Encontros que têm a inovação como eixo principal são ambientes pujantes quando o assunto é conexões e bons insights

10 lições para levar do South Summit 2023


Encontros que têm a inovação como eixo principal são ambientes pujantes quando o assunto é conexões e bons insights

Giovanna Sommariva, Isadora jacoby, Maria Amélia Vargas
Giovanna Sommariva, Isadora jacoby, Maria Amélia Vargas
O South Summit movimentou Porto Alegre nos dias 29, 30 e 31 de março e foi marcado por muito empreendedorismo, networking e conexões. Durante a sua segunda edição na capital gaúcha, o evento reuniu mais de 20 mil pessoas nos mais de 22 mil m² do Cais Mauá. Visitantes de mais de 50 países marcaram presença no evento de inovação que celebrou a marca de 40 mil conexões e oportunidades de negócio. Confira os principais insights que speakers, empreendedores e participantes destacam nos três dias de evento. 

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1. Inovação é a palavra mágica para 2023

A espanhola María Bejumea, fundadora do South Summit, acredita que falar sobre inovação, no entanto, não deve ser uma prática restrita aos três dias de evento. María destaca que essa é a palavra-chave para o ano, independentemente dos cenários adversos. "Se há uma palavra mágica no mundo que vivemos em 2023 é inovação. Somos muito conscientes que não estamos vivendo o momento mais tranquilo. Há crises financeiras, inquietudes, problemas bélicos", pondera, ressaltando a importância de eventos como o South Summit para fomentar essas discussões no Estado. "O governador do Rio Grande do Sul teve a iniciativa de trazer o South Summit para cá, apoiado pelo prefeito. Isso é maravilhoso. E é assim que vai ser 2023: inovação como palavra mágica e todas as pessoas apoiando, colaborando para criar muitas oportunidades que beneficiam a todos", percebe.
 

2. Periferia e inovação

Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva Consultoria, Marketing e Negócios Emergentes, que divulgou, durante o evento, uma pesquisa sobre empreendedorismo nas vilas e favelas, feita em parceria com o Sebrae-RS, define inovação como a capacidade de criar um olhar único sobre um assunto ou espaço já comum para a sociedade. "Os empreendedores das favelas têm essa capacidade de ressignificar tudo isso, enxergar potência onde outros veem carência", define. Para Renato, quem mora na favela tem de inovar desde que nasceu, não por oportunidade, mas sim, por necessidade. Segundo a pesquisa, em um emprego formal, o salário que um homem branco recebe pode ser até 29% maior que o de uma mulher negra com o mesmo grau de escolaridade. Esse fato, de acordo com Renato, acaba sendo a origem de muitas iniciativas empreendedoras nas favelas. "É aqui que surge o empreendedorismo nas favelas, por necessidade", observa Renato.

 

3. Inclusão social é o norte

Painelista no evento, o CEO da EducBank, Danilo Costa, falou sobre a importância do papel das fintechs na inclusão e desenvolvimento social. Para ele, não basta trabalhar apenas a qualidade dentro do seu negócio, também é preciso explorar o nicho em que se está inserido. "Você nunca será melhor que tudo em todos os setores, mas se ocupar o teu nicho, abraçar e focar na tua bandeira, assumir uma responsabilidade social, de orçamento, e apostar naquilo, é muito difícil você não ser reconhecido pelo seu trabalho", declarou. De acordo com Danilo, instituições financeiras têm grande potencial para alavancar possíveis empreendedores, mas, como qualquer outro setor, precisa ter seu capital consolidado. "Precisamos ser capazes de desenhar mecanismos de garantia que possam oferecer capital de uma maneira justa e adequada para cada setor, senão, ele nunca vai se consolidar como um bom serviço ou produto. Pode ser difícil, mas a criatividade e tecnologia podem ser usadas para isso", aponta o CEO.
 

4. Sustentabilidade e consumo consciente

Participando pela segunda vez do South Summit Brasil, o Grupo Malwee, empresa de moda e vestuário que, neste ano, foi representada pela diretora executiva do Grupo, Anay Zaffalon, enxerga o evento como uma oportunidade para explorar novas ideias e conhecer tendências do mercado. "Sempre defendemos que não queremos ser sustentáveis sozinhos. É muito bom ter a oportunidade de compartilhar nossa experiência, aprender com novas pessoas e gerar infinitas conexões", destaca Anay. Para este ano, a diretora acredita que a sustentabilidade é o grande destaque no mundo da moda, e ressalta que empreendedores devem considerar essa questão em todas as etapas do negócio. "Precisamos 'desglamourizar' a sustentabilidade, encontrando formas inovadoras de ampliar a oferta com itens de qualidade, baixo custo para o consumidor final e que estimule o consumo consciente", pontua.
 

5. Conexões e networking

A CEO e fundadora da Workhub, empresa que atua com intranet e portais corporativos por assinatura, Andréa Migliori, participou de conversa no evento sobre economia e o futuro do trabalho. Um dos objetivos principais em participar da programação, além do networking, era a geração de novos negócios com empresas do Sul do Brasil, o que, de acordo com Andréia, aconteceu com sucesso. "Saímos do evento já com reuniões agendadas para a próxima semana e com mais de 70 leads para serem trabalhados pelo nosso time comercial, que podem gerar mais de R$ 500 mil em negócios", compartilha. Para a CEO, a Inteligência Artificial foi um dos grandes destaques do evento. "Envolve não só a tecnologia e as inúmeras possibilidades de aplicação, mas também impacta comportamento, legislação, ética, modelos de trabalho. Muita coisa vai precisar ser pensada e repensada, isso traz uma série de desafios, mas, também, uma série de oportunidades", acredita sobre o futuro.
 

