Argentinos que vivem em Porto Alegre tem um ponto de encontro para assistir aos jogos do Copa do Mundo do Catar: o bar El Farol, na rua Mariante. Com a classificação à semifinal, o grupo lotou o estabelecimento na tarde desta terça-feira para assistir ao jogo contra a Croácia. E celebraram muito, com os tradicionais cânticos
a passagem do time de Messi à final do Mundial 2022. Às 15h, os torcedores vestidos com camisetas da seleção, o manto alviceleste como dizem, começaram a ocupar as mesas do bar El Farol Porteño, na rua Mariante, no bairro Rio Branco, em Porto Alegre. Em coro, eles gritavam palavras de ordem como "Argentina!, Argentina!" e se emocionavam com cada lance televisionado. Alguns levaram réplicas de taça do campeão mundial e revestiram as mesas com a bandeira do país. Outros estavam com camisetas de clubes argentinos.
A música tema da seleção argentina em 2022 também foi muito cantada a plenos pulmões: "Muchachos! / Ahora nos volvimos a ilusionar! / Quiero ganar la Tercera! / Quiero ser campeón mundial!" Em tradução livre, agora voltamos a sonhar, quero ganhar a terceira Copa do Mundo (a Argentina levou em 1978 e 1986), quero ser campeão mundial.
Também teve flauta aos brasileiros. Quando a Argentina marcou o primeiro gol, os torcedores entoaram "Chora, Galvão", em referência ao comentarista Galvão Bueno e à derrota brasileira no último jogo contra a Croácia. O jogo terminou em 3 a 0 para a seleção argentina contra o time que justamente eliminou o Brasil nas quartas.
No bar, que traz diversas homenagens aos "hermanos", com fotos do jogador Messi, do Papa Francisco, dos times de futebol locais como Boca Juniors e ao
gênero de dança Tango, o proprietário, nascido e criado na Argentina, Alfredo Navarro, estava otimista com a seleção.
"No começo eu não acreditava, mas agora estou esperançoso. Os jogos conturbados nos ajudaram a chegar até aqui", garantiu. Ele abriu o estabelecimento há 13 anos e afirmou que, durante os jogos, muitos argentinos e latinos estão se reunindo no local. "A América Latina tem que estar junta, não é?", questionou.
O torcedor Fabiãn Menakian, argentino de Buenos Aires, considerou que o jogo foi melhor do que o esperado. "Estamos acreditando muito, você está vendo essa energia!", afirmou, apontando para o barulho ao fundo, onde torcedores faziam muita festa no intervalo do primeiro tempo, quando a Argentina já ganhava de 2 a 0. Apesar da emoção, Fabiãn chegou a torcer para o Brasil. "Queria que fosse Brasil e Argentina, somos os melhores da América, se a gente não torce, fica tudo para os europeus", refletiu.
Fabiãn lamentou que semifinal não foi disputada contra o Brasil. Foto: Isabelle Rieger/JC
Já o argentino Francisco Arozena, que mora há 18 anos em Porto Alegre, mas viveu seis em Buenos Aires, discorda. "Não queria que o Brasil ganhasse. Tenho muitos amigos e pessoas especiais que são brasileiras, não queria essa rivalidade, respeito muito esse País que me deu tudo. O futebol daqui é incrível também", contextualizou.
Ele contou que o bar El Farol está virando um ponto de encontro para argentinos em Porto Alegre, onde os torcedores se reúnem a cada partida. "Já virou superstição. Todos que vimos aqui, ganhamos", brincou. Francisco estava entusiasmado com o resultado e disse que esperava sofrer mais. De fato, durante o jogo, ele batia os punhos na mesa, nervoso enquanto Messi, o craque, não fazia gol.
Para o cônsul argentino em Porto Alegre, Jorge Perren, o jogo foi muito emocionante. Segundo dados que compartilhou, entre 15 e 20 mil argentinos vivem no Rio Grande do Sul. "O número pode ser maior, porque nem todos trocam de endereço", considerou. Ele também ressaltou a importância das vitórias para Messi. "Ele merece esse feito na carreira", ponderou o diplomata, que falou com a reportagem do JC por telefone.