O uso do celular na sala de aula é um assunto que gera debates há anos. Desde que a tecnologia permitiu inúmeros recursos ao alcance dos estudantes, boa parte da vida escolar tem a companhia do dispositivo. Nos ambientes de estudo, o uso excessivo pode atrapalhar a aprendizagem dos alunos, além de atrapalhar a interação com os professores. Com isso, o debate pela regulamentação do uso de smartphones nas salas de aula chegou no Brasil, como já ocorre em outros países.
Atualmente, uma em cada quatro nações baniu ou tem alguma política pública sobre o uso do celular em sala de aula. O que já era dito por especialistas, agora, foi também divulgado pela Unesco, indicando que o uso excessivo de smartphones pode ser prejudicial para crianças e jovens.
O Projeto de Lei nº 104/2015, de autoria do deputado federal Alceu Moreira (MDB) e que estabelece diretrizes para tecnologias em ambientes de ensino no País, tramita na Comissão de Educação, onde aguarda a apresentação do parecer do relator, o deputado Diego Garcia (Republicanos-PR) - o que deve ocorrer nos próximos dias. Moreira afirma que o projeto "é para disciplinar, e não para proibir o uso".
Ele sugere que os aparelhos sejam programados para as atividades pedagógicas e que outros tipos de uso não sejam permitidos durante as aulas. De acordo com o deputado, se faz necessário definir um conjunto de regras para que o celular não seja proibido, mas melhor aproveitado no processo de ensino-aprendizagem.
Para o vice-presidente do Cpers, Alex Saratt, a proibição do uso de celulares não seria efetiva pois criaria um desejo maior ainda de usar os dispositivos. Se for bem pensado, por diversos agentes da sociedade, é possível achar maneiras de inserir o uso de maneira que beneficie o estudo. Já o foco nos professores é uma defesa feita por Saratt. "O professor é a figura central da educação e precisamos reafirmar esse papel". Ele ainda cita a Conferência Nacional Extraordinária de Educação que ocorre em 2024 e visa elaborar um Plano Nacional de Educação (PNE) atualizado e pensado por diversos agentes da sociedade. "A educação é tão importante que não deve ter algo que pertença só os educadores", ressalta Saratt.
A visão do presidente do Sinepe, Oswaldo Dalpiaz, é de que as escolas particulares deveriam ter autonomia para regular o uso dos celulares. Contudo, isso não acontece devido às críticas por parte dos pais. Ele defende que cada escola forme a sua identidade pedagógica e tenha regras em relação ao uso da tecnologia. Inclusive durante outros momentos, como o recreio. Dalpiaz afirma que muitos alunos se isolam nos momentos de socialização, e isso também atrapalha o processo de aprendizagem no geral.
Mas o educador ressalta que que o uso da tecnologia pode permitir uma maior criatividade e agilidade nos ambientes escolares. "O Sinepe defende que a abertura aos avanços faça parte da escola e da educação, mas se deve pensar sobre o modo de uso.
O assunto preocupa a coordenadora de ensino do Colégio Bom Conselho, Patrícia Bressani. Ela afirma que "não se pode demonizar o recurso que, se bem usado, pode ser um aliado". O combinado com as turmas é de que o celular fique na mochila durante as aulas e o aluno poderá pegá-lo somente com a autorização do professor. Nas normas de convivência, também é vedado ao aluno publicar em ambientes virtuais fotos e vídeos sem a autorização ou mensagens ofensivas.
Um problema causado pela tecnologia é quando há brigas no ambiente virtual, como em grupos de Whatsapp. Neste caso pode ocorrer uma intervenção dos coordenadores, que chamam os alunos envolvidos para resolver, e avisam as famílias. Além disso, professores podem ter dificuldades em pedir para que os alunos não utilizem os aparelhos, e muitos não querem largar o dispositivo. Patrícia ressalta que o celular já é uma realidade, e o papel da escola é orientar os responsáveis e os alunos.


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