A tarefa do Grêmio na noite desta quarta-feira (16), no Maracanã, é inglória: para chegar à final da Copa do Brasil, precisa vencer o Flamengo por dois gols de diferença para levar a decisão para os pênaltis (já que ninguém em sã consciência acredita que o Tricolor irá golear os cariocas por três gols de vantagem). Levando-se em consideração o histórico recente do Tricolor contra o rubro-negro, as perspectivas não são boas. Nos últimos 12 jogos entre as duas equipes, são 8 vitórias flamenguistas, três empates e apenas uma vitória gremista.
Diante de um histórico recente assim, como reverter a vantagem carioca nesta quarta-feira?
A favor do Flamengo, está o seu grupo de jogadores repleto de estrelas, o fator local e a sequência de bons resultados sobre os gaúchos – além, claro, dos 2 a 0 obtidos em Porto Alegre.
A favor do Grêmio, não há muita coisa além da crise de disciplina que envolve o time carioca, que teve mais um capítulo nesta terça-feira, com a briga aos socos entre os jogadores Gerson e Varela. A desgastada relação dos atletas com o treinador Jorge Sampaoli também pesa em favor do Tricolor.
Entretanto, apenas isso não é suficiente para reverter o placar. É preciso mais. E esse mais passa decisivamente pela postura do time de Renato Portaluppi no confronto no Maracanã.
A goleada por 5 a 0 que Renato sofreu contra o Mengão de Jorge Jesus na Libertadores de 2019 afetou o modo como o treinador coloca seu time em campo quando encara a equipe carioca. Desde então, o Grêmio entra em campo para não perder do Flamengo. Acuado, entrega a bola para os cariocas jogarem na expectativa de conseguir encaixar um contra-ataque ou de achar um gol em uma bola parada qualquer. Diante de um adversário com inúmeros talentos individuais, Renato busca não expor sua equipe para não correr o risco de tomar outra goleada como aquela do dia 23 de outubro de 2019, pelas semifinais da Libertadores.
É aí que o comandante gremista erra. Entregar a bola para este Flamengo jogar é assinar o atestado de óbito do confronto. Ainda que desorganizado, mesmo que com graves problemas internos, com a bola no pé, o Flamengo tem jogadores que desequilibram. Um passe certo entre a linhas, e a bola está no fundo do gol. Em Porto Alegre, o Grêmio sofreu dois, mas poderiam ter sido três, não fosse o goleiro Gabriel Grando ter defendido o pênalti cobrado por Gabigol. É preciso, portanto, mais do que jogar bem ou jogar mal, mudar o jeito de jogar.
Usando uma linguagem dos esportes de luta, o Grêmio precisa trocar golpes com o Flamengo, atacar os cariocas, deixar os donos da casa desconfortáveis. Foi isso que os paraguaios do Olimpia fizeram para se classificarem na Libertadores na semana passada.
Apostar em uma marcação mais agressiva, com setores mais compactos e linhas mais altas pode ser uma boa opção. A bola aérea é outra arma que deve ser usada, pois os dois gols sofridos assim contra os paraguaios mostraram que o Fla tem dificuldades em se defender pelo alto.
Em suma, o Tricolor não pode abrir mão de jogar no Rio de Janeiro. Não pode ficar atrás esperando o jogo todo. Não pode entregar a bola para o Flamengo e apostar em um milagre. Jogar o jogo, atacar, mostrar mais vontade de vencer do que o adversário são as chaves para sair do Maraca com a classificação. Se o Grêmio fizer isso, pode apostar que a bagunça que vive o Flamengo no momento vai ajudar também.


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