O levantamento O Consumidor Gaúcho foi desenvolvido pelo Jornal do Comércio em parceria com a Escola de Negócios da Pucrs e com o Omni-X - hub de inovação na Experiência de Consumo Omnichannel - instalado no ecossistema do Tecnopuc. A pesquisa, divulgada ontem no caderno especial do Dia do Comércio, traçou um panorama sobre o consumo dos gaúchos. Hoje, o GeraçãoE apresenta um recorte dedicado aos consumidores até 40 anos, analisando as especificidades do público mais jovem.
O estudo foi coordenado pelos professores Stefânia Ordovás de Almeida, Clécio Araújo e Vinícius Sittoni Brasil. O recorte específico da faixa etária de até 40 anos somou 135 respondentes, representando um subamostra da pesquisa mais abrangente realizada com 515 pessoas. O questionário foi aplicado durante o mês de junho via link distribuído pelo Jornal do Comércio e pela Escola de Negócios.
Entre os destaques da pesquisa, está a preferência dos consumidores mais jovens pelas compras online, preferência de 60,7% da amostra. Conforme Vinícius, um dos pesquisadores à frente do estudo, chama atenção, ainda, o baixo percentual de respondentes que não compram online - apenas 2%. "Temos uma preferência por compra online nesse recorte, enquanto o recorte geral [publicado pelo Jornal do Comércio] está um pouco mais equilibrado, mas há uma preferência por loja física. Isso não é nenhuma surpresa, porque sabemos que, quanto mais jovem, maior a propensão à compra online. Mas temos dentro desse público em torno de 40% que preferem a loja física. Em termos de frequência de compra online, apenas 2% dizem que não compram online. Independente da preferência do local de compra, praticamente todos têm uma relação com o mundo digital, o que reforço a importância, do ponto de vista do varejista, de estar atento", indica Vinícius sobre o uso dos dois meios na hora da compra, insight que deve estar no radar dos empreendedores. "A nossa pesquisa sinaliza que 76% dos respondentes utilizam mais de um canal ao longo de sua jornada, para pegar informações, comprar, avaliar produtos. Temos um resultado que mostra que, mais que a lógica phygital, temos realmente uma fluidez entre diferentes canais por parte dos consumidores de todas as idades", ressalta.
Nas compras online, os marketplaces ganham a preferência dos jovens gaúchos com vantagem, totalizando 65,2% das respostas. Os sites das lojas (20,5%) e os aplicativos (14,4%) ocupam as próximas posições nos locais de compra.
O crescente uso da Inteligência Artificial também tem impacto na hora de consumir. "A IA começa a ter um papel um pouco mais consistente, e, por vezes, é uma participação um tanto quanto oculta, no sentido de que, muitas vezes, o cliente não está utilizando ativamente esse processo, o que chamamos de cliente Google. Ele está atrás de um produto usando o Google e, por trás, tem um mecanismo que está aprendendo com esses processos de pesquisa do cliente e, por consequência, fazendo sugestões e trazendo informações relevantes conforme o perfil. Ainda que na pesquisa, essas questões ligadas à indicação de produtos e à comparação de produto não foram as mais citadas para uso da IA", pondera o professor.
Conforme o levantamento, no recorte com amostra até 40 anos, 71,1% dos consumidores afirmaram que usam regularmente ferramentas de Inteligência Artificial, como Chat GPT, Gemini, entre outros. Além do uso para temas gerais e curiosidades (16,6%), as situações de uso de IA mais frequentes são para auxiliar em atividades profissionais (15,4%) e orientações sobre saúde e bem-estar (13,3%). "Os mais jovens são os que mais consomem essas orientações de saúde e bem-estar. Quando falamos nessas orientações, temos uma gama bastante grande. Pode ser desde aquele aplicativo simples baseado em Inteligência Artificial que vai monitorando o consumo de água no dia, até obviamente uma busca de informações mais complexa e, por natureza, um pouco mais arriscada", alerta o especialista sobre o uso dessas ferramentas para autodiagnóstico e apoio emocional. "Na mostra geral, esse uso para orientações de saúde ficou em torno de 7%, e, nesse recorte até 40 anos, subimos 13%. É um braço de uso da IA em busca de uma vida mais saudável ou algum apoio em termos de saúde que tem crescido. E traz com isso benefícios e alguns riscos, porque sabemos que a IA não tem precisão para orientar sobre algumas questões ligadas a diagnósticos mais complexos. É a função de um profissional. Mas essa função para lembretes, de ser um assistente para tentar estabelecer uma vida mais saudável, tem num público jovem encontrado um espaço bastante presente."
Já o uso de IA como assistente de compras registrou números menos expressivos no levantamento, mesmo que 64,4% dos respondentes tenha afirmado que já interagiu com assistentes virtuais em uma jornada de compra. "As médias foram baixas no atendimento via Inteligência Artificial realmente, nenhuma delas ultrapassa o ponto intermediário, 3,1 foram as mais altas", pontua sobres os destaques de atendimento mediado por IA. Facilitar a busca por informações, fornecer informações bem organizadas e um atendimento que não trava após a inserção das informações registraram as maiores médias pelos consumidores (3,1). "As principais qualidades, mesmo assumindo as médicas intermediárias, foram IA organizar as informações e facilitar o acesso a essas informações. De toda forma, isso é convergente com uma visão que nós temos neste momento de que a IA apoia muito em tarefas que são mais corriqueiras, como uma segunda via, uma data de pagamento, em que basicamente o cliente quer uma informação", ressalta.

