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Geral

Justiça

- Publicada em 28 de Abril de 2023 às 18:37

Notícias falsas prejudicam produtores de arroz orgânico do MST

Laudo da UFSM atestou que arroz do MST não tem agrotóxico

Laudo da UFSM atestou que arroz do MST não tem agrotóxico


Renan Mattos/ Divulgação/ JC
Notícias falsas sobre o arroz orgânico do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) espalhadas pelo vereador de Porto Alegre, Ramiro Rosário, pelo vereador de Nova Santa Rita, Sílvio Roberto Flores de Almeida e pelo advogado e ex-secretário de meio ambiente de Porto Alegre, Maurício Fernandes da Silva, tem causado prejuízos emocionais e econômicos aos produtores.
Notícias falsas sobre o arroz orgânico do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) espalhadas pelo vereador de Porto Alegre, Ramiro Rosário, pelo vereador de Nova Santa Rita, Sílvio Roberto Flores de Almeida e pelo advogado e ex-secretário de meio ambiente de Porto Alegre, Maurício Fernandes da Silva, tem causado prejuízos emocionais e econômicos aos produtores.
Na última quinta-feira (27), a 6ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) emitiu uma liminar que determinou a exclusão de uma fake news sobre a presença de agrotóxicos em arroz orgânico da marca “Terra Livre Agroecológica”, produzido nos assentamentos da reforma agrária.
A fake news intitulada “E quando o alimento orgânico contém agrotóxicos?”, publicada pelos sites e reproduzidas em perfis pessoais, afirmava que um laudo do Laboratório de Análises de Resíduos e Pesticidas (LARP), da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), atestava a presença de agrotóxico no arroz orgânico produzido pelas cooperativas da reforma agrária. Ocorre que o laudo comprova, justamente, o contrário. Também devem ser excluídas as publicações falsas veiculadas pelo site www.direitoambiental.com.br e www.direitoagrario.com.br, cujos domínios pertencem ao ex-secretário.
A justiça ainda estipulou uma multa diária de R$ 300 até o limite de R$ 10 mil reais para cada dia em que as postagens continuarem no ar. Além disso, os réus “deverão se abster de novas publicações relacionadas ao caso, até o deslinde do feito”. A decisão é decorrente de uma ação movida pelo escritório MDRR Advocacia & Direitos Humanos, que representa a Cooperativa de Produção Agropecuária Nova Santa Rita (COOPAN) e a Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre (COOTAP).
Na última quarta-feira (26), após a divulgação das 'fake news', o próprio laboratório da UFSM emitiu uma nota oficial: “laboratório reitera que as amostras de arroz analisadas não contêm resíduos detectáveis de agrotóxicos. Na mesma nota, o laboratório afirma que é reconhecido pelo INMETRO e que “considerando a gravidade das acusações e a repercussão negativa à credibilidade do LARP e da UFSM, a instituição buscará a adequada reparação dos danos causados. Reiteramos que o Laboratório pauta suas ações na ciência, de forma técnica, científica e não ideológica, e que os ataques praticados demonstram uma postura leviana, sem embasamento e totalmente desprovida de suporte comprobatório”.
Uma das advogadas do caso, Alice Resadori, afirmou que notícias falsas prejudicaram a imagem das cooperativas e que os vereadores utilizaram a fake news para denunciar as cooperativas no Ministério Público Federal. Ela considera que a decisão do TJRS foi uma vitória e explica que as medidas no âmbito criminal também foram tomadas. "Entramos com medidas para que eles sejam responsabilizados por calúnia e denunciação caluniosa. Registramos um boletim de ocorrência na polícia civil", contou.
Segundo Alice, os produtores precisam, ainda, serem indenizados, uma vez que as mentiras prejudicaram economicamente os comerciantes e pequenos produtores. "A rápida propagação maculou a imagem dos produtores. A cada hora que as postagens ficaram no ar, mais as visualizações dos conteúdos mentirosos aumentaram e trouxeram problemas aos produtores", refletiu.

Fake news abala moral e coloca contratos importantes em cheque

 
O presidente da Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre (COOTAP), Nelson Krupinski, ressalta que as notícias falsa publicadas pelos vereadores e pelo ex-secretário do meio ambiente têm causado abalo emocional entre os produtores. "Nunca passamos por uma situação dessas. É um sentimento de indignação em relação a uma falsidade levantada por pessoas teoricamente esclarecidas", ponderou Nelson. 
Ele ressalta, ainda, os impactos chegam por várias frentes, com pressão psicológica e econômica. "Tínhamos um contrato com uma rede importante, tudo em vias de se concretizar. Com essa fake news, a empresa pediu para aguardar", revelou o presidente da COOTAP. Para Nelson, as notícias falsas visam abalar a moral dos produtores, que são referência na produção orgânica na América Latina. Ele ainda acrescentou: "Você sabe como é difícil entrar para grandes redes, não é? Além disso, nos pontos de venda menores, como feiras ou lojas, os comerciantes e consumidores ficam receosos sobre o que fazer com o produto", exemplificou.
Agora, ele espera que os vereadores envolvidos e o ex-secretário do meio ambiente se retratem. "Esperamos que tenham a hombridade de reconhecer a fake news", afirmou. Para se recuperar de uma notícia falsa como essa, Nelson fala que os produtores "confiam no trabalho. Somos referência, uma experiência histórica que dá certo. Temos valores e princípios", disse. 
O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) também emitiu um ofício se manifestando sobre o caso. No documento, o MAPA atesta a idoneidade do laboratório da UFSM e afirma que “os laudos os dados constantes dos laudos levam a conclusão diametralmente oposta à veiculada na notícia, isto é, as amostras analisadas não continham qualquer resíduo de agrotóxicos”, motivo pelo qual resta demonstrado que se trata de produções orgânicas.