Conheça quem aposta na inclusão como norte para empreender, seja à frente do próprio negócio ou fomentando outras iniciativas

Síndrome de Down é inspiração para negócios focados na inclusão


Conheça quem aposta na inclusão como norte para empreender, seja à frente do próprio negócio ou fomentando outras iniciativas

O 21 de março marca o Dia Internacional da Síndrome de Down. A data, reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde 2012, faz parte do calendário nacional desde 2022. No Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde, estima-se que a trissomia do cromossomo 21 ocorra em um a cada 700 nascimentos, totalizando cerca de 270 mil pessoas com Síndrome de Down no País. O número serve de inspiração para quem carrega a bandeira da inclusão no seu dia a dia, inclusive na hora empreender.
O 21 de março marca o Dia Internacional da Síndrome de Down. A data, reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde 2012, faz parte do calendário nacional desde 2022. No Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde, estima-se que a trissomia do cromossomo 21 ocorra em um a cada 700 nascimentos, totalizando cerca de 270 mil pessoas com Síndrome de Down no País. O número serve de inspiração para quem carrega a bandeira da inclusão no seu dia a dia, inclusive na hora empreender.
O casal Maiane Veronese e Arthur Constant comanda a Cromossomo 21, hamburgueria que opera por delivery em Cachoeirinha. O negócio surgiu do desejo do casal de passar mais tempo junto da família. Eles sempre buscavam uma maneira de conciliar suas rotinas agitadas com a vontade de estar próximos aos seus sobrinhos, Caio, 10 anos, e Vinícius, 7 anos.
As crianças precisavam de acompanhamento multidisciplinar semanalmente, pois Caio tem Síndrome de Down e Vinícius é uma criança com autismo.
Entre conversas e ideias, surgiu a inspiração de abrir uma hamburgueria que homenageasse os meninos. "Trabalhava de garçom e saía de casa às 14h e voltava às 2h. Quando saía, eles choravam e, quando voltava, faziam uma festa, sempre querendo ficar comigo. Senti que precisava estar mais em casa, precisava ver eles crescerem e estar com eles", conta Arthur. A partir dessa ideia, nasceu a Cromossomo 21 Hamburgueria.
Com uma bagagem de experiências anteriores em restaurantes, decidiram mergulhar de cabeça no empreendedorismo. O casal desejava que, de alguma forma, o negócio mantivesse em sua essência o motivo principal dessa jornada: os sobrinhos. A escolha do nome Cromossomo 21 foi a forma encontrada para fazer referência a Caio e à Síndrome de Down, enquanto o símbolo do quebra-cabeça colorido presente no logotipo representa Vinícius e o autismo. Mesmo em meio às adversidades, a família se manteve firme na meta de inaugurar o negócio no Dia Internacional da Síndrome de Down em 2023. "Minha sogra faleceu um mês antes de abrirmos. Então, o dinheiro estava apertado. Mesmo assim, decidimos abrir para vender nem que fosse um hambúrguer. A recepção foi muito além. Naquele dia, vendemos mais de 65 hambúrgueres", rememora Arthur.
De acordo com a dupla, o cardápio diversificado e criativo da Cromossomo 21 tem conquistado clientes de todas as idades e gostos. Entre os destaques, estão clássicos como Duplo Smash Bacon e criações autorais, como o Rei Momo, idealizado para o Carnaval. Os hambúrgueres que homenageiam Caio e Vinícius, o Down e o Atípico, tornaram-se os carros-chefes da operação, confirmando a sintonia entre o paladar do público e a missão da hamburgueria.
Embora o casal tenha encontrado boa receptividade do público, Arthur e Maiane enfrentam desafios diários, desde a gestão do negócio até a conciliação de suas vidas pessoais com as demandas da hamburgueria, como a divulgação nas redes sociais. "Já tentamos contratar três ou quatro pessoas para fazer essa função. No começo, eles entendem o que a gente quer, mas depois nunca entregam o que pedimos. Não queremos só vender um hambúrguer. A nossa hamburgueria vai além", afirma Maiane.
Os sócios não descartam planos de expandir o negócio no futuro, mas, no momento, eles estão focados em consolidar a presença da marca no mercado local antes de considerar novas oportunidades. Atualmente, a Hamburgueria Cromossomo 21 opera exclusivamente através do sistema de delivery.
Enquanto consolidam o negócio, Arthur e Maiane permanecem fiéis à missão de promover a inclusão e a aceitação, além de um local para ensinar aos sobrinhos sobre a vida, como conta Maiane, "Mostramos que tem que atender o cliente, vender o hambúrguer, saber o valor do produto. Não é só querer comprar as coisinhas e deu. Para isso, precisa ter dinheiro, e eles já estão aprendendo", afirma.
Para o futuro, o objetivo da dupla é que o negócio cresça de forma sustentável. Com uma base de clientes leais, Maiane e Arthur acreditam que a Cromossomo 21 possa servir de inspiração para outros empreendedores que carregam a bandeira da inclusão.
 

