Os dias de céu limpo superaram os chuvosos na Expointer 2025. Com o retorno do Trensurb e do Aeroporto Salgado Filho, que estavam inoperantes no ano passado devido às enchentes, o fluxo de visitantes ampliou e bateu o recorde de público da feira agropecuária já no penúltimo dia, no sábado, 6 de setembro. A escolha pelo encerramento no feriado do Dia da Independência contribuiu para lotar mais uma vez os pavilhões. E, é claro, tudo se converteu em vendas para os expositores.
Na maior das famosas esferas da Expointer, Priscila Rodrigues Alderette expõe artesanatos da sua marca, a Adonai Produtos Personalizados. Apesar de considerar que a visitação das bolas que se tornaram um símbolo da feira ainda é desconhecida por grande parte dos visitantes, ela considera que o público está maior nesta edição — e as vendas também. Junto da marca Rose Artes, de sua mãe, Priscila observa o grande interesse das crianças pelo eco gerado pela arquitetura circunferencial do local.
Priscila Alderette expõe produtos personalizados em uma das esferas da Expointer 2025
TÂNIA MEINERZ/JC
“Tem que ter bastante produtos diferentes para ter bastante venda, mas eu não tenho do que reclamar. Esse ano está sendo melhor do que o do ano passado e, principalmente, a minha mãe está vendendo muito bem”, celebra Priscila.
Mais experiente na mostra, Nara Rejane da Silva, da Passos Artesanato em Madeira, já perdeu a conta de quantas edições da Expointer viveu apresentando seus produtos. Garante que foram, no mínimo, 23. E que à medida dos anos, as condições dos expositores melhoraram consideravelmente, resultando em um 2025 com excelentes vendas dos itens voltados ao tradicionalismo gaúcho.
“Foi de 8 a 80, na primeira mostra que vim, não era um pavilhão, era só um telhado com uma lona na volta. Tiveram muitas melhorias no parque em geral que agora está 100% maravilhoso. Já estou ansiosa pela próxima. Ano passado tivemos menos público por conta das enchentes e, em anos que a feira termina antes do quinto dia útil no mês, acabamos vendendo menos. Nesta edição, além de terminar depois do quinto dia útil, pegou um feriado. Então, tem sido muito positivo”, celebra Rejane.
Artesã Nara Rejane da Silva, da Passos Artesanato em Madeira, participa da Expointer há mais de 20 anos
Ana Stobbe/Especial/JC
Ela também relembra que os lucros puderam ser ampliados pelos expositores do pavilhão de artesanatos quando o espaço dos estandes deixou de ser cobrado. Administrado pela Fundação Gaúcha do Trabalho, o espaço hoje é fornecido gratuitamente. “Antigamente, começávamos a fazer a triagem e pagávamos até chegar a Expointer e, infelizmente, alguns colegas não conseguiam tirar o valor pago nas vendas. Hoje em dia tem essa vantagem”, acrescentou a artesã.
Feira é vitrine para veículos e animais
Não só de vendas vivem os expositores da Expointer. No caso dos animais, as melhores genéticas são apresentadas com representantes multi premiados. É o caso da vaca Celva, da Fazenda Sonho e Realidade, localizada em Água Doce, Santa Catarina. Com pouco mais de três anos, ela já foi bicampeã da raça simental na mostra em 2025. Mas, além disso, coleciona pódios no campeonato nacional e no mundial.
A Fazenda Sonho e Realidade comercializa o gado em leilões realizados duas vezes por ano. Portanto, as vacas e os touros são trazidos apenas para exposição e julgamento nos campeonatos. Isso, garante Marcelo Thomé, que é um dos responsáveis pelos animais, traz mais visibilidade. “Depois da pandemia, a gente faz tudo online e isso expandiu a nossa venda com sucesso”, acrescenta o expositor.
Longe dos campos, as concessionárias também aproveitam a função de vitrine da Expointer para fechar negócios e apresentar novos produtos. A BYD/Grupo Iesa, por exemplo, tem bastante procura para apresentar a tecnologia dos seus carros elétricos, que geram curiosidade do público, de acordo com o gerente geral Ricardo Kappel.
Ele acrescenta que, nos três anos de participação da marca na mostra, foi possível ampliar gradativamente as vendas: no primeiro ano, foram 23 carros, em 2024, 74, e, agora, já ultrapassam as 100 unidades. Mas ele considera existir o "repique da Expointer", período pós-feira em que os negócios são fechados.
A Volkswagen também apresentou seus veículos elétricos ao público, mas, diferentemente da BYD, os da marca não são comercializados e, sim, por contratos de aluguel de dois anos. “É um caminho que está sendo seguido hoje por muitas montadoras”, garante o gerente corporativo da Volkswagen/Grupo Carbugo Ronaldo Otero.
Conforme ele, já foram comercializados cerca de 62 a 64 veículos no estande , mas com a expectativa de que 15 a 25% dos negócios iniciados na feira sejam concluídos nas semanas seguintes. No caso dos elétricos, ainda não foram fechados contratos de aluguel, mas já houve alguma especulação, garante Otero.
Pavilhão internacional oferece experiências culturais
Mais do que o enfoque nas vendas, o pavilhão internacional tem buscado proporcionar experiências culturais aos visitantes da Expointer. Do tradicionalismo gaúcho ao conhecimento sobre outros países latinoamericanos, muitas são as possibilidades de trocas ofertadas ao público.
Promovendo o Sindicato da Indústria do Mate do Rio Grande do Sul (Sindimate), Luiz Rotili Teixeira, conhecido como “gaúcho do aeroporto”, busca fomentar o tradicionalismo a partir das vestes típicas do Estado e da cultura do chimarrão. Com erva mate de diferentes marcas expostas, ele apresenta o processo de elaboração da bebida e os costumes gaúchos.
De acordo com ele, inicialmente, a erva-mate estava sendo comercializada. Entretanto, com a alta procura, as vendas foram suspensas para não fazer com que as amostras se tornassem escassas. “Foi mais ou menos na metade da feira, aconteceu muito rápido”, garante Teixeira.
Para ele, o fomento à cultura tradicionalista é o principal objetivo, que tem sido alcançado com maestria: “ficamos felizes em divulgar um símbolo básico do Rio Grande do Sul, o movimento está cada vez melhor e vemos o pessoal sorrindo apesar do frio e da chuva dos últimos dias”, complementa.
No pavilhão internacional, cultura da erva-mate é divulgada ao público
Ana Stobbe/Especial/JC
Já no espaço responsável a expositores peruanos, Jaqueline Bazan, de 59 anos, veio da capital Lima para apresentar produtos típicos do país. Ela já comparece à mostra há mais de 15 anos e nota um grande interesse pelos estandes nesses anos. “As pessoas vêm porque têm ânsia de conhecer a cultura de outros países. Nesse ano, está muito bom. Vendemos bastante, e vejo que outros colegas também”, comenta.
É a troca cultural o mote que guia Jaqueline: “Perguntam sobre a nossa cultura e a nossa gastronomia. É bom para nós porque difundimos a cultura do nosso país e bom também para os brasileiros que conhecem mais sobre outros países. É importante estarmos aqui porque o Brasil está muito isolado (na América Latina) por causa do idioma e, assim, pode conhecer outras culturas”, avalia.