“Um mundo mais inovador é, necessariamente, um mundo mais justo.” Com essa afirmação, Marcus Rossi, CEO e fundador da Gramado Summit, abriu o evento de lançamento da edição 2026, realizado nesta quarta-feira (3), no Instituto Caldeira, em Porto Alegre. A conferência, correalizada pelo governo do Rio Grande do Sul, chega ao nono ano com o propósito de ser a maior e mais ousada já realizada, apresentando o tema Make It Human, que propõe recentralizar o humano em meio ao avanço acelerado das tecnologias e da Inteligência Artificial.
O encontro reuniu um público de diversas cidades do Estado, além de contar com a presença do secretário de Inovação de Porto Alegre, Luiz Carlos Pinto, da secretária de Inovação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Simone Stülp, do divulgador científico Sérgio Sacani, além de empreendedores, gestores públicos e profissionais do ecossistema de inovação.
Em entrevista exclusiva ao GeraçãoE, Marcus Rossi, CEO da Gramado Summit, destacou que o evento possui uma abordagem vanguardista, buscando discutir o papel central do ser humano em um mundo de transformação tecnológica exponencial, em vez de se limitar apenas a temas como Inteligência Artificial, tendência nos eventos do mesmo estilo. “Nessa transformação, querendo ou não, estamos pensando no que vai ser da minha, da tua, da nossa vida. Já tivemos uma discussão parecida no século XVIII, quando, na Revolução Industrial, foi necessário repensar o papel do ser humano, a partir do momento em que robôs e máquinas começam a fazer o que a gente faz de uma forma mais eficiente”, observa.
Rossi acredita que tudo que é criado e pensado em um ecossistema de inovação, no fim, é voltado para o ser humano. “Como deixar a nossa vida mais fácil, mais ágil, mais eficiente. E a discussão que propomos é justamente essa, que, independente do avanço da Inteligência Artificial, a gente traga o outro lado da discussão, que é qual o nosso papel nesse mundo que se transforma cada vez mais rápido?”, explica.
De acordo com o CEO, a escolha estratégica da cidade turística de Gramado é vista como um diferencial, pois permite que o networking se estenda para além dos pavilhões, além de evitar alguns problemas logísticos típicos de grandes capitais.
“Meu maior sonho é que a Gramado Summit se torne mais relevante do que o principal evento de entretenimento de Gramado. Acredito muito nisso, porque, apesar de ser um evento de negócios, é um tema que é de curiosidade de absolutamente todas as pessoas”, enfatizou.
O CEO também compartilhou o senso de responsabilidade que foi criado com o município ao longo de quase uma década de projeto, reconhecendo o desenvolvimento da principal matriz econômica da cidade, o turismo, através dos encontros anuais. “Hoje, 95% da economia de Gramado vem do turismo. Quando tem um evento como a Gramado Summit, com duração média de três dias, é perceptível o quanto a gente devolve na prática para a comunidade”, destacou. O último levantamento realizado pela organização do evento apontou que só em 2024 a Gramado Summit gerou R$ 60 milhões para a cidade e, no ano seguinte, em 2025, o evento deixou R$ 100 milhões. “São mais de 20 mil pessoas saindo de diversos lugares do Brasil e vindo para Gramado”, refletiu.
Entre os palestrantes já confirmados estão Gustavo Zerbino, Breno Masi, Michel Alcoforado, Sérgio Sacani, Maria Homem, Jackeline Salomão e Pedro Zanonni, além da ampliação das curadorias e de um palco inteiramente dedicado à Inteligência Artificial em parceria com o AI Brasil.
A secretária do Estado, Simone Stülp, iniciou sua participação trazendo uma reflexão urgente sobre os casos alarmantes e recentes de feminicídio no RS. “Eu não poderia perder a oportunidade de trazer essa discussão para um público tão diverso. Acredito muito na inovação como uma ferramenta para enfrentarmos desafios como este”, afirmou. Simone ressaltou que educação e inovação são meios para transformar realidades e construir um ambiente onde mulheres possam ser o que desejarem, sem medo. Simone ainda provocou homens e mulheres presentes a se engajarem no combate à violência e projetou um desejo: que, no lançamento do South Summit 2027, o Estado possa enfim celebrar a queda drástica desses índices.
Após a reflexão, a secretária retomou a pauta central do evento, reforçando o compromisso institucional com a Gramado Summit. Lembrou que o governo é correalizador desde 2023 e destacou a relevância dos eventos de inovação para fortalecer os ecossistemas regionais, atrair investimentos e impulsionar a competitividade do Rio Grande do Sul. “A força desses encontros é inquestionável na dinâmica de inovação que queremos construir”, concluiu.
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Durante o painel, Rossi destacou que, em 2017, o evento contou com cerca de 70 pessoas no seu principal painel e celebrou que o evento que, na primeira edição, contava com cerca de 600 pessoas, no ano passado reuniu um público de 20 mil pessoas. “Gosto muito da ideia de eventos internacionais que colocam o Brasil na rota dos grandes eventos de inovação mundial. No entanto, acho tão bonito quando equilibramos essa balança e permitimos que uma empresa gaúcha, brasileira, ganhe o mundo e não saia da sua cidade, do seu estado, porque eu, pelo menos, não conheço nenhuma que prosperou com seus indo embora”, observou.

