O Bar Do Vanderley é um verdadeiro negócio raiz da Zona Norte de Porto Alegre. Operando desde 1969, o negócio é, hoje, comandado pelas irmãs Camila e Carolina Fazolin, que têm como propósito manter vivo o legado do pai, José Vanderley Fazolin. Hoje, o espaço funciona como buffet para marmitas e padaria à tarde, além das atrações sazonais, como o buffet de sopas no inverno que acontece todas as sextas-feiras.
Camila conta que o negócio começou há 56 anos com seu avô. "Eles eram de Marau. Meu avô se mudou de lá com a família toda. Depois de três anos, meu avô faleceu e aí quem assumiu os negócios foi o meu pai, que tinha 18 anos na época, e duas tias minhas, junto com a minha avó", conta Camila. O ponto original do negócio ficava na esquina em frente à rua Cel. Feijó, nº 289, onde opera hoje. "A gente ficou 23 anos ali na esquina. Meu pai acabou construindo a freguesia dele, ele era muito simpático, muito bondoso, um gringo raiz. Vendendo frango na esquina, ele construiu esse prédio", lembra Camila sobre a mudança que aconteceu em 1992. "Ele sempre foi muito visionário dentro das possibilidades."
Buffet de marmitas e de sopas
Foi nessa época que começou o sistema de buffet no negócio, que sempre foi pensado para as pessoas servirem a marmita para levar para casa. Até hoje, cada item tem um custo diferente, pois a ideia é que o cliente leve as porções de cada prato. "A pessoa leva separadinho assim, bem estilo marmita. Quando é para família inteira, que é a maior parte do nosso tipo de cliente, é uma marmita de feijão, uma marmita de arroz. Ele abre, coloca na mesa e todo mundo da família come", explica Carolina sobre a dinâmica do carro-chefe do negócio. "Temos muitos colégios em volta. O pessoal que está na corrida para pegar os filhos, não quer parar em casa, cozinhar, lavar louça, para aqui e pega o almoço, a janta, chega em casa, abre e cada um faz o seu pratinho. É o nosso carro-chefe, nosso diferencial dos outros lugares", acredita Camila.
Depois das 14h30min, o buffet é retirado para dar lugar a doces, salgados e itens de padaria, que vão de pães a quitutes como quindim. "Tem croissant, pão caseiro, arroz de leite, canjica, tudo que a gente vê e fica inspirado", conta Camila sobre o cardápio variado. A operação também aposta em itens sazonais. No verão, o negócio realiza o festival do pastel, já agora, durante o inverno, o acontece o festival de sopas que consiste em um buffet com oito variedades que é servido das 16h30min às 20h. O valor é R$ 30,00 para o buffet livre, e há a possibilidade de levar para casa. O custo do pode te 500 ml é R$ 20,00, enquanto o de 250 ml sai por R$ 10,00. "Não pode faltar caldinho de feijão. Temos capeletti, creme de ervilha, creme de aipim com bacon, legumes, creme de moranga com curry", enumera Camila sobre alguns dos sabores que compõem o buffet das sextas-feiras. Nos outros dias, as sopas, caldos e cremes são vendidas para levar para casa.
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Além do buffet de sopas, o Bar do Vanderley também tem caldos e cremes para levar
Nathan Lemos/JC
Fidelidade dos clientes é chave para um Negócio Raiz
Há 56 anos de portas abertas, as irmãs celebram a clientela fiel que acompanha o negócio ao longo dos anos, apoiando as mudanças e transformações. "Me sinto realizada no que faço. Isso é construído ao longo do tempo. Às vezes, as pessoas acham que é da noite para dia que a gente consegue uma clientela, que a gente constrói uma comunidade, mas na verdade é a persistência de todo dia estar ali, fazendo o simples bem feito", define Camil. A trajetória do negócio mantém a essência do pai das empreendedoras, que faleceu durante a pandemia em razão de um câncer. "Me sinto realizada, porque uma das grandes coisas a gente consegue é manter o nosso pai sempre vivo aqui através das pessoas que, às vezes, vêm de muito longe, que ficam um ano sem vir, e falam: "vim só para dizer que era muito amigo do teu pai". Coisas que a gente nem sabe do nosso pai e fez uma muita diferença na vida da das pessoas. E gostamos do que fazemos. Servir é um ato de amor", emociona-se Carolina.

O negócio fica na rua Cel. Feijo, nº 289, no bairro Higienópolis
Nathan Lemos/JC
As empreendedoras destacam que, apesar do desejo de aprimorar pontos do negócio, o importante na hora de empreender é começar, lição que aprenderam com o pai. "Não espera estar perfeito, pronto. A gente queria mudar isso, mudar aquilo, mas quando precisamos fazer, nunca pensamos assim. Fazemos com o que a gente tem. E o pessoal sempre comprou. Óbvio que a gente tem um sonho de transformar isso aqui. Estamos trabalhando para isso. Mas o principal que é os clientes nos acompanham. Esse é o nosso maior presente assim", afirma Camila.