Pessoas dos mais diversos cantos do mundo decidiram fazer da capital gaúcha sua casa. As lembranças gastronômicas e culturais de seus países dão origem a diferentes negócios em Porto Alegre

Conheça empreendedores de outros países que comandam negócios em Porto Alegre


Pessoas dos mais diversos cantos do mundo decidiram fazer da capital gaúcha sua casa. As lembranças gastronômicas e culturais de seus países dão origem a diferentes negócios em Porto Alegre

Nascido em Buenos Aires, Maximiliano Zalacain preserva até hoje os costumes argentinos, mesmo que tenha deixado o país há mais de 10 anos. Enquanto aguardava a chegada da reportagem do GeraçãoE, o empreendedor à frente da La Tasca ouvia uma rádio que noticiava os acontecimentos mais relevantes da Argentina e tomava um mate, sentado em uma sala cheia de referências à região. Todos esses elementos são comuns à rotina dele, como conta.
Nascido em Buenos Aires, Maximiliano Zalacain preserva até hoje os costumes argentinos, mesmo que tenha deixado o país há mais de 10 anos. Enquanto aguardava a chegada da reportagem do GeraçãoE, o empreendedor à frente da La Tasca ouvia uma rádio que noticiava os acontecimentos mais relevantes da Argentina e tomava um mate, sentado em uma sala cheia de referências à região. Todos esses elementos são comuns à rotina dele, como conta.
A inspiração argentina reproduzida na La Tasca, operação fundada por Maximiliano em 2012, tem origem semelhante. O cardápio com tortas, doces e salgados típicos da gastronomia das margens do Rio da Prata é apenas uma consequência da história de quem comanda o negócio. "Os clientes que vêm aqui se sentem na Argentina, mas não queremos simular que estamos lá. É uma padaria em Porto Alegre, comandada por um argentino e que reflete os costumes dele", destaca Maximiliano.
A La Tasca oferece produtos típicos da Argentina, como alfajores, tortas com doce de leite, empanadas e medialunas. Um dos carros-chefes da padaria, a empanada é servida em diferentes sabores, sendo carne e frango com abacaxi os mais pedidos pela clientela. A unidade custa R$ 14,00. Em relação às bebidas, o espaço comercializa opções quentes, como cafés e chás, além de refrigerantes, cervejas e vinhos de marcas conhecidas na Argentina.
Apesar da maioria dos itens - e dos ambientes - ter inspiração no país de origem de Maximiliano, o nome da marca faz alusão à Portugal. As tascas são pequenos empreendimentos gastronômicos que servem pratos típicos portugueses por um valor acessível e em um ambiente descontraído e acolhedor. O empreendedor criou apreço pelo país europeu em viagens e decidiu espelhar essa paixão no registro e no conceito do negócio. A La Tasca também oferta pastéis de nata, uma das sobremesas mais tradicionais de Portugal.
Porto Alegre foi uma oportunidade para Maximiliano colocar em prática essa relação que conserva com a comida. "Minha avó tem um hotel em Córdoba, que é uma cidade turística, parecida com Gramado, e lá tem um forno à lenha. Sempre gostei da gastronomia", diz.
Quando chegou à capital dos gaúchos, no entanto, o objetivo não era ter um negócio. "Nos anos 2000, a empresa que eu trabalhava em Buenos Aires me transferiu para Porto Alegre, para trabalhar na indústria". Em 2008, Maximiliano regressou às origens, também a pedido da companhia. Foi nesse momento que a profissão na cozinha passou a ser uma possibilidade. "Procurei um instituto de gastronomia na Argentina para estudar panificação, confeitaria e tudo que está relacionado à padaria", lembra.
Sentindo falta dos costumes brasileiros e da família que tinha formado no País, Maximiliano voltou para Porto Alegre em 2010, depois de finalizar o curso de culinária. A La Tasca foi inaugurada em 2012, na rua Duque de Caxias, nº 678, no Centro Histórico, ponto que segue até hoje. "Minha primeira opção era montar uma padaria em Gramado, região que gosto e conheço bastante. Mas não consegui e acabamos abrindo em Porto Alegre. Nunca pensei em morar no Brasil. Mas Porto Alegre tem a característica de estar perto da Argentina. Os costumes também são parecidos", entende o empreendedor.
Há mais de 10 anos no mercado, Maximiliano projeta seguir com um negócio de produção artesanal. "Estamos nos reorganizando depois da pandemia, e cada ano está melhor. Pensamos em continuar melhorando os produtos, procurando sempre produtos regionais e artesanais." A La Tasca conta com fornecedores gaúchos de Flores da Cunha e Uruguaiana. "O sentimento é de satisfação por ter um empreendimento consolidado. Tenho muito carinho pela existência do negócio, clientes e colaboradores."
Localizada na rua Duque de Caxias, nº 678, no Centro Histórico de Porto Alegre, a La Tasca funciona de terça a domingo, das 13h às 20h.
 

