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Publicada em 18 de Setembro de 2025 às 16:32

Pesquisa quantifica o PIB do Cavalo Crioulo no Brasil

Ícone da identidade do gaúcho teve comercialização de R$ 14,51 milhões nos leilões na Expointer

Ícone da identidade do gaúcho teve comercialização de R$ 14,51 milhões nos leilões na Expointer

Felipe Ulbrich/Divulgação/JC
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Ana Esteves, especial para o JC
Ana Esteves, especial para o JC
Com um trote firme e olhar atento, sob o comando do punho forte do ginete, o Cavalo Crioulo, um dos símbolos máximos do tradicionalismo gaúcho, representa a resistência de um animal cunhado para o trabalho a campo e que, nos últimos tempos, também tem demonstrado sua potência econômica. Dados preliminares de um estudo realizado pela Esalq/USP indicam que a raça Crioula injeta R$ 3 bilhões por ano na economia do Rio Grande do Sul, ou seja, cada cavalo traz mais de R$ 8,9 mil em receita para a sociedade.
O estudo foi encomendado pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC) e deve ser apresentado até o final do mês de setembro de forma estratificada. “O cavalo não é apenas uma paixão ou um hobby de luxo. Há uma geração de emprego e renda fantástica atrelada a ele. Com essa pesquisa, vamos trazer o exato valor disso tudo”, salienta o presidente da ABCCC, César Augusto Rabassa Hax. A pesquisa revelou ainda que a raça gera 15 mil empregos diretos dentro da porteira, sem considerar setores 21 paralelos como selarias, provas, leilões, vestuário, mídias, transporte, entre outros.
O levantamento do PIB do Cavalo Crioulo Nacional irá mensurar a movimentação econômica da raça e deve se transformar em ferramenta para o projeto da expansão que, neste ano, completa 10 anos de investidas do Oiapoque ao Chuí. “Estamos começando a conhecer nossa expansão e a entender o que precisamos fazer”, salienta Hax, confiante de que ainda há muito a ser conquistado. Entre as tendências para a raça, indica aumento de sócios na chamada Região Oito, que inclui estados fora do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Prova disso é a participação de animais nesta Expointer, que tem 20 exemplares vindos desse polo de expansão.
Segundo o gerente de expansão da ABCCC, Gerson de Medeiros, o Cavalo Crioulo está presente em todos os estados brasileiros, com destaque para utilização na lida de campo. Em segunda colocação, aparece o uso de animais para práticas esportivas, principalmente nas provas de laço e Team Penning. “A expansão vai passar por maior expressão nas categorias esportivas no Brasil. Respeitando a cultura das regiões, o Cavalo Crioulo tem muito a crescer. O laço é uma modalidade com potencial exponencial, visto que 80% dos cavalos que laçam hoje são Crioulos”, informou Medeiros.
O trabalho de expansão capitaneado pela ABCCC teve início pelo estado de São Paulo, região com vasta agenda de provas equinas com manejo de gado. “Fomos estudando esse mercado e abrindo agendas nas diferentes regiões. Hoje temos provas em todos os estados do Brasil”, disse. Segundo ele, a agenda do Cavalo Crioulo deve seguir a rota do boi: ganhando o Sudeste e depois avançando para o Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Entre os potenciais mercados para 2026, está o uso em vaquejadas, provas tradicionais nos estados do Norte e Nordeste. “Uma das características da raça é a adaptação. O Cavalo Crioulo sai do extremo sul aqui com temperaturas negativas e vai para o Nordeste com mais de 40°C. Ele é muito resistente e resultado de anos de seleção”, ressaltou.
O ícone da identidade do povo gaúcho teve comercialização de R$ 14,51 milhões nos seis leilões da raça Crioula realizados, durante a 48ª Expointer. “O cavalo Crioulo está expandindo seus horizontes e ganhando força tanto no uso na lida quanto em atividades esportivas” afirma Hax. O valor comercializado foi justificado pelo incremento do fluxo de novos investidores e pela ampliação do número de animais nos criatórios. Além disso, Hax destaca o avanço da raça em estados do Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Mas o cavalo Crioulo não rende lucros apenas com a comercialização de animais. Durante os nove dias de Expointer, os lojistas localizados na Cidade do Cavalo, no Parque de Exposições Assis Brasil, também fizeram bons negócios. Os dados finais ainda estão sendo tabulados, mas, segundo Hax, o balanço preliminar indica movimentação de 20% a 30% superior neste ano em relação a 2024. “Ano passado tivemos as dificuldades decorrentes da enchente, mas, mesmo assim, as vendas foram muito boas. Neste ano, conseguimos novo incremento”, completou. Entre os setores com melhor resultado estão os lojistas de roupas, calçados e indumentária gaúcha.

A febre das provas equestres faz ginete criar escola para atender alunos carentes

Provas equestres têm crescente interesse de adultos e crianças

Provas equestres têm crescente interesse de adultos e crianças

Felipe Ulbrich/Divulgação/JC
Viver a infância a trote ou a galope no lombo de um cavalo é um privilégio gigante e cria memórias para sempre. E são essas recordações que o ginete Tomaz Gonçalves compartilha com os alunos e alunas da escola de equitação dele, muitos deles crianças carentes e que sempre sonharam em aprender a montar. "Montei o Centro de Treinamento Tomaz Gonçalves e começamos a trabalhar no projeto Mais Selas, Menos Telas como forma de ajudar as crianças a se desenvolverem, ajudar a transformar a vida dessas crianças", afirma o ginete. A iniciativa aproxima as crianças do convívio com os cavalos, como forma de desfrutar mais do mundo real, e deixar o virtual e o celular de lado.
O crescente interesse de adultos e crianças pelas provas como o Freio de Ouro, faz a procura pelas aulas aumentar e a necessidade de criar um sistema de bolsas para crianças carentes. "Muitas vinham assistir às aulas, mas os pais não tinham condições de arcar com o valor do curso. Então, junto com o Rochet, goleiro do Inter e com o ex-jogador colorado, Carlos de Pena, criamos um projeto social entre amigos", explica o ginete. São cinco padrinhos, com mais de 20 crianças apadrinhadas. Gonçalves conta que a rotina como ginete e todos os prêmios conquistados no Freio de Ouro estão ligados à infância que teve junto com os capatazes da estância, os peões, a ida para as competições junto com o pai, que também era ginete. "Ganhei o primeiro Freio Jovem com cinco anos de idade e, desde muito novo, o pai usou o cavalo para me ensinar a ter comprometimento e dedicação", acrescenta.
O sucesso do centro de equitação foi tanto, que foram feitas parcerias com outras escolas, em municípios como Santana do Livramento, em Bagé e fora do Estado, no Paraná e em Santa Catarina. O plano agora é tocar um projeto de expansão para o exterior. "Nossa intenção é levar a marca, abrir uma escola no Uruguai para mostrar a nossa cultura e a do cavalo Crioulo", explica Tomaz.

Cavalo Crioulo tem eventos em 10 estados

- 35 cidades em 2023
- 57 cidades em 2024
- Receita aumentou 14% ao ano nos últimos 4 anos

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