A Bubuyog realiza um matchmarketing, onde informações e dados de estoque são compartilhados e cruzados para mitigar a produção de resíduos

Conheça o 'tinder do aço', startup gaúcha que cruza informações sobre o excedente e a demanda de aço


A Bubuyog realiza um matchmarketing, onde informações e dados de estoque são compartilhados e cruzados para mitigar a produção de resíduos

Os resíduos sólidos sem descarte correto estão entre os principais desafios na busca pela redução de danos no meio ambiente. São inúmeros os negócios que, atualmente, se propõe a lidar com essa adversidade usando a tecnologia como aliada. Uma dessas startups é a Bubuyog, plataforma que cruza informações sobre excedente e demanda por aço no Brasil.
Os resíduos sólidos sem descarte correto estão entre os principais desafios na busca pela redução de danos no meio ambiente. São inúmeros os negócios que, atualmente, se propõe a lidar com essa adversidade usando a tecnologia como aliada. Uma dessas startups é a Bubuyog, plataforma que cruza informações sobre excedente e demanda por aço no Brasil.
Uma tonelada de aço produz aproximadamente 980 kg de dióxido de carbono, além de utilizar mais de 1 milhão de litros de água, é o que aponta Eduardo Breda, engenheiro mecânico e CEO da Bubuyog. A startup nasceu em janeiro de 2021, com a proposta de ser um ecossistema, uma plataforma onde estoques excedentes de aço são compartilhados por indústrias, e a Bubuyog realiza um matchmarketing, onde informações e dados de estoque são compartilhados e cruzados. "Por isso existe essa brincadeira de 'Tinder do aço'. Onde tem sobra e onde tem uma falta, fazemos essa conjuntura do excesso com a necessidade de adquirir. É democratizar essa commodity, democratizar o aço. Eu sou indústria, mas eu posso revender tal qual uma distribuidora? Sim, pode", explica Eduardo.
A plataforma de livre comércio permite que os lotes de aço tenham precificação livre, possibilitando que a Bubuyog consiga exercer economia circular. "Aquela pilha de aço, que desperdicei árvores, água e outros recursos para produzir é de fato uma matéria-prima útil para a manufatura de uma outra indústria, então isso é um livre comércio de fato, uma economia circular", enfatiza Eduardo.
De acordo com o CEO, empresas que trabalham por projeto acabam passando por revisão e mudanças, gerando uma matéria-prima que se torna uma sobra. "Brinco que são dois pênaltis, um desperdício ambiental e outro desperdício financeiro", reconhece.
Eduardo começou a carreira profissional dentro de uma indústria de aço, e isso fez com que ele vivesse de perto os desafios desse ecossistema. Entre os desperdícios no setor, o empreendedor destaca a própria manufatura, onde a indústria não consegue transformar toda sobra em produto, o que consequentemente gera resíduo metálico, além dos dos materiais usados no processo de fabricação.
“Quando se vê uma pilha de aço pegando poeira ou ferrugem, se olhassem para ela pensando ‘quantas árvores têm aqui, quantos milhões de litros de água têm aqui’, se conseguíssemos ver isso, ficaríamos mais incomodados ou desconfortáveis com esse resíduo.”
Para além do desperdício de recursos naturais, Eduardo destaca a perda financeira. "Quantos dólares, quantas moedas, quantos reais têm aqui para eu poder pagar minha mão de obra, para eu poder alavancar o negócio, para eu poder fazer caixa", exemplifica.
Segundo o CEO, o período de pós-pandemia destacou o desequilíbrio de demanda e oferta da commodity de aço, sendo um momento oportuno para o reconhecimento da plataforma. "Rodamos a MVP no início de 2023. Foi interessante, convidamos nove indústrias para validar a tese, se de fato iria funcionar", conta. Eduardo cita alguns marketplaces, como o Mercado Livre, que foram importantes para a quebra de paradigmas relacionados aos consumidores. "Existia um receio de comprar pela internet, 'mas será que vai chegar?' No fim do dia, é um e-commerce", explica, afirmando que a Bubuyog entrou em um momento importante, pois a indústria já tinha uma maturidade maior.
Em outubro de 2023 a plataforma contava com 36 membros. Em outubro do ano passado, a Bubuyog registrava 450 membros. "Justamente, por causa dessa comunidade que tem uma dor em comum", avalia.
Atualmente, a Bubuyog tem como principal base de clientes o estado de São Paulo, uma mudança que ocorreu em agosto de 2024, quando a maioria dos usuários se concentrava no Rio Grande do Sul. "Fizemos parcerias importantes com a Abimaq e Abcem, são duas associações ligadas ao aço e à construção metálica. Essas associações meio que carimbaram na Bubuyog", comenta. Para estar presente em outros estados do Brasil, a startup conta com parceiros de logística, responsáveis por coletar e entregar o material. "Não é obrigatório realizar o orçamento de frete pela nossa plataforma, mas oferecemos esse serviço."
Hoje, a plataforma tem mais de R$ 150 milhões de reais em oferta de aço e cerca de 500 membros. Segundo Eduardo, a perspectiva é passar de R$ 20 milhões em vendas, com estoques compartilhados. Em relação à expansão, o CEO prevê uma possibilidade. "A Bulbuyo foi criada em virtude do monopólio. Se tivesse livre abundância de oferta de aço e cada um pudesse comprar só o que precisa no lote certinho, nunca sobraria ou faltaria. Então, olhando para essa tese, poderíamos replicar esse modelo de matchmaking para madeira, para polímero, para outros produtos, já que a esteira é praticamente a mesma", pondera.