DJ gaúcho percorre cidades levando música e diversidade

Aos 14 anos, durante uma viagem à praia de Garopaba, em Santa Catarina, Rômulo de Oliveira teve um encontro que mudaria sua vida. Em sua primeira balada, ao se deparar com uma pista de dança repleta de energia e emoção, ele decidiu que queria fazer parte daquilo. Assim, começou a história de Rômulo como DJ.
Nessa mesma festa, o DJ que movimentava a pista observou Rômulo se divertindo com a dança. Encantado pela cena, ele convidou o menino e sua irmã, Roberta, que o acompanhava, para subirem ao palco, permitindo que ele experimentasse mexer na mesa de áudio. Ao saírem do local, Rômulo compartilhou seu novo desejo com a irmã, que rapidamente se uniu à causa. Ao retornarem das férias, eles conversaram com o pai, que prontamente procurou cursos de DJ para Rômulo. Por coincidência, encontraram um curso ministrado pelo DJ Pantera, o mesmo que movimentava a festa que o inspirou.
Atualmente, aos 38 anos, Rômulo conta que sua maior motivação é inspirar outras pessoas com deficiência, além de se tornar reconhecido pelo seu trabalho. Seu ritmo favorito é o funk, e ele sonha em compartilhar o palco com DJs famosos como Dennis e Alok, assim como participar de grandes eventos da cena da música nacional, como o Baile da Anitta e o Numanice, de Ludmilla.
Em uma de suas experiências mais memoráveis, Rômulo se apresentou no palco Schin do Planeta Atlântida, em 2019. A configuração 360º do palco permitiu que ele visse as pessoas dançando e se divertindo ao seu redor. Neste momento, percebeu que finalmente tinha atingido o patamar que almejou por tanto tempo. "Ver as pessoas curtindo tão perto e cantando junto de cada música foi incrível", orgulha-se.
Rômulo é DJ residente do Carnaferrugem e presença garantida em diversas casas de festa do litoral catarinense e da Região Metropolitana de Porto Alegre. Hoje, ele acredita que a chave do sucesso está no treinamento constante e na criação de conteúdo para as redes sociais (@dj_romulooliveira). Rômulo destaca que o engajamento é fundamental para construir uma carreira sólida e duradoura no mundo da música. "A dica é treinar, treinar e treinar para melhorar sempre", enfatiza.
 

Conheça o hub pensado para negócios de pessoas com Síndrome de Down

A instituição sem fins lucrativos Mano Down, de Belo Horizonte, dedicada a auxiliar pessoas com Síndrome de Down desde 2015, teve seu início marcado pelo lançamento do livro Mano Down - relatos de um irmão apaixonado, em 2011, escrito pelo fundador da ONG, Leonardo Gontijo. Ao longo dos anos, passando por uma reestruturação estratégica e enfrentando os desafios impostos pela pandemia, a organização percebeu a importância de não apenas inserir pessoas com Síndrome de Down no mercado de trabalho, mas também de oferecer suporte aos familiares e cuidadores desses indivíduos.
Durante a pandemia, um desejo antigo de Leonardo se concretizou por meio do programa de mentoria e aceleração BTG Soma: a criação de um hub para incentivar o empreendedorismo de pessoas com Síndrome de Down e de suas famílias. Hoje, sob a coordenação de Gabriel Rodrigues, o hub Incluo de empreendedorismo social opera como um novo braço da Mano Down. "Não faz sentido para nós que a Mano Down receba algo pelo trabalho de outras pessoas. Nosso papel aqui é ser um espaço para que essas famílias fomentadas possam lucrar com seus serviços e produtos", afirma Gabriel.
O programa, que teve início com apenas duas famílias, agora oferece uma loja em frente à Casa Modelo do Instituto Mano Down, na capital mineira, para que as 11 famílias participantes possam expor e vender seus produtos sem custo. Além disso, o espaço disponibiliza uma área para que Helga Almeida, pioneira no Brasil ao ser a primeira pessoa com Síndrome de Down a obter formação como massoterapeuta, possa atender seus clientes. O apoio do hub inclui desde a disponibilização de macas e toalhas até um ambiente reservado para os atendimentos da profissional.
Gabriel destaca que o propósito do Incluo vai além do lucro, focando no apoio direto aos empreendedores com Síndrome de Down. Helga, por exemplo, também presta serviços em eventos corporativos, como foi o caso de uma empresa da região metropolitana de Belo Horizonte que contratou a massoterapeuta para o Dia da Mulher. O hub não recebe compensação financeira por essas atividades, concentrando-se exclusivamente em fomentar oportunidades para os empreendedores.
Ainda de acordo com o coordenador, a essência do trabalho do Mano Down está enraizada no amor de Leonardo por seu irmão Eduardo. O desafio da instituição reside em conquistar apoiadores que estejam além do círculo direto ligado à Síndrome de Down. Ele ressalta que o papel das mais de 800 ONGs no Brasil não é fazer pelas pessoas com deficiência, mas sim colaborar com elas, compartilhando desafios e buscando soluções em conjunto.