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Publicada em 09 de Outubro de 2025 às 19:01

Toca do Disco comemora a volta dos bons tempos para colecionadores da música

De portas abertas na rua Garibaldi desde 1989, a Toca do Disco é ponto de encontro dos apaixonados por música em Porto Alegre

De portas abertas na rua Garibaldi desde 1989, a Toca do Disco é ponto de encontro dos apaixonados por música em Porto Alegre

JUAREZ FONSECA/ESPECIAL/JC
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Juarez Fonseca
Em agosto de 2019, quando se comemoravam os 50 anos do Festival de Woodstock, Rogério Cazzetta e sua esposa Adriana ganharam um presentão dos filhos: assistir na localidade de Bethel, em Nova York, aos shows que marcaram a data. Para a música, especialmente o rock, Woodstock significou, além de símbolo da geração hippie, uma espécie de Renascimento. Naquele ambiente agora recheado de pessoas maduras, Rogério Cazzetta, aos 54 anos e vivendo em meio ao rock desde guri, se sentia em casa.
Em agosto de 2019, quando se comemoravam os 50 anos do Festival de Woodstock, Rogério Cazzetta e sua esposa Adriana ganharam um presentão dos filhos: assistir na localidade de Bethel, em Nova York, aos shows que marcaram a data. Para a música, especialmente o rock, Woodstock significou, além de símbolo da geração hippie, uma espécie de Renascimento. Naquele ambiente agora recheado de pessoas maduras, Rogério Cazzetta, aos 54 anos e vivendo em meio ao rock desde guri, se sentia em casa.
Bem cedo, ganhou dos pais, Luiz Antônio e Sindá, uma vitrolinha, e lá pelos 10 anos ouvia sem parar o disco da mãe com a trilha internacional da novela Estúpido Cupido, com Gene Vincent, Elvis Presley, Little Richard... Aos 12 anos, Sindá o levou à loja Pop Som, no centro de Porto Alegre, para comprar o primeiro LP de sua futura coleção: The Dark Side of the Moon, do Pink Floyd. Logo depois, um primeiro emprestou a ele discos de Jimi Hendrix, Janis Joplin, Rory Gallagher.
“Posso dizer que um dos embriões da Toca do Disco está aí”, lembra, sobre a loja solidamente situada na rua Garibaldi, 1.043, bairro Bom Fim, desde 1989. Na sequência, com dinheirinho contado, o rapaz ia abastecendo sua coleção em sebos de discos usados. Novos, só quando saía com o pai ou a mãe. “Meu pai trabalhava no Citibank, seguido viajava a São Paulo e eu pedia que me trouxesse discos importados, como Highway 61 Revisited, do Bob Dylan, e On the Beach, do Neil Young.”
Em 1982, Rogério foi pela primeira aos Estados Unidos e voltou com muitos LPs, alguns das bandas que tocaram em Woodstock. A discoteca ficava cada vez mais robusta. É aí que entra outro embrião da Toca. “Em 1988 fiz uns programas Clube do Ouvinte, da Katia Suman, na Ipanema FM, e os ouvintes piravam com aqueles discos importados que eu tocava, pediam pra gravar. Então eu dava meu endereço, eles levavam fitinhas cassete, eu gravava e cobrava”.
A estas alturas, o porto-alegrense Rogério, que sempre gostou de esportes, já estava formado pela Escola Superior de Educação Física da Ufrgs – onde conheceu a pelotense Adriana Cunha Duarte da Silva. Trabalhava com crianças até a quarta série, em escolas como a Patinho Feio. Mas Dona Sindá, vendo que ali não havia muito futuro, entra em cena de novo. “Me conhecendo bem, ela um dia me perguntou, assim do nada: ‘Rogério, tu não quer abrir uma loja de discos?’. Respondi: ‘Olha, mãe, eu quero’.”
Sequência: “A mãe me disse que venderiam um apartamento da família para comprar um espaço para a loja, o que foi feito em 1989. No início a loja era dividida ao meio, metade a Toca do Disco, levada por mim, e metade a Toca do Vídeo, locadora de VHS administrada por meus pais e minha irmã. Eles fecharam em 92, pararam quando entrou em cena o DVD. Mesmo assim a loja permaneceu dividida, discos/vídeos, por mais uns dois anos, até que decidi ampliar a Toca do Disco”.
Para começar, Rogério colocou à venda sua preciosa coleção de LPs e começou a comprar discos nas distribuidoras e gravadoras de São Paulo. Mas estamos falando de uma época de mudanças drásticas no mundo fonográfico. Em sua coluna em Zero Hora, em abril de 1988, este repórter publicou texto com o título Produção de CDs aumenta, apressando o fim do LP. Rogério lembra: “No início não tinha muito movimento, mas logo veio o boom do CD, que deu um up na loja, lá por 91/92”.
A concorrência aumentou também. Ao lado de lojas tradicionais, como a Pop Som e a Kings Discos, surgiram novas, como a Banana Records. Mesmo assim, mantendo LPs raros para colecionadores, atualizada no lançamento de CDs (inclusive com raridades trazidas dos EUA e Europa) e com o diferencial de abrigar a produção de músicos gaúchos de rock e MPB, a Toca do Disco começa aí a criar sua fama.
Não há bem que sempre dure, no entanto. Rogério: “Comecei em 1989 sozinho. Meu pai sempre me dava uma mão. Na época do boom tive que arrumar funcionários, vieram trabalhar comigo o Vinicius Garay Faccin, guri que eu criei aqui dentro, e o Ronaldo Virkel, que depois foi roadie do Wander Wildner. Aí veio aquela época das vacas magras, lá por 2002, 2003 em diante, que não se vendia CD nem LP. Entrou o Napster, música para baixar... Se a loja não fosse da família eu teria fechado”.
Nem mal que nunca se acabe. Rogério começou a vender LPs raros por bons preços para colecionadores de Porto Alegre, de outros Estados e até do exterior. Paralelamente, muita gente começou a se desfazer de seus LPs e CDs e procuravam a Toca para vendê-los. Estimulado, ele passou a procurar as raridades enquanto os amigos viajantes as traziam de fora. “A Toca começou a se reerguer, engrenou de novo. A volta do vinil deu um up não só à minha loja, mas a todas com o mesmo perfil”.
Contrariando todas as previsões, por mais plataformas de streaming que contabilizem milhões de views e downloads, Rogério Cazzetta, 60 anos, e os filhos Rafael, 32, e Francisco, 23, estão em outra, ou melhor, seguem na mesma. “O vinil saiu de cena e o CD, que foi o presente mais dado em muitos anos, também. Teve uma época em que não se comprava mais nada. Depois voltou o LP, tá voltando o CD. Pode-se dizer que o mercado foi bondoso pra esse tipo de loja que nós temos”, reflete.

