Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

SAÚDE

- Publicada em 14 de Junho de 2021 às 18:01

Com doações em queda, hemocentros têm escassez de sangue para abastecer hospitais no RS

Hemocentros necessitam doadores de todos os tipos sanguíneos, especialmente de O negativo

Hemocentros necessitam doadores de todos os tipos sanguíneos, especialmente de O negativo


CRISTIANE CONCEIÇÃO/HU/DIVULGAÇÃO/JC
Nesta segunda-feira (14), data em que celebra-se o Dia Mundial do Doador de Sangue, os oito hemocentros regionais do Estado penam para equilibrar, gota a gota, seus estoques, prejudicados pela queda de doadores voluntários desde o início da pandemia.
Nesta segunda-feira (14), data em que celebra-se o Dia Mundial do Doador de Sangue, os oito hemocentros regionais do Estado penam para equilibrar, gota a gota, seus estoques, prejudicados pela queda de doadores voluntários desde o início da pandemia.
Para alertar os gaúchos da importância do gesto, foi instituída a campanha Junho Vermelho, como forma de incentivo à doação segura, única forma de manter o abastecimento aos hospitais e garantir o atendimento a centenas de pacientes.
Em todo o Rio Grande do Sul, há oito hemocentros regionais - Porto Alegre, Pelotas, Passo Fundo, Santa Maria, Caxias do Sul, Cruz Alta, Alegrete e Santa Rosa - que integram a hemorrede pública do Estado. Juntos, eles atuam para suprir as necessidades das redes hospitalares, mas vêm sendo impactados diante da diminuição do volume de bolsas de sangue.
"A oferta de sangue está sofrendo uma queda bem expressiva, cerca de 80% a menos de doadores, o que gera uma deficiência no atendimento às demandas dos hospitais, que seguem as mesmas, independentemente da pandemia", revela a coordenadora de captação do Hemocentro do Rio Grande do Sul (Hemorgs), a assistente social Gesiane Almansa.
Segundo ela, a Organização das Nações Unidas (ONU) preconiza que 3% a 5% da população devem ser doadores de sangue. No Brasil, para se ter uma ideia, esse índice não ultrapassa 1,6% de voluntários. A situação no Rio Grande do Sul é um pouco melhor, comenta Gesiane, com cerca de 2,4% de doadores, mas ainda abaixo da média ideal.
Ela comenta que não houve aumento de demanda específica em função dos tratamentos da Covid-19, mas que os estoques atendem principalmente aos casos de urgência e emergência, além da continuidade de tratamentos a pacientes com doenças hematológicas, câncer ou outras enfermidades que necessitem de transfusão de sangue. 
"Esses atendimentos, na plenitude, estão sofrendo escassez. E isso tem sido mais frequente nos últimos dois meses", informa.
A doação e o processamento do sangue são fundamentais para garantir a disponibilização de componentes sanguíneos para os pacientes que necessitam de transfusão, como vítimas de acidentes ou em outras situações clínicas. Em todo o Estado, estão sendo solicitadas doações de qualquer tipo sanguíneo, mas principalmente  de O negativo, que é o doador universal, ou seja, pode ser recebido por pessoas de qualquer tipo sanguíneo.
A coordenadora destaca que, embora já ocorresse diminuição gradual no número de doações desde o ano passado, esse primeiro semestre de 2021 foi o que registrou queda mais acentuada nas coletas de sangue. Para se ter uma ideia, na sexta-feira (11), dia em que houve um mutirão de doações, foram coletadas 80 bolsas de sangue, 40 a menos do que a média diária necessária, que é de 120 bolsas.
Nos piores meses de doações, o Hemorgs registrou na Capital apenas 40 bolsas por dia, realidade não muito diferente do que vem ocorrendo nos hemocentros do Interior. Essa quantidade, por exemplo, seria insuficiente para atender com pelo menos um bolsa aos mais de 40 hospitais abastecidos pelo Hemocentro de Porto Alegre.
Ela acredita que o medo de contaminação pelo novo coronavírus seja a principal causa do afastamento dos doadores dos hemocentros, e esclarece que todos os cuidados mantidos no ambiente dos hemocentros foram ainda reforçados em função da crise sanitária, o que não é motivo para insegurança dos doadores
"Nossos ambientes são totalmente seguros, higienizados constantemente e com distanciamento interpessoal. As coletas têm sido feitas por agendamento, para evitar aglomerações, e só aceitamos doadores sem sintomas gripais e, claro, sempre de máscara. Cuidados não faltam, o que nos falta é a matéria prima, que é o sangue", reforça.
Pessoas que já tiveram Covid-19 devem guardar pelo menos 30 dias depois da completa recuperação para fazerem a doação. Já quem apresente sintomas gripais deve aguardar sete dias para a doação.

