Ana Esteves, especial para o JC
A indumentária típica gaúcha é uma das expressões mais visíveis da cultura do Rio Grande do Sul: botas, alpargatas, bombachas, a pilcha completa são muito usadas a campo, por serem resistentes, práticas e confortáveis. E, ao mesmo tempo que seguem a tradição Pampa à fora, chegaram na cidade como tendência da moda, mantendo sua essência e adaptando-se às realidades das grandes metrópoles. O setor de vestuário tradicionalista cresce a cada ano, em função de uma maior qualificação de design, conforto e qualidade das roupas e acessórios. “Tivemos crescimento de 25% em vendas, na Expointer, em relação a 2024. A moda campeira vem crescendo justamente porque vem se consolidando no bom-gosto”, diz a empresária proprietária da Talabarta, de Porto Alegre, Valesca Fonseca, loja especializada em indumentária gaúcha.
• LEIA TAMBÉM: Pesquisa quantifica o PIB do Cavalo Crioulo no Brasil
A chegada da moda gaúcha à cidade fez brotar versões repaginadas de itens clássicos, como bombachas, botas e boinas, que se renovam sem romper com a tradição, incorporando novas estampas, cortes e texturas para agradar aos mais variados públicos. As prateleiras da Talabarta estão cheias de bombachas, camisas, coletes e todo tipo de vestuário, seja para quem trabalha no campo, tem o costume de montar a cavalo ou para quem simplesmente gosta do dress code. “Quem lida com cavalos busca estar bem-apresentado, mantendo a identidade cultural, mas com um toque de modernidade que liga o campo à cidade”, destaca. A bombacha, segundo ela, segue sendo peça-chave, como símbolo que ultrapassa a funcionalidade, como elemento de orgulho e de tradição, mas que admite evoluções. “Ela também evolui, seja através da escolha de tecidos ou em detalhes como bolsos, botões ou passadores de cinto, sem descaracterizar sua essência”, explica Valesca, reforçando que a moda é elemento da cultura e que não sairá de cena nunca.
Já as alpargatas, item obrigatório na mala dos gaúchos, seguem em alta, como é o caso da loja Haoni, de Sapiranga (RS), marca presença há nove anos e reforça a ligação histórica desse calçado com a cultura gaúcha. “É uma tradição entrelaçada com a nossa cultura”, destacou Adriel Scheffer Amado, da Haoni, lembrando que para atender a um público cada vez mais conectado com as novidades abastece os mostruários com combinações ousadas, que incluem bico de uma cor e estampa de outra. A moda gauchesca também chegou às joias, especialmente quando o tema é amor ao cavalo. As peças que eternizam os animais, lapidando-os em ouro e pedras preciosas, como mostra a Tulipas Joias, presente nas etapas do Freio de Ouro e provas da associação.
O vice-campeão do Big Brother Brasil, Matteus Amaral, ajudou a popularizar um dos itens mais utilizados da indumentária gaúcha: a boina. Confeccionadas por artesãs de Alegrete, terra natal de Amaral, as peças “são uma espécie de obra de arte, um trabalho muito minucioso. Até me emociono, pois, quando saí do programa, não tinha noção do que estava vivendo. Quando cheguei à minha cidade, muitas pessoas me disseram: eu ganhei dinheiro graças a ti. Gracias por falar da nossa boina”, lembra. Em função da alta demanda por peças do vestuário tradicionalista, Amaral decidiu ampliar seus negócios e apostar na confecção de uma linha exclusiva de alpargatas. “São calçados universais, confortáveis. Pensei em algo que todos pudessem usar, abrindo caminho para um público grande”, indica, de olho nas vendas nacionais. As novas apostas do brother seguem no caminho de tornar mais populares, na cidade, os costumes vindos do campo e, por isso, também terá uma marca exclusiva de erva-mate. “Lançamos recentemente e está sendo um sucesso. Durante a Expointer foram vendidos mais de uma tonelada do produto. Comemora Amaral.
Matheus Amaral, ex-BBB, popularizou o uso da boina e tem linha de produção de alpargatas
ABCC/Divulgação/JC
O vice-presidente de Comunicação da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), Daniel Jaeger Gonçalves da Silva, afirma que o crioulista tem uma relação com seus animais que se externa em diferentes áreas. “Ele é lida de campo, esporte e também dita a vestimenta de gerações. Ao longo dos anos, a indumentária mudou e temos peças para agradar todos os gostos. E assim, a paixão pelo Cavalo Crioulo movimenta o mundo da moda, gerando renda e empregos para diferentes empreendedores. Aqui, junto à sede da ABCCC, em Esteio, temos um segmento que só cresce e se atualiza, ditando tendências e inovando sempre", destaca.
No campo, a pilcha tem um foco muito mais funcional do que estético. As bombachas — calças largas presas com bota ou alpargata — são essenciais, pois oferecem mobilidade para montar a cavalo e realizar tarefas rurais. A camisa é, geralmente, de tecido leve e de manga longa para proteção contra o sol e o frio. O lenço no pescoço pode ter cor neutra e serve tanto como proteção quanto como símbolo tradicional. Já o chapéu, de aba larga, protege do sol e da chuva. O cinto largo (guaiaca), que pode carregar facas ou outros instrumentos, é indispensável no trabalho diário.
• LEIA TAMBÉM: Tradicionalismo reforça a tradição e movimenta a economia
Já na cidade, a bombacha pode ser usada de forma versátil. “Com tênis, scarpin, botas, pode ser usada com uma t-shirt ou camisa especialmente entre as mulheres. Uma moda campeira, mas com aprimoramento”, diz Valesca. Nos eventos culturais, em CTGs ou festas tradicionalistas como a Semana Farroupilha, a pilcha ganha contornos mais simbólicos. Nesse caso, o traje segue regras mais rígidas definidas pelo Manual de Indumentária do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), com variações permitidas de acordo com o contexto: campeira, de gala, artística. Para os homens, a bombacha é combinada com botas, camisa social, colete ou jaqueta, e lenço, muitas vezes preso com um anel de couro (guadamecil). Chapéus e guaiacas mais trabalhadas completam o visual. Para as mulheres, o vestido de prenda é indispensável: longo, rodado, com rendas, babados e cores vivas.
Já na cidade, a bombacha pode ser usada de forma versátil. “Com tênis, scarpin, botas, pode ser usada com uma t-shirt ou camisa especialmente entre as mulheres. Uma moda campeira, mas com aprimoramento”, diz Valesca. Nos eventos culturais, em CTGs ou festas tradicionalistas como a Semana Farroupilha, a pilcha ganha contornos mais simbólicos. Nesse caso, o traje segue regras mais rígidas definidas pelo Manual de Indumentária do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), com variações permitidas de acordo com o contexto: campeira, de gala, artística. Para os homens, a bombacha é combinada com botas, camisa social, colete ou jaqueta, e lenço, muitas vezes preso com um anel de couro (guadamecil). Chapéus e guaiacas mais trabalhadas completam o visual. Para as mulheres, o vestido de prenda é indispensável: longo, rodado, com rendas, babados e cores vivas.