Com foco na sustentabilidade, a Le Cork produz, desde 2022, sandálias com solado de cortiça. Fundada por João Henrique Tucci e Guilherme Chacra Villela, a marca de Igrejinha importa a matéria-prima de Portugal para produzir os calçados. As sandálias contam com versões em couro e também com uma linha vegana, criada a partir da demanda dos consumidores.
João explica que a ideia de produzir as sandálias surgiu a partir de uma percepção em relação ao mercado nacional de calçados. "O mercado brasileiro carecia de uma sandália com design atemporal, conforto real e compromisso ambiental. Encontramos na cortiça portuguesa o insumo ideal para isso - leve, sustentável e com memória elástica natural", explica sobre a escolha da insumo base das sandálias. "A cortiça portuguesa é reconhecida mundialmente pela sua qualidade e sustentabilidade", completa.
O processo de extração da cortiça nos sobreiros é feita entre 7 e 9 anos. O empreendedor destaca que importar o material, apesar dos desafios, é uma escolha que tem como objetivo para garantir a qualidade do produto. "Portugal é referência global nesse setor e garante uma matéria-prima de origem responsável, com certificações ambientais e práticas regenerativas", diz sobre a cortiça portuguesa, destacando que o processo é desafiador. "Trabalhar com insumos importados, como a cortiça vinda de Portugal, traz desafios logísticos e cambiais. É um equilíbrio constante entre manter o padrão de qualidade e garantir viabilidade econômica", pondera.
A indústria das sandálias fica em Igrejinha, cidade do Vale do Paranhana, uma das regiões que concentra produção de calçados no Estado. "O Rio Grande do Sul é berço da indústria calçadista brasileira. Isso nos dá acesso a uma cadeia produtiva experiente, mão de obra especializada e uma cultura que valoriza o fazer bem-feito. Igrejinha, com sua tradição calçadista, foi estratégica, mas ainda assim exigiu investimento em desenvolvimento de fornecedores, adaptação de processos e treinamento para trabalhar com um material tão nobre como a cortiça", pontua o empreendedor sobre a produção.
Em 2024, a marca registrou venda de 3,5 mil pares através de e-commerce. "Foi um crescimento expressivo em relação ao ano anterior. Esse número reflete tanto a boa receptividade do público quanto o amadurecimento da operação logística e comercial", acredita o empreendedor. Mesmo com raízes gaúchas, o principal mercado da Le Cork está no Sudeste do País, região que está no radar da marca para abertura da primeira loja física, que será em São Paulo. "Crescemos mais de 300% no primeiro trimestre de 2025 em comparação ao mesmo período de 2024, e esse crescimento acelerado nos levou a postergar a abertura da loja física para 2026, com o objetivo de estruturar uma cobertura de estoque mais robusta. A loja será um espaço de experiência e aprofundamento com a marca, e estamos nos preparando para que ela nasça com força e consistência", revela.
Um dos pilares da marca, garante João, é o foco na sustentabilidade. Uma das estratégias para cumprir essa missão é a durabilidade das sandálias. "Nosso foco está em criar produtos duráveis, que resistem ao tempo e ao uso intenso, justamente para quebrar o ciclo do consumo descartável", afirma o empreendedor. A produção da marca é artesanal, evitando um estoque amplo. "Adotamos uma lógica de produção enxuta, reduzindo estoques excessivos, otimizando a logística e utilizando embalagens recicláveis. Para aprofundar essa relação com o consumidor, planejamos lançar, junto com nossa primeira loja física em São Paulo, a Oficina Le Cork, um espaço dedicado à manutenção e revitalização das sandálias", projeta.

