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Esportes

- Publicada em 16 de Outubro de 2020 às 18:28

Gravações mostram embasamento da condenação por violência sexual de Robinho na Itália

Quarta passagem do jogador revelado na Vila Belmiro pode ser interrompida

Quarta passagem do jogador revelado na Vila Belmiro pode ser interrompida


IVAN STORTI/SANTOS FC/DIVULGAÇÃO/JC
Interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça italiana, tidas como fundamentais para a condenação em primeira instância de Robinho, de 36 anos, por violência sexual de grupo, foram reveladas nesta sexta-feira (16) pelo site globoesporte.com (GE).
Interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça italiana, tidas como fundamentais para a condenação em primeira instância de Robinho, de 36 anos, por violência sexual de grupo, foram reveladas nesta sexta-feira (16) pelo site globoesporte.com (GE).
Em novembro de 2017, o Tribunal de Milão julgou como procedente a acusação do Ministério Público italiano de que Robinho participou, com outros cinco homens, de violência sexual coletiva contra uma albanesa de 23 anos em uma discoteca de Milão. O episódio ocorreu em janeiro de 2013, quando ele tinha 28 anos e jogava no Milan.
Ainda segundo o Ministério Público, o grupo teria embebedado a jovem, que teria ficado inconsciente e sido levada para a chapelaria do estabelecimento, onde teria sido violentada múltiplas vezes. A defesa do jogador, à época, afirmou que não existem provas de que a relação foi sem consentimento.
A acusação foi baseada no depoimento da vítima e em conversas telefônicas interceptadas do grupo de amigos, com comentários jocosos sobre o ocorrido.
No primeiro julgamento, ele e o amigo Ricardo Falco foram condenados a nove anos de prisão, além de pagamento de indenização de € 60 mil - os outros acusados foram considerados incontatáveis, e o processo foi suspenso para eles.
As interceptações foram iniciadas em janeiro de 2014, em telefones grampeados e escutas instaladas no carro usado por Robinho. As conversas entre o jogador e Falco reveladas pelo GE foram consideradas provas de que eles sabiam da condição da vítima.
De acordo com uma das transcrições, Robinho foi avisado da investigação pelo músico Jairo Chagas, que tocou na boate na mesma noite de 2013, e afirmou: "Estou rindo porque não estou nem aí, a mulher estava completamente bêbada, não sabe nem o que aconteceu".
"Olha, os caras estão na merda... Ainda bem que existe Deus, porque eu nem toquei aquela garota. Vi (nome de amigo) e os outros foderam ela, eles vão ter problemas, não eu... Lembro que os caras que pegaram ela foram (nome de amigo) e (nome de amigo) (...) Eram cinco em cima dela", completou.
 
Numa outra conversa com o músico, ele pergunta a Robinho se ele não transou com a mulher. O jogador nega, e Chagas diz: "Eu te vi quando colocava o pênis dentro da boca dela". Robinho responde que "isso não significa transar".
Ainda de acordo com a reportagem, a sentença mostra que, numa conversa entre Robinho e Falco, o amigo destaca que a "nossa salvação" era o fato de que o momento em que eles estavam com a jovem não fora flagrado por câmeras. No seu depoimento à Justiça, a mulher afirma que não tinha condições de falar ou de ficar em pé naquela noite e aponta Robinho com um dos envolvidos na violência.
A advogada do atleta no Brasil, Marisa Alija, afirmou que houve divergências na tradução dos áudios do português para o italiano, além de distorções e cortes. E que isso será apresentado no recurso.
Até o momento, o jogador, recém-contratado pelo Santos para sua quarta passagem pelo clube, não é considerado culpado, já que o processo ainda está tramitando na Justiça italiana, composta por três instâncias.

Possível condenação só poderá ocorrer após o processo tramitar nas três instâncias

Somente depois de percorrer essas três fases, a sentença pode ser considerada definitiva, com absolvição ou condenação - e, neste caso, com o início do cumprimento da pena. A audiência no Tribunal de Apelação de Milão está agendada para o dia 10 de dezembro.
"Será a primeira vez (do processo) nesse tribunal, mas não sei dizer se será a última, porque o juiz pode querer reabrir alguma questão ligada às provas, aprofundar alguma coisa, ouvir novamente alguma testemunha", disse o advogado Alexander Guttieres, que representa Robinho ao lado de Franco Moretti. Os dois escritórios, sediados em Roma, assumiram o caso depois da decisão de primeiro grau.
Caso a sentença final, na terceira instância, considere Robinho culpado, um novo processo terá início, dessa vez para decidir sobre o cumprimento da pena de prisão. A Constituição brasileira impede a extradição de brasileiros para países onde crimes tenham sido cometidos.
Guttieres afirmou que a defesa argumentará que a relação foi consensual: "O artigo que enquadra meu cliente é claro: fala em induzir alguém a beber ou tomar droga com objetivo de usufruir dela sexualmente. Não há provas de que isso aconteceu. Fazer sexo com uma pessoa bêbada ou drogada não fere a lei. Não estou dizendo que ele [Robinho] é uma pessoa perfeita. Ele mesmo reconheceu ter tido uma conduta pouco séria, mas crime não cometeu".
A defensora pública responsável pela defesa de Falco disse que não há prova de que eles deram álcool à mulher com o objetivo de se aproveitar sexualmente dela. O caso voltou à tona nos últimos dias, depois que seu retorno ao Santos foi anunciado, provocando indignação de torcedores e levantando o debate sobre a posição do clube, considerada contraditória após a participação em campanhas de combate à violência contra a mulher.
Na quarta-feira (14), após a notícia da perda de uma patrocinadora por causa da contratação, o Peixe publicou sua primeira nota oficial sobre o assunto.
"O clube não pode entrar no mérito da acusação, pois o processo corre em segredo de Justiça na Itália e sobretudo o Santos FC orgulha-se de, em sua história, sempre respeitar as garantias fundamentais do ser humano, dentre as quais, a presunção da inocência e o respeito ao devido processo legal", afirma a nota.
"Não será o Santos FC que lhe dará uma sentença antecipada, prejulgando e o impedindo de exercer sua profissão", continua a agremiação. "Infelizmente vivemos na era dos cancelamentos, da cultura dos tribunais da internet e dos julgamentos tão precipitados quanto definitivos, porém há a certeza que o torcedor do Santos FC entenderá que compete exclusivamente à Justiça realizar o julgamento."
O clube diz ainda que não há mudanças em seu posicionamento nas campanhas de combate à violência contra a mulher: "São valores irrenunciáveis e que fazem parte da história do legado Alvinegro".
O acordo entre Robinho e o time foi oficializado no último sábado (10), no CT Rei Pelé, com duração de cinco meses, até o fim do Campeonato Brasileiro, em fevereiro de 2021. O salário, segundo o clube, será simbólico de R$ 1.500,00, mas envolve também outros ativos de performance, prevendo bônus de R$ 300 mil após dez partidas jogadas e outros R$ 300 mil depois de 15 jogos. Os valores, no entanto, só serão pagos no próximo ano.
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