Importante braço da economia criativa, as feiras levam diversos empreendedores às ruas e são responsáveis por conectá-los com clientes todos os fins de semana em Porto Alegre. Agora, com o intuito de fortalecer o segmento no momento adverso pós-enchentes, as feiras criaram, de forma conjunta, a Afu (Associação das Feiras Unidas), que reúne as iniciativas Brick de Desapegos, Feira Mosaico, Tô na rua, Coletivo de rua, Asa Coletivo, Se joga, Madrecita, Open Design, Crafteria, Feira la POA, Feira Fridas, Feira Realiza, Projeto Mercado, Mercado it, Feira Me Gusta, La Movida e Feira da Iaiá.
A iniciativa surgiu a partir do abaixo-assinado para aprovação do projeto de lei que visa flexibilizar as restrições de datas para a realização de feiras em praças e vias públicas em Porto Alegre. Natália Guasso, criadora do Brick de Desapegos e presidente da associação, diz que a união das feiras já era anterior ao momento adverso, mas que, agora, essa parceria rendeu mais frutos. "Essa união já estava bem latente. Somos um segmento que, apesar da importância, nos sentimos um pouco de lado, esquecidos. E temos uma importância imensa. Já estava nesse princípio de criar alguma coisa e, com a enchente, pensamos que não tínhamos como não nos unirmos. Até porque ficamos um período sem fazer feiras e temos uma burocratização grande em relação aos espaços públicos, então nos juntamos", explica Natália. Até o momento, a associação conta com 18 feiras. "Ainda vão entrar mais, estamos superabertos a acolher todas as feiras que tiverem vontade desse processo coletivo de se unir para fortalecer e criar realmente esse segmento", garante a presidente da Afu.
A primeira participação do coletivo será no Viva CB, evento que acontece no no próximo domingo (13) e que marca o lançamento da Associação das Feiras Unidas. "A ideia é criar esse movimento de se ajudar com fornecedores, com espaços, porque acabamos competindo pelos espaços, então vamos tentar organizar uma agenda. Temos várias ideias a longo prazo para nos reorganizarmos", afirma Natália.
As feiras de economia criativa reúnem negócios de diferentes segmentos e funcionam como uma vitrine, especialmente para pequenos empreendedores e empreendedoras. Esse papel, acredita Natália, ganha ainda mais importância em momentos de crise. "Muita gente perde empregos, perde seu comércio local, não consegue reabrir e acaba parando nas feiras. Na pandemia, aconteceu muito isso e agora não vai ser diferente. Logo depois de crise, as feiras recebem muito mais gente nova atrás de um pouco mais de ganho. Em tempos de crise, as feiras são uma porta de entrada", define a empreendedora.
Uma das primeiras ações da associação é o contato com secretarias da prefeitura de Porto Alegre em busca de apoio. "Queremos unir forças, mostrar que existimos, para que não esqueçam da gente. Não tem nenhum lugar onde a gente possa pedir um auxílio. Estamos tentando organizar reuniões com secretarias para nos apresentarmos oficialmente. Mostrar dados que são realmente impactantes. Juntos somos uma força", destaca Natália.
Ainda, a retomada das feiras de rua na Capital terão, mais que nunca, um papel de devolver vida à cidade, acredita a presidente da associação. "As feiras já fazem esse papel de apresentar lugares para as pessoas não conhecem, que talvez achem perigoso, feio, que não fazem parte do trajeto delas. Agora, mais que nunca, as pessoas estão com um pouco de medo de transitar. A cidade se entristeceu, e não tem como ser diferente. Vários pontos que seguem alagando, na limpeza. E nós podemos e queremos contribuir para esses espaços, dar luz, voltar. Não podemos parar. As feiras podem contribuir bastante para isso", acredita.