Gelateria rememora sabores clássicos da Itália na avenida Independência

Morador da capital gaúcha desde 2013, Paolo Cannata começou a empreender de forma um tanto inusitada: abrindo as portas da própria casa. Natural da Sicília, na Itália, Paolo é o nome por trás do Med Gastro Giardino Mediterrâneo, restaurante que opera desde 2017 com o conceito de slow food.
Paolo mudou-se para o Brasil há 11 anos para viver com a ex-esposa e o filho. Após o divórcio, optou por permanecer em solo gaúcho para ficar perto da família, e o empreendedorismo, com foco na gastronomia, foi uma escolha natural a seguir. "Aqui também é minha residência pessoal. Desde 2017, abro minha cozinha e meu espaço ao público. Comecei na rua Gonçalo de Carvalho, mas tive que sair de lá durante a pandemia e encontrei esse casarão, que reformei junto a amigos, preservando suas características intrínsecas e sua história, em conjunto com as saudades da minha ilha, criando peça a peça e usando materiais de reciclagem", lembra.
Apesar do tempero italiano estar presente em todas as receitas do restaurante, Paolo quis oferecer aos porto-alegrenses mais referências de seu país. Há cerca de quatro meses, incorporou um novo braço ao negócio: o Brioche Gelato. O objetivo da nova operação é trazer para a Capital um item comum em qualquer cafeteria e gelateria da Itália, como garante Paolo. "Usamos de manhã, para mergulhar no cappuccino, de tarde ou no almoço usamos com a granita siciliana, é muito comum lá", afirma o empreendedor.
Assim como a cozinha do restaurante, todos os itens da gelateria são artesanais e com receitas próprias de Paolo, que faz questão de passar o ensinamento adiante para a equipe. "Só saí da produção quando vi que a equipe estava perfeita e evoluindo em harmonia. Agora, cuido da frente e do relacionamento com o público", conta.
O Brioche Gelato conta com mais de 30 sabores, mas, em exposição, são sempre 16 opções. Os favoritos do público, garante Paolo, são os sabores de iogurte com geleia de bergamota e morango vegano. Os valores variam entre R$ 10,00, sendo o preço de uma bola de gelato do sabor do dia, até R$ 100,00, custo do quilo. Os itens podem ser adquiridos em casquinha, copo ou cesta e o cardápio também conta com opções sem açúcar.
A gelateria segue o horário de funcionamento do restaurante, que opera de segunda-feira a sábado, das 11h às 20h, mas o balcão do Brioche Gelato para venda direta na calçada fecha às 18h. Os itens ainda podem ser adquiridos dentro da casa.
 

