O sistema de franquias é a apostas de marcas consolidadas no mercado gaúcho para expandir atuação

Tradicionais redes calçadistas do RS focam em expansão nacional e no exterior


O sistema de franquias é a apostas de marcas consolidadas no mercado gaúcho para expandir atuação

Mais de um ano após as enchentes que atingiram o Estado, a indústria calçadista do Rio Grande do Sul passa por um momento de reestruturação e expansão. Segundo pesquisa da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), entre janeiro e maio de 2025, o Rio Grande do Sul criou 1,38 mil postos de trabalho e totalizou 82,3 mil pessoas empregadas no setor. No comércio exterior, as fábricas gaúchas responderam por cerca de metade das exportações do segmento no primeiro trimestre, movimentando US$ 146,4 milhões, conforme levantamento do Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG) do Estado.
Mais de um ano após as enchentes que atingiram o Estado, a indústria calçadista do Rio Grande do Sul passa por um momento de reestruturação e expansão. Segundo pesquisa da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), entre janeiro e maio de 2025, o Rio Grande do Sul criou 1,38 mil postos de trabalho e totalizou 82,3 mil pessoas empregadas no setor. No comércio exterior, as fábricas gaúchas responderam por cerca de metade das exportações do segmento no primeiro trimestre, movimentando US$ 146,4 milhões, conforme levantamento do Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG) do Estado.
Nesse cenário, redes gaúchas lançam estratégias de expansão para fortalecer operações nacionais e internacionais. A tradicional Usaflex, fundada em 1998 na cidade de Igrejinha, conta com 348 lojas no País e planeja encerrar o ano com 380. Segundo o CEO da rede, Sergio Bocayuva, a estratégia da empresa inclui três modelos principais de franquia, as lojas premium, standard e light, além de operações em quiosques, contêineres e, mais recentemente, os outlets.
A expansão internacional da Usaflex acontece de forma acelerada, garante Bocayuva. Atualmente, a empresa conta com 50 lojas em 14 países, com maior presença na América Latina e Oriente Médio. "Quando comprei a companhia, em 2016, a participação [internacional] era de 2%. Hoje está próxima de 10%. As lojas começaram a ser abertas em 2019/2020, e a gente vem tendo um crescimento bem robusto lá fora", afirma.
Na Guatemala, onde a marca já opera com duas unidades, há potencial para chegar a mais de 30 pontos, comenta o CEO, que viajou recentemente para o país a negócios. A rede também está iniciando a entrada no mercado argentino e analisa oportunidades em países europeus, como Espanha e Portugal.
Mas Bocayuva reforça que, para um bom resultado e crescimento sustentável, é essencial realizar a entrada em um novo país com o parceiro certo. "Só abrimos com grandes lojistas multimarcas ou grandes distribuidores locais, porque eles já conhecem a cultura do país. É muito importante você conhecer a cultura, senão você vai ser um forasteiro", considera.
A empresa também busca novas frentes para atingir um público mais jovem, como a criação da linha Puff, criada para mulheres de 20 a 35 anos, e o investimento recorrente no varejo digital. Atualmente, a Usaflex tem lojas com até 30% das vendas ligadas a canais online, com ferramentas como ship-from-store e pick-up-store.
Com 76 anos de história, a Bibi Calçados também segue ampliando sua presença no mercado nacional. Hoje, são 150 lojas espalhadas pelo Brasil e projeção de abrir mais 17 em diferentes estados até o fim deste ano, com foco maior no interior de São Paulo e na região Norte.
Parte da estratégia de fortalecimento da marca, a Bibi reinaugurou uma unidade que já tinha há 17 anos na Serra Gaúcha, no município de Parobé, agora projetada para ser uma loja-conceito voltada à experiência do consumidor. Segundo a CEO da rede, Andrea Kohlrausch, o espaço é pensado especialmente para famílias e crianças, e impulsionou em 80% as vendas no primeiro mês de funcionamento após as reformas.
No mercado internacional, a Bibi já exporta calçados para mais de 60 países desde a década de 1970, movimento que abriu as portas para a abertura de lojas físicas em novos territórios, acredita Andrea. Hoje, existem 22 unidades da rede em cinco países, e o objetivo é ampliar esse número para 100 nos próximos cinco anos. No último ano, a empresa iniciou processo de exportação para Angola, e considera a abertura de uma loja física na África em breve.

Resiliência é fator essencial para os bons números no RS, avalia ABF

De acordo com dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF), as franquias no Estado registraram um aumento de 10,4% no faturamento no primeiro trimestre de 2025 em relação ao mesmo período do ano anterior. No mesmo intervalo, foram abertas quase 400 novas unidades franqueadas. "Já no ano passado, nós vimos uma recuperação forte acontecendo. Isso se deve muito à resiliência do povo gaúcho. Os franqueadores apoiaram muito os seus franqueados, com medidas como suspensão temporária de royalties e outras ações de suporte financeiro", afirma André Belz, diretor da regional Sul da ABF. Ele também destaca que os bons números no setor de hotelaria e turismo, que cresceu 17,7% no primeiro trimestre de 2025, impacta diretamente todos os outros setores. "Quando você tem a hotelaria e o turismo funcionando, isso respinga em toda uma cadeia. Alimentação, comércio, serviços. É uma estrutura que se retroalimenta. E o Sul cresce acima da média nacional. Há infraestrutura, poder aquisitivo e vocação turística. Isso cria um ambiente positivo para marcas estruturadas ampliarem sua atuação, dentro e fora do País", destaca.