O quilombo Morro Alto e o Quilombo Peixoto dos Botinhas dividem uma banca que oferece acessórios e roupas confeccionadas a partir de artesanato

Pela primeira vez, Expointer conta com expositores quilombolas


O quilombo Morro Alto e o Quilombo Peixoto dos Botinhas dividem uma banca que oferece acessórios e roupas confeccionadas a partir de artesanato

Entre as diversas bancas no Pavilhão de Agricultura Familiar da 47º Expointer, é comum encontrar mulheres apresentando e comercializando bebidas, alimentos, artesanatos produzidos por elas e por suas famílias. Nesta edição, a presença de mulheres negras entre as muitas expositoras chama atenção. Ainda que em minoria, trazem consigo a resiliência, a experiência e a inovação.
Entre as diversas bancas no Pavilhão de Agricultura Familiar da 47º Expointer, é comum encontrar mulheres apresentando e comercializando bebidas, alimentos, artesanatos produzidos por elas e por suas famílias. Nesta edição, a presença de mulheres negras entre as muitas expositoras chama atenção. Ainda que em minoria, trazem consigo a resiliência, a experiência e a inovação.
Pela primeira vez, duas comunidades quilombolas marcam presença no pavilhão. O quilombo Morro Alto, de Osório, no Litoral Norte gaúcho, e o Quilombo Peixoto dos Botinhas, de Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre, dividem uma banca que oferece acessórios e roupas confeccionadas de forma artesanal.
Elizete da Rosa, representando a comunidade quilombola Morro Alto, começou no artesanato há seis anos. "Eu reciclo, vou do lixo ao luxo. Esses restos de tecido poderiam estar contaminando o meio-ambiente e eu faço essas belezas", comenta a artesã apresentando seus produtos. É a primeira experiência de Elizete como expositora em uma grande feira. "Está sendo bem legal. Acredito que esse espaço que deram para os quilombos é bem interessante, porque, normalmente, ficamos no anonimato, escondidos e temos muitas coisas a oferecer", afirma.
Já Nilva Gomes traz o trabalho feito pelas artesãs do Quilombo Peixoto dos Botinhas. "Essas sacolas e bolsas são feitas com o que sobra de doações que a gente recebe", comenta. Segundo ela, devido às enchentes, a comunidade recebeu doações de roupas, muitas impróprias para o uso. "O que sobra, o que não seria utilizado, conseguimos transformar em bolsas e sacolas de tecido", explica. De acordo com a artesã, o grupo foca na reciclagem e na customização. "Temos algumas quilombolas que trabalham somente com os bordados das nossas peças", conta Nilza, que leva para os produtos representatividade e identificação.
Segundo Elizete, da sua parte na banca, o que mais sai são as necessaires e as peças feitas a partir de patchwork. "Temos produtos para todos os gostos, mas o que mais chama a atenção das pessoas é o que a gente faz com coisas que iam fora", relata.
Apesar de positiva, a inserção de comunidades quilombolas na Expointer apresenta desafios, segundo Elizete. "O espaço é muito pequeno para nós. Temos bastante ideias, produções e está tudo amontoado e não conseguimos mostrar o que temos", desabafa a artesã, que divide uma banca de 2m².
"De todos os quilombos que existem no Rio Grande do Sul, estamos em duas pessoas, em dois quilombos. É um sentimento que dói, pois, assim como todos os expositores, nós trabalhamos e somos gente como eles. Vim para mostrar um pouco do meu trabalho e para abrir portas para outras quilombolas que seguem no anonimato e vivem desse trabalho", afirma.