“A história da minha família é a típica história da imigração italiana”, observa Eduardo Tocchetto, empreendedor à frente da Vita Eterna, vinícola criada em 2017 localizada em Pinto Bandeira. Reconhecidos com o prêmio de Vinícola do Ano em 2024 pelo guia Descorchados, maior guia de vinhos da América Latina, a Vita foi criada em homenagem ao nono Narciso Jose Tocchetto, avô de Eduardo, falecido no mesmo ano de criação da Vita Eterna.
A Vita Eterna ocupa a mesma terra que abrigou a primeira vinícola da família, a Pompeia, que nos anos 1980 chegou a ser uma das maiores do Brasil. “Eram muitos litros produzidos, mas era outra filosofia. Era muita quantidade e pouca qualidade, porque era o que o setor de vitivinícola brasileiro podia fazer, com as uvas e tecnologias que tinham disponíveis”, esclarece Eduardo.
Inicialmente, o foco da família, natural de Montebelluna, uma comuna italiana da região do Vêneto, era a sobrevivência. Com o tempo, houve divergências familiares, fazendo com que o avô de Eduardo deixasse o negócio, dedicando-se a outros setores como madeira e calçado, nos quais a família ainda tem negócios. A vinícola permaneceu com os primos e tios de Eduardo, mas acabou falindo por volta dos anos 2000.
“Em 2017, resolvemos voltar à parte de vinificação, porque era um amor do meu avô. Eu e meu pai decidimos fazer isso, como uma forma de homenagear ele, por isso o nome Vita Eterna”, explica o empreendedor.
Com uma proposta totalmente diferente em relação ao primeiro negócio da família, a Vita Eterna foca na qualidade de produção dos rótulos e não necessariamente em uma produção de larga escala. A família já possuía os vinhedos e a propriedade em Pinto Bandeira, e o foco foi em modificar tudo para um cultivo de alto padrão. O início tímido da nova vinícola teve alguns desafios, como a inserção no mercado local. De acordo com Eduardo, isso se deu por alguns fatores, inclusive, pelo fato da Vita Eterna ter como rótulos principais espumantes, vinhos brancos e rosés.
O projeto, que iniciou como uma homenagem, rapidamente ganhou tração e diversos prêmios, transformando-se em um negócio consolidado. A mudança ocorreu, principalmente, após serem reconhecidos com o prêmio Descorchados. De acordo com Eduardo, a vinícola vendia cerca de 5 mil garrafas ao mês. Depois, esse número ultrapassou 30 mil garrafas.
“Para uma vinícola não é muita coisa, mas foi uma diferença brutal. Acredito que o reconhecimento tenha influenciado muito nesse crescimento, mas também foi o resultado de todo um trabalho realizado por aqui, um projeto artesanal feito por uma família que queria manter a herança do nono viva”, destaca o empreendedor.
Eduardo comenta que o principal público da Vita Eterna está concentrado no Sudeste do Brasil, com São Paulo e Rio de Janeiro representando 80% das vendas totais. O empreendedor também destaca que, apesar da vinícola estar localizada em um dos estados que mais consome vinhos no País, a cultura local privilegia o vinho tinto encorpado, que não é o foco do negócio.
Segundo o empreendedor, um dos principais desafios da Vita Eterna, atualmente, é a questão logística. “Encontrar parceiros para fazer essa distribuição no Brasil, que é um país continental, é uma das nossas maiores dificuldades.”
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A Vita Eterna conta com 10 parceiros em Porto Alegre que comercializam os rótulos. Além disso, a vinícola tem um e-commerce. São 13 rótulos disponíveis entre espumantes e vinhos brancos, rosés, laranja e tinto. Entre os destaques, está o espumante Nature, reconhecido como melhor espumante de Pinto Bandeira pelo Guia Descorchados 2025; além do Vinho Rosé Renoir, reconhecido como vinho revelação pelo mesmo prêmio em 2024.
Mudança de carreira
Formado em economia, aos 23 anos Eduardo já esteve à frente de uma fintech. Ao lado de dois sócios, ele comandou uma startup que realizava transações financeiras, que foi posteriormente adquirida por um banco, o que resultou em um grande crescimento e muitos investimentos externos, inclusive de fundos que investem em empresas como Facebook, Google e Nubank.
A mudança de carreira se deu por alguns motivos, como conflitos éticos em relação ao mercado financeiro. Apesar de ser um ramo rentável, o empreendedor não se via exercendo a função pelo resto da vida. Além disso, Eduardo sempre foi muito ligado à família; a decisão de voltar para Caxias do Sul e iniciar o projeto da Vita Eterna foi um tributo ao amor do avô pela vinificação.
“Eu já sabia que não trabalharia para sempre nesse meio. E o meu avô foi meio que meu segundo pai, então foi tudo se encaixando para voltar para Caxias e iniciar esse projeto”, observa.