Com receita familiar, casal produz gyozas em Porto Alegre

O gosto pela culinária surgiu muito cedo na vida de Kenji Itakura. Apesar de ter nascido em solo brasileiro, foi criado em meio aos sabores e temperos japoneses do pai, Shun Itakura, que foi chef de cozinha no Japão. Hoje, Kenji leva adiante as receitas da família ao lado da esposa Jaqueline Freitas, com quem comanda a Gyoza Handmade, marca de gyozas 100% artesanais.
O casal se conheceu em 2018, enquanto trabalhavam juntos em uma mesma operação: Kenji na cozinha e Jaqueline no bar. Por um tempo, seguiram apostando nas áreas que já tinham familiaridade e atuando com consultorias especializada para bares e restaurantes, mas, com a chegada da pandemia, em 2020, tiveram de se reinventar. "Estava no processo de entrar em um novo restaurante e, com a pandemia, fomos os dois dispensados, foi aí que começamos com os gyozas", lembra Jaqueline.
De forma despretensiosa, o casal passou a fazer as gyozas junto com a mãe de Kenji, que vendia pequenas quantidades para amigos e familiares. "Ela fazia o suíno, mas vendia em casos bem pontuais, e começamos a fazer junto com ela. Na primeira leva, fizemos seis pacotes. O Kenji compartilhou no Instagram e em 10 minutos já vendemos todos", rememora a empreendedora. "Desde a primeira venda que fizemos, corremos atrás para dar conta de atender porque sempre temos encomenda. Nunca passamos uma semana sem encomenda, mesmo que quiséssemos dar uma pausada, sempre tinha pedido", acrescenta.
Com o aumento da demanda, a cozinha de casa ficou pequena para o negócio e a dupla passou a alugar uma cozinha na Associação da Cultura Japonesa de Porto Alegre. "Eu estava com um barrigão de grávida e a gente seguia produzindo, quase 15h, 16h de produção por dia. Mas foi muito legal esse período porque as pessoas compartilhavam muito, chamavam, diziam que todos os amigos estavam comendo e também queriam", destaca Jaqueline. O casal permaneceu no local até 2021, quando Olívia nasceu e os sócios voltaram com as produções em casa por conta da pequena.
Atualmente, são seis sabores de gyoza no cardápio: vegetariano com tofu, cogumelos com tofu, suíno, camarão, carne de costela e frango. Cada pacote leva 30 gyozas e os valores partem de R$ 55,00. Encomendas devem ser realizadas pelo Instagram (@gyoza.handmade) ou WhatsApp (51) 9118-9059 com uma semana de antecedência. Vale destacar que a dupla não vende os itens por unidade, sendo o pacote mínimo com três dezenas. "Tem muita gente que pede, que insiste, mas o mínimo no pacote é 30  por conta do custo, senão teríamos prejuízo e não faria sentido", explica.
Além da venda para o cliente final, a Gyoza Handmade também fornece os itens congelados para alguns restaurantes de Porto Alegre, como o Niko Sushi Club, que abriu recentemente na Galeria Casa Prado, no bairro Moinhos de Vento, e para Região Metropolitana, como o Aloha Sushi, no centro de Gravataí.
Em uma nova jornada, o casal acaba de adquirir o Suika Sushi, restaurante japonês localizado na rua São Luís, nº 526, no bairro Santana. O objetivo da dupla é manter a operação e cardápio do Suika, famoso pelo burrito de sushi, e que já tem uma clientela fiel, mas o espaço também servirá como cozinha para produção e ponto de entrega das gyozas. "Apesar de estarmos há pouco tempo no Suika, e termos feito pouquíssimas mudanças, já sentimos o resultado no faturamento", ressalta Jaqueline, que orgulha-se da trajetória trilhada ao lado do marido. "Já trabalhamos muito de madrugada, sem dormir, já foi uma loucura, mas hoje estamos num ritmo melhor. Para o nosso relacionamento foi muito bom, ficamos orgulhosos um do outro e damos muito certo trabalhando juntos", destaca.
"Nós vemos que cada um na sua área, eu na cozinha e ela no administrativo, fazemos as coisas darem certo. Empreender é difícil, um desafio, e a cozinha é uma profissão muito cansativa, eu reclamo, mas gosto dessa adrenalina, é a única coisa que sei fazer. Me deixa muito feliz ver outras pessoas apreciando a comida que eu fiz", revela Kenji.