6. A periferia no centro

Diretora do projeto Empreendedoras Restinga, iniciativa que busca divulgar e fomentar negócios comandados por mulheres em um dos maiores bairros de Porto Alegre, a empreendedora Roberta Capitão, que já passou pelas páginas do GeraçãoE, também marcou presença no evento, mas como visitante. "A periferia dificilmente conseguiria ter acesso a esse espaço, e sabemos que lá tem muito empreendedorismo, então estamos aqui buscando novidades, não tem como ficarmos fora disso, além de que queremos inserir o empreendedorismo periférico nesse meio", destaca Roberta.
 

7. Empreender não é só flores

Para a painelista Mariana Hagel, CFO da B2Mamy, social tech voltada para mães e mulheres, é preciso falar, especialmente para potenciais empreendedores, sobre os obstáculos que estão por vir. "Empreender é sensacional no sentido de ajudar a economia, ajudar pessoas e o País, mas é muito difícil, principalmente dentro do Brasil, onde as economias fiscais e políticas não beneficiam o pequeno empreendedor. Empreender requer que a pessoa entenda de jurídico, de finanças, de palavras que você não conhece, é preciso ir atrás dessa estrutura", aconselha Mariana.
 

8. Competindo com gigantes

A fundadora e CEO da Wakanda Educação Empreendedora, projeto social que busca auxiliar novos e pequenos empreendedores, Karine dos Santos Oliveira, define a vida no empreendedorismo em poucas palavras: não é para os fracos. Ela destaca que, atualmente, com o avanço do digital, que, por um lado, pode facilitar a criação de novas plataformas, também torna a concorrência mais pesada. "Se a empresa é digital, ela já nasce brigando com grandes marcas, então o empreendedor precisa se estabelecer e crescer enquanto compete com grandes empresas, mas sem o mesmo ecossistema", compara Karine.
 

9. Design e inovação andam juntos

Camila Farina, curadora da Open Feira de Design, foi até o evento em busca de atualizações e novidades no mercado. "Embora eu trabalhe com pequenos empreendedores, é interessante participar e estar por dentro do que acontece no macro, de questões econômicas, além da coisa do networking, tu encontras muita gente interessante por aqui", comenta. Um dos temas que chamou a atenção de Camila, entre as diversas programações que contemplaram o evento, é o equilíbrio entre o sustentável e o tecnológico. "É do meu interesse ver como a IA impacta o design. Hoje, quem vive de empreendedorismo precisa estar com os olhos voltados para o digital, não existe empreendedorismo sem estar conectado com tecnologias e inovações", observa.
 

10. Foco no coletivo

Patrícia Knebel, colunista do JC, comandou um painel no evento sobre futuro do trabalho. Para ela, a colaboração é o maior destaque do South Summit. “Movimentos voltados para a construção coletiva e o estímulo ao empreendedorismo de alto impacto se tornam potência quando amadurecem e se conectam com pessoas e iniciativas do Brasil e do mundo. Transbordam, se fortalecem, aceleram o desenvolvimento e a construção da sociedade na era do conhecimento”, percebe.

As impressões do público sobre o South Summit

Renata Jung, 27 anos, economista
“Eu vim para assistir as palestras e os painéis. Como eu não sou desse meio, acho interessante vir para saber o que está acontecendo e quais são os temas mais relevantes. Achei muito bem organizado, apesar do calor que passamos no primeiro dia.”
Rogério da Rosa Ribeiro, 36, assistente administrativo
“O que eu achei de bom é a variedade de palestras, que tem pra todos os públicos. Mas achei um pouco mal organizado para a quantidade de pessoas. Em algumas palestras eu não consegui entrar por conta das filas e algumas achei muito curtas. Acredito que as pessoas se antecipam muito para conseguir entrar em uma palestra que gostariam e acabam tendo que assistir outras porque não tem espaço para todo mundo. O calor também foi muito, acho que deveriam limitar a quantidade de pessoas. Poderia ser um ambiente mais refrigerado.”
Danielle Fernandes, 42, gerente de projetos
“O evento está sendo um espetáculo, tenho grande expectativa em relação ao network, de conhecer pessoas diferentes, com olhares diferentes e com o mesmo propósito de trazer inovação. O ambiente está supercheio, mas as pessoas são cordiais. Em relação à sustentabilidade, acho que foram impecáveis. De queixa, eu tenho a questão das filas, porque não consegui aproveitar muito o conteúdo porque estavam muito cheias.”
Thais Garziera, 44, psicóloga
“Vim aqui para beber da fonte, conhecer novas conexões, fazer novos parceiros, novos clientes. O staff está de parabéns, mas acho que a questão de alimentação deixou a desejar no sentido de disponibilidade para todos, vi algumas pessoas que desmaiaram devido ao calor. Este seria um ponto ainda de melhoria.”