Fundada em 2015, a Appmax é uma plataforma de vendas online que nasceu com um propósito de aumentar a taxa de aprovação de pagamentos e, consequentemente, impulsionar o faturamento dos negócios e-commerce. Desde os primeiros passos, os irmãos Betina e Marcos Wecker, idealizadores da marca, perceberam uma lacuna significativa nas soluções tradicionais de pagamento. A maioria focava apenas na otimização de processos e redução de riscos, sem olhar para as vendas reprovadas e o impacto que isso gera nas operações dos clientes.
Nos primeiros três anos de atuação, a plataforma processou mais de um milhão de pedidos, focando na maximização da conversão de vendas. A abertura ao público geral ocorreu em junho de 2018,e, desde então, a Appmax se consolidou oferecendo um ecossistema completo de soluções, que inclui recuperação de vendas, checkout inteligente, links de pagamento, serviços de pagamento e PaaS.
Inicialmente concebida como uma ferramenta de prevenção a fraudes, a empresa evoluiu ao compreender que muitos dos pagamentos negados pelos bancos eram, na verdade, transações legítimas. “O banco negava cerca de 30% das vendas, mas, ao analisarmos esses dados, vimos que 15% eram vendas reais que poderiam ser recuperadas”, conta Evelyn Torezone, diretora de IA, dados e risco da Appmax.
As ferramentas tradicionais, segundo Evelyn, seguiam um modelo engessado de comunicação com o consumidor, o que, segundo ela, podia gerar ruídos e desconfiança. “Receber um WhatsApp pedindo para finalizar uma compraque você já fez é um tipo deatrito que prejudica a relaçãocom a marca”, afirma. A partir dessa observação, a Appmax desenvolveu uma Inteligência Artificial generativa capaz de filtrar os carrinhos abandonados e personalizar a abordagem de recuperação com base em dados de comportamento de compra, perfil e histórico do consumidor. “Criamos uma IA que entende se aquela tentativa de compra é compatível com o comportamento do consumidor, se ele já comprou antes, se é o tipo de produto que ele consome, se ele só costuma comprar no fim do mês, tudo isso para não incomodar o cliente à toa”, explica.
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Segundo ela, metade dos carrinhos não deve sequer ser acionada naquele momento. “Geralmente, a pessoa não vai comprar ou é a mesma pessoa abandonando várias vezes”, aponta. A partir dessa triagem, a empresa aplica uma IA que calcula a propensão de compra e realiza o disparo apenas quando a chance de conversão é real. Enquanto o mercado gira em torno de 3% a 4% de recuperação, a Appmax não trabalha com menos de 10%.
Com o passar do tempo, a empresa percebeu que apenas disparar a mensagem com o link do carrinho não bastava. Muitos consumidores tinham dúvidas que impediam a finalização da compra e não havia resposta. “Implementamos então um pipeline com modelos de linguagem (LLMs), onde cada carrinho vira um estudo. Um modelo entende o carrinho e o produto, outro traduz as especificações técnicas, e o terceiro, focado em vendas, constrói o argumento ideal para aquele consumidor específico.” Esse processo gera diálogos mais ricos e personalizados, como exemplifica Evelyn. “O cliente pergunta sobre a especificação de um fone de ouvido, ou quer saber sobre avaliações. Respondemos deforma humanizada e assertiva. E o mais interessante, muitos voltam para agradecer. ‘Já chegou minha sandália, adorei!’, e a IA responde com empatia, criando uma experiência que fideliza”, afirma.
Esse relacionamento contínuo ajuda não apenas a vender, mas a manter clientes e reduzir o custo de aquisição. “Com o cenário competitivo atual, é essencial manter a base ativa e satisfeita. A IA ajuda nisso deforma inteligente, mesmo para pequenos negócios.”
A executiva ressalta que, embora o termo Inteligência Artificial esteja em alta, muitos pequenos empreendedores ainda têm dificuldade de entender como aplicá-la. “Acham que precisam de uma infraestrutura robusta e cara. Mas com a Appmax, a IA já está a serviço deles, pronta para ser usada sem complicação.”
Outro diferencial é o uso de dados integrados. Como a Appmax é também processadora de pagamentos, ela centraliza informações que, em outros modelos, estariam espalhadas entre gateways, CRMs, sistemas antifraude e ferramentas de recuperação. “Com essa visão 360°, conseguimos saber quem é o consumidor, se ele já tentou pagar, se a transação é suspeita e evitar retrabalho e riscos para nossos parceiros.”
De acordo com a executiva, a abordagem é especialmente útil para os pequenos e médios empreendedores, que representam a maioria da base da Appmax. “Temos grandes clientes, claro, mas o volume vemdos pequenos. São negócios que muitas vezes têm o dono cuidando de tudo, e precisam de soluções automatizadas e eficazes”, afirma.
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Sobre os desafios de comunicação com diferentes públicos, Evelyn destaca que cada faixa etária exige uma abordagem distinta. “O público de 25 a 45 anos tem rotina corrida, então o desafio é pegar o timing certo. Já os jovens querem agilidade e pouca fricção. E os mais velhos, que às vezes têm menos familiaridade com o digital, precisam de confiança, explicações claras e, muitas vezes, de uma compra assistida”, observa.
Essa compreensão das nuances do consumidor também orienta a atuação por categoria de produto. “Temos clientes que vendem creatina em goma e outros que vendem meias terapêuticas. A linguagem muda completamente. Um exige imediatismo, o outro, paciência e detalhamento. Temos que adaptar o discurso a cada perfil.”
Recentemente, a Appmax lançou seu banco digital, o Max, com foco na praticidade. A ideia é que a IA facilite tarefas bancárias do dia a dia, como transferências e pagamentos, sem a necessidade de navegar por interfaces complexas. “Você só precisa mandar um áudio pelo WhatsApp, e a IA faz o Pix para você. É ideal para quem não tem tempo e também para quem tem pouca familiaridade com tecnologia”, conta Evelyn.
Segundo ela, a adesão tem sido alta, especialmente entre os jovens. Já entre o público mais velho, o uso da IA também quebra barreiras. “Minha tia, no interior, não consegue lidar com aplicativos complicados, mas consegue mandar um áudio pedindo um Pix.” O banco digital pretende beneficiar empreendedores. “Eles conseguem centralizar recebimentos, fazer pagamentos em lote e melhorar o fluxo de caixa com agilidade”, explica

