A Policia Civil gaúcha trabalha na investigação para identificar três suspeitos que participaram do caso de tortura no supermercado Unisuper, em Canoas , na Região Metropolitana de Porto Alegre. O caso de violência ocorrido no mês de outubro foi contra dois homens que foram brutalmente agredidos no estabelecimento após o furto de duas embalagens de picanha. A agressão foi cometida na presença de sete pessoas, segundo o delegado Rodrigo Peternelli, da Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoas (DPHPP) de Canoas. Em nota, a direção da
Unisuper afirma que demitiu os funcionários envolvidos e rescindiu o contrato com a empresa Glock Segurança.
Conforme o delegado, o crime aconteceu no dia 12 de outubro, mas só chegou ao conhecimento das autoridades policiais dois dias depois, quando uma das vítimas deu entrada no Hospital de Pronto Socorro (HPS) em coma. O caso chamou a atenção da equipe médica que alertou a Polícia Civil. A investigação policial começou em 17 de outubro.
Entre as sete pessoas presentes na sessão de tortura no depósito do supermercado estavam um gerente e sub gerente do estabelecimento que foram afastados nesta segunda-feira (5) pela direção da empresa. "A Polícia Civil investiga um crime de tortura praticado por seguranças privados e com a participação de funcionários do supermercado", destacou Peternelli. O delegado informou que o homem buscado no estacionamento do Unisuper por um dos seguranças deu entrada no HPS de Porto Alegre com severas fraturas na região do rosto o que evoluiu para o coma. Acionada, a equipe volante do DHPP realizou diligência ao local, ouvindo uma testemunha que narrou o episódio e explicou que o caso havia ocorrido na cidade, apontando o endereço da violência.
No dia 17 de outubro, os policiais se dirigiram ao estabelecimento comercial e solicitaram as imagens das câmeras de videomonitoramento. Entretanto, enquanto eram recebidos por um funcionário, outro formatava o HD do sistema, como forma de suprimir evidências do crime. Assim, considerando a situação de flagrante, foi prontamente apreendido o equipamento e encaminhado ao IGP para recuperação dos dados.
De acordo com Peternelli, após um trabalho dos peritos, as imagens vieram à tona. Um suspeito praticava furto de carnes e quando tentou passar pelo caixa sem pagar pelas mercadorias foi abordado por um dos seguranças. Levado ao depósito do estabelecimento, sofreu as agressões. A finalidade das lesões praticadas era, inicialmente, identificar eventuais comparsas. Recebidas as informações, um segundo suspeito do crime patrimonial foi levado ao mesmo local - ele estava no estacionamento do supermercado. No depósito, as agressões e lesões se intensificaram. Foram usados diversos instrumentos contundentes para golpear os dois.
Ao final, além de todas as ameaças recebidas, foi-lhes informado que, se não pagassem um determinado valor, seriam mortos. Ao receber esta notícia, e verificar que não possuía saldo, uma das vítimas pediu que seu filho lhe mandasse algum dinheiro. Apenas após o pagamento do “resgate” no valor de R$ 644,00 é que os dois foram liberados. Conforme o delegado, o caso não viria à tona considerando as ameaças feitas durante a sessão de espancamento. Entretanto, um dos homens ao ter sido internado, foi acionado o protocolo de ingresso de pessoas lesionadas em hospitais, para verificação de possíveis crimes.
As empresas foram demandadas pela DPHPP Canoas, mas trouxeram respostas parciais às necessidades investigativas. Foram identificadas quatro pessoas, que contaram versões conflitantes. Restaram, sem qualificação, outros três envolvidos, que por alguma razão ainda desconhecida, eram blindados. A divulgação das imagens do fato teve o condão de auxiliar na identificação dos demais participantes para a completa elucidação do caso. O delegado explicou que os furtos praticados na loja pelas vítimas das torturas não foram apurados, eis que não houve a correta condução dos então suspeitos à Delegacia de Polícia e instauração do competente inquérito policial. "Existe todo um regramento jurídico que deveria ter sido seguido. O sistema de justiça criminal precisa ser acionado, sempre, para coibir todos os tipos de crimes", acrescentou.