Ednaldo Rodrigues teve pressa, "bota pressa nisso", para fechar com Carlo Ancelotti e fazer o anúncio da contratação do técnico nesta segunda-feira (12), contou à reportagem uma fonte próxima ao presidente da CBF. O cartola queria abafar sua convocação para comparecer no início da tarde desta segunda em audiência no TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro), que investiga a autenticidade da assinatura de Antônio Carlos Nunes Lima, o Coronel Nunes, no acordo que validou a primeira eleição vencida por Ednaldo.
Ex-vice-presidente da CBF, Nunes também foi chamado, mas seu advogado, André Mattos, alegou que, por motivos de saúde, ele não teria condições para se apresentar ao tribunal. A audiência foi adiada, ainda sem data prevista. O ex-cartola foi um dos signatários no TAC (Termo de Ajuste de Conduta) assinado entre o Ministério Público e a CBF para evitar questionamentos a respeito do processo que levou Ednaldo à presidência da entidade. A competência do MP para tal acordo, porém, é questionada.
Daqui a 16 dias, em 28 de maio, o STF dará continuidade ao julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7580, que avalia a legitimidade do Ministério Público para firmar esse tipo de acordo com entidades esportivas.
Atualmente, Ednaldo se sustenta em sua cadeira por decisão liminar do ministro Gilmar Mendes, relator do caso. Agora, a Corte vai definir se referenda ou não a liminar. Na esteira do processo, a deputada Daniela Carneiro (União Brasil-RJ) protocolou uma petição solicitando o afastamento imediato do cartola, baseando seu pedido em um laudo que questiona a autenticidade da assinatura do Coronel Nunes no TAC firmado no início desse ano.
Mesmo que supere os obstáculos no TJ e no STF, Ednaldo Rodrigues ainda terá mais dois processos para enfrentar. Nesta segunda-feira, a Comissão de Ética da CBF acolheu duas denúncias contra o cartola. Uma delas foi aberta após o vereador Marcos Dias Pereira (Podemos-RJ), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, levar ao MPT (Ministério Público do Trabalho) denúncias que ele recebeu de funcionários da CBF sobre assédio moral e sexual, perseguição, humilhação, além do descumprimento de uma TAC firmada com o MPT para coibir justamente essas práticas.
A segunda denúncia foi aberta a partida da petição protocolada pela deputada Daniela Carneiro. Nos dois casos, a Comissão de Ética vai iniciar uma apuração interna. Procurada para comentar as denúncias, a CBF afirmou que "não comenta assuntos levados à Comissão de Ética. A comissão é um órgão independente".
Na sede da entidade, porém, o clima é de pessimismo em relação à permanência do atual presidente. Uma derrota em qualquer uma das frentes nas quais o cartola é investigado pode culminar em seu afastamento definitivo.
Daí a pressa de Ednaldo para concretizar a contratação de Ancelotti antes que a turbulência ficasse ainda mais forte e prejudicasse o desfecho da negociação com o italiano. Além de condições de trabalho, como salários, bônus e metas, o treinador se preocupava com as incertezas políticas na entidade.
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