Prestes a completar quatro décadas, a Biamar Malhas, de Farroupilha, é uma das referências no segmento gaúcho. O negócio familiar, criado em 1986, foi acompanhando as transformações e tendências de consumo para seguir competitivo no mercado. Suélen Biazoli, diretora de criatividade e comunicação e segunda geração à frente do negócio, acredita que o segredo para ser um Negócio Raiz está no respeito aos clientes.
A Biamar começou com os irmãos Devilda Marmentini Biazoli e Itacir Marmentini. Devilda era agricultora no interior de Farroupilha e decidiu ir para a cidade em busca de mais oportunidades. "O que ela sabia fazer era costurar. Aos poucos, começou a prestar serviços para as malharias que já existiam. Por causa da habilidade dela, uma lojista a incentivou para abrir a empresa", conta a filha da empreendedora, lembrando que a parceria da mãe com o tio foi fundamental para o negócio decolar. "Ela tinha a habilidade da criação, mas não tinha muito conhecimento sobre a questão administrativa. O meu tio, que é o irmão mais novo dela, já um pouco diferente, era técnico administrativo. Nessa época, ela construiu uma pequena coleção de produtos e essa lojista foi vender. De cara, foi um grande sucesso. A partir daí, eles registraram a empresa e começaram a crescer. Era na garagem da casa dos meus pais", conta.
Não demorou muito para que a Biamar deixasse a garagem e fosse para a rua Júlio de Castilhos, nº 2003. "Em 1989, meu pai, que era caminhoneiro, vendeu o caminhão para investir na empresa, que construiu seu primeiro prédio próprio. Nunca mudamos de endereço. Estamos no meio de um bairro residencial de Farroupilha, mas hoje são 23 mil m²", orgulha-se Suélen.
Não demorou muito para que a Biamar deixasse a garagem e fosse para a rua Júlio de Castilhos, nº 2003. "Em 1989, meu pai, que era caminhoneiro, vendeu o caminhão para investir na empresa, que construiu seu primeiro prédio próprio. Nunca mudamos de endereço. Estamos no meio de um bairro residencial de Farroupilha, mas hoje são 23 mil m²", orgulha-se Suélen.
A marca, hoje, aposta na venda para lojistas, que podem comprar as peças no espaço da Biamar. "Nosso grande foco é nos lojistas à pronta-entrega. Lojistas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná vêm aqui na empresa e, quase como um supermercado, pegam um carrinho e vão se servindo de peças do nosso showrrom", explica Suélen sobre o funcionamento da marca, que lança 10 coleções por ano. Além da venda B2B, o negócio também atende o consumidor final através do e-commerce da marca, mas não descarta, no futuro, ter uma loja própria. "Temos desejo e solicitação de muitos clientes finais da marca que gostariam de ter o ponto de venda próximo. Nosso produto é muito sensorial, o toque, o olfato. Então, acho que a experiência Biamar seria muito diferente se pudéssemos passar isso. Temos que entender onde seria o melhor lugar, temos muito análises e estudos. É uma coisa que não tiramos do nosso radar", revela.
As primeiras produções da Biamar, em 1986, foram de abrigos infantis. Como os acabamentos eram feitos em tricô, em 1990, a marca migrou para o que seria o seu diferencial: as malhas. "Adquiriu-se a máquina e começaram a entender a malharia retilínea. Foi um encanto a possibilidade de transformar o fio no produto que quisesse", relata.
Suélen conta que, mesmo com o foco na malharia, o negócio, recentemente, voltou a operar também como confecção. "Hoje, são 130 teares, é muito malharia, mas, com a pandemia, lançamos novamente a confecção, trouxemos de volta o tecido para dentro da empresa, e hoje temos uma parte bem significativa", conta.
Graduada em Moda, Suélen diz que a sua história se mistura com a da Biamar, o que, para ela, é motivo de orgulho. "Falar de Biamar é falar da minha vida", define sobre o negócio, que segue familiar. "Minha mãe atua como diretora em todas as decisões, mas o lugar que mais faz ela feliz é na máquina. Ela ainda é pilotista e é uma grande artista. Ela transforma qualquer pedaço de pano em produto e coordena toda a parte de desenvolvimento. Meu tio é o CEO da empresa, responde por todas as questões. Toda a família está aqui. Apesar de hoje a empresa ser grande, ela ainda é familiar", conta sobre o negócio.
Segunda geração à frente do negócio, Suélen pondera que empreender em família é desafiador, assim como conciliar os aspectos positivos de cada geração em prol do negócio. "A mudança geracional lida com coisas muito pessoais, a questão do envelhecimento, das mudanças de mercado. É um grande desafio mostrar que tudo que existe é graças aos esforços que foram feitos até aqui, mas que também é preciso evoluir e crescer ainda mais", reflete Suélen sobre a sucessão familiar.
Para a empreendedora, a troca entre gerações é uma oportunidade de aprendizado. "Temos a possibilidade de aprender com eles, aproveitando toda essa aptidão e disposição. Trabalhar junto requer muita humildade e muito respeito. Isso é o principal ponto de uma empresa familiar de tanto tempo que tem gerações se cruzando, com muitos desafios de mercado, de economia, de pessoas. A principal palavra é respeito. Honrar o que foi feito até aqui e entender como continuar prosperando", finaliza.
Com 39 anos de operação, a Biamar se prepara para a chegada das quatro décadas de olho nas mudanças de mercado, especialmente no perfil dos consumidores. "O nosso consumidor de 10 anos atrás ainda consome, mas muitos diferentes já estão consumindo. E o que eles querem? Então, é preciso estar atento aos movimentos geracionais, produtivos, sustentáveis", sugere a empreendedora que, para isso, circula por diferentes ambientes em busca de inspiração. "Tem que estar ligado no que está acontecendo no mundo. Voltei de viagem e estava em Milão, na semana de design, que é uma coisa de casa. Teoricamente, não tem nada a ver com a gente, mas é dali que tiramos inovação, processos. Trazer novas oportunidades e novos produtos é estar ligado no mundo, e não só na bolha têxtil."
Para o futuro, a Biamar prospecta expandir horizontes para fora da região Sul do País, além de manter a relevância frente às mudanças geracionais - questionamentos que estão na rotina da diretora de criatividade da marca. "Como vamos ter uma produção mais responsável conosco, com as próximas gerações, com o meio em que estamos? Como vamos nos reinventar todos os dias, porque hoje as coisas são muito rápidas e voláteis, e como vamos ser a Biamar sem perder os nossos valores, que são muito importantes. Acreditar nas próximas gerações e entender que o produto é algo importante na perspectiva de consumo - como fabricá-lo, entregá-lo e toda essa função de responsabilidade -, e estar antenado entregando qualidade e bom gosto", projeta Suélen.

