade em junho, Melo afirmou que o assunto “merece uma reflexão”. Ele defende que o governo federal é o executivo que mais possui verba e, por isso, precisa ter uma política de crises, que englobe as redes estaduais e municipais, para uma ação em conjunto. Mas reconhece que as prefeituras devem fazer a sua parte e “talvez tenham que fazer um pouco mais”.
Sobre prevenção, o prefeito afirmou que não é uma prioridade no Brasil e que há dificuldades na recuperação. É preciso ter política, dinheiro e planejamento, avalia. Para ele, é necessário priorizar as situações mais graves, pois não há como abranger tudo. O prefeito afirma que “não basta acolher, é preciso restaurar o espaço público”.
Sobre ações para melhorar o escoamento da Capital, Melo respondeu que há medidas a serem tomadas, mas não detalhou nenhum projeto. E afirmou que um item buscado desde o início da sua gestão é a “parceirização” do Dmae, para investir em drenagem urbana com o valor da medida. Ele traz que especialistas avaliam que para resolver os alagamentos da cidade seria preciso em torno de R$ 4 bilhões. Segundo Melo, a prefeitura já investiu R$ 25 milhões desde 2021 na limpeza de arroios.
O prefeito ressalta que outro grande problema é a parcela da população que suja as ruas, e o poder municipal tenta manter limpa. Ele convida os cidadãos para uma reflexão sobre as ações individuais de descarte de lixo. "Eu sou um prefeito que cuida muito da zeladoria da cidade”, garante, convidando a população a se juntar em prol do cuidado das vias de Porto Alegre.


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