O que é preciso para ser doador:

  • Estar em boas condições de saúde.
  • Apresentar documento oficial de identidade com foto.
  • Ter entre 16 e 69 anos (menores de 18 anos devem estar acompanhados pelos pais ou responsável legal).
  • Pesar no mínimo 50 kg com desconto de vestimentas.
  • Ter limite de idade de 60 anos para a primeira doação.
  • Não estar em jejum e evitar alimentação gordurosa.
  • Ter dormido pelo menos 6 horas antes da doação.
  • Não ter ingerido bebidas alcoólicas nas 12 horas anteriores à doação.
  • Não fumar pelo menos duas horas antes da doação.

Impedimentos temporários para doação:

  • Estar com gripe ou febre.
  • Ser gestante ou mãe que amamenta bebê com menos de 12 meses.
  • Ter passado por aborto até 90 dias ou parto normal e até 180 dias após cesariana.
  • Ter feito tatuagem ou acupuntura nos últimos 12 meses.
  • Ter sido exposto à situação de risco para HIV.
  • Ter herpes labial.
Pessoas infectadas pela Covid-19 devem guardar pelo menos 30 dias depois da completa recuperação.

Com estoques no vemelho, hospitais reforçam pedidos de doações à comunidade

Somente no HPS, em Porto Alegre, são usadas cerca de 170 bolsas de sangue por mês

Somente no HPS, em Porto Alegre, são usadas cerca de 170 bolsas de sangue por mês


JOÃO MATTOS/JC
Em Porto Alegre, um dos principais receptores das bolsas de sangue processadas no Hemocentro do Rio Grande do Sul (Hemorgs) é o Hospital de Pronto Socorro (HPS), que também registra baixo estoque de sangue em função da queda de doações. Na semana passada, a instituição chegou a lançar um comunicado solicitando doações de qualquer tipo sanguíneo, mas principalmente os do tipo O negativo.
De acordo com a diretora do HPS, Tatiana Dreyer, são usadas em média 170 bolsas de sangue por mês no hospital e, diariamente, recebidas de duas a três unidades delas diretamente do Hemorgs.
"O sangue e seus hemoderivados fazem toda a diferença na primeira hora do atendimento a um paciente com ferimento agudo ou em situação de trauma. Por isso, é fundamental que seja regulada a quantidade de doações", comenta a médica.
A coordenadora do Hemorgs, Gesiane Almansa, enfatiza ainda que uma simples doação pode beneficiar mais de quatro pessoas e, o principal, salvar vidas.
"Se cada gaúcho doasse uma vez ao ano, pelo menos, não precisaríamos lançar campanhas emergenciais de conscientização e teríamos os estoques adequados. É importante ter empatia e se colocar no lugar do outro", reforça Gesiane. 
Outra instituição em busca de doadores, o Hospital Universitário (HU) de Canoas usou a criatividade para atrair voluntários. Ofertando o sorteio de uma cesta de café da manhã, garantiu, no sábado (12), a adesão de 49 novos voluntários.
Embora reforce que o ato de doar deve ser voluntário e não estar condicionado a alguma forma de "pagamento", a médica Eliete Pereira, responsável pelo banco de sangue do HU, disse que iniciativa foi uma forma de buscar doadores.
Segundo ela, em mais de 20 anos de atividade, nunca havia registrado uma queda tão crítica nos serviços de captação de sangue. "É a crise mais séria que já enfrentei', comenta.

Campanha iluminará prédios da Capital para alertar sobre importância da doação

Como forma de incentivar a doação de sangue entre os gaúchos, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) lança nesta semana uma campanha para reforçar o Junho Vermelho, mês destinado à doação e em reconhecimento aos voluntários. Sob o slogan "A doação de sangue salva vidas. Mesmo com a pandemia, doe sangue. Seja um doador!", a mobilização irá iluminar de vermelho, a partir desta segunda-feira (14), prédios públicos e de instituições parceiras.
Receberão as luzes vermelhas os prédios da Assembleia Legislativa, o Centro Administrativo Fernando Ferrari (CAFF), o Estádio Beira Rio, Loja Lebes, Palácio Piratini, Câmara de Vereadores e Tribunal de Justiça. “O principal objetivo é chamar a atenção da população para a importância da doação e aumentar os estoques de sangue, reduzidos desde início do distanciamento social e da pandemia da Covid-19”, afirma a coordenadora do Hemorgs, Gesiane Almansa.
 Segundo ela, a campanha serve também para reforçar a necessidade da doação na época de baixas temperaturas no Estado. “Com o coronavírus, os estoques de todos os tipos sanguíneos, principalmente O- e O+, estão em baixa, e como não há substituto para o sangue, a população precisa colaborar de forma segura, se dirigindo ao Hemocentro para doação”.
Os doadores são recebidos por ordem de chegada dentro da capacidade de atendimento. Também está disponibilizado o agendamento prévio de horários pelo telefone (51) 3336-6755 ou pelo Whatsapp (51) 98405-4260. O Hemorgs está localizado na avenida Bento Gonçalves, 3.722, no bairro Partnon,em Porto Alegre.