'Hoje a música brasileira é a que mais vende'

Antes considerada coisa do passado, a aquisição de discos em formato LP e CD voltou a ser tendência - e a resistente Toca do Disco está na crista desta onda

Antes considerada coisa do passado, a aquisição de discos em formato LP e CD voltou a ser tendência - e a resistente Toca do Disco está na crista desta onda

JUAREZ FONSECA/ESPECIAL/JC
A Toca expõe cerca de cinco mil discos, novos e usados, meio a meio CDs e vinis. A propósito, "vinil" é uma palavra recente para denominar o LP velho de guerra. Passou a ser chamado assim pela nova geração e os artistas que cada vez mais aderem ao formato. E o CD, que parecia condenado à morte, vem ressurgindo. "Como o vinil tá muito caro, as pessoas voltaram a comprar CD, pra terem a mídia física", diz Rogério. Não por outro motivo, cresce a venda de aparelhos que tocam os dois formatos.
Desde os anos 1990 a loja colabora com a produção de álbuns de artistas gaúchos. Em 2022, assumiu o lançamento do LP O Escudo do Arcanjo Miguel, segundo solo de Beto Bruno, da banda Cachorro Grande. E em 2023 inaugurou o selo Toca do Disco Records com o relançamento, exatos 40 anos depois, do histórico Pra Viajar no Cosmos Não Precisa Gasolina, de Nei Lisboa - com produção executiva de Bruna Paulin, o novo vinil é incolor, transparente. Da tiragem de 300 cópias, restam dez.
O LP de Nei foi fabricado pela Vinil Brasil, uma das três fábricas de vinis do País, criada em 2017 em São Paulo. A primeira foi a Polysom, fundada em 1999 no interior do Rio de Janeiro, fechada em 2007 e reativada em 2009 pela Deck Disc. A terceira é a Rocinante, aberta em 2023 também no Rio. "Elas têm catálogos maravilhosos", resume Rogério, citando Cartola, Belchior, Milton Nascimento, Secos & Molhados, Marcos Valle, Novos Baianos, Nando Reis, Arrigo Barnabé, gente da nova geração e muitos mais.
O mercado cresce. Tanto, que até as grandes gravadoras, como a Universal, voltaram a lançar LPs - acabam de ser lançados, por exemplo, Transa, de Caetano Veloso, e Fruto Proibido, de Rita Lee e Tutti Frutti. Dos gaúchos, Rogério planeja relançar os primeiros e únicos discos do Saracura (1982) e do Liverpool (Por Favor, Sucesso, 1969) ou do Bixo da Seda (1976), bandas que tiveram praticamente a mesma formação. "Pra mim, o Bixo é uma das maiores bandas brasileiras de todos os tempos."
Rogério Cazzetta, o garoto que amava rock e discos (1988) | ARQUIVO PESSOAL ROGÉRIO CAZZETTA/REPRODUÇÃO/JC
Rogério Cazzetta, o garoto que amava rock e discos (1988) ARQUIVO PESSOAL ROGÉRIO CAZZETTA/REPRODUÇÃO/JC
O original do Liverpool foi o LP mais caro vendido pela Toca: R$ 2 mil. E foi um dos discos que levou Rogério a ouvir mais e mais música brasileira, pois no início a loja tinha praticamente só blues e rock clássico. "Sábado é um dos dias que temos mais movimento. Os discos brasileiros estão na entrada, o resto é tudo jazz, rock internacional e tal. E ficava aquele bolo de gente ali na frente. Comecei a ler mais, me especializar mais. Hoje, a música brasileira é a que mais vende."
"Esses dias peguei um lote de música brasileira, só raridades. Meu filho anunciou no Instagram e em dois ou três dias vendemos tudo", cita.
 

Uma loja que marcou várias gerações

Em 1994, quando o boom da venda de CDs deu um gás à Toca do Disco

Em 1994, quando o boom da venda de CDs deu um gás à Toca do Disco

ARQUIVO PESSOAL ROGÉRIO CAZZETTA/REPRODUÇÃO/JC
"Uma loja de discos não é apenas um estabelecimento comercial. É espaço de troca, fomento de cena, onde amizades se constroem. Uma loja de discos é o que é por conta dos seres humanos do outro lado do balcão. E a Toca do Disco se transformou no patrimônio imaterial da nossa música por conta do cérebro-coração que a comanda, Rogério Cazzetta, que hoje conta com seus filhos Rafael e Francisco para seguir seu legado. Como um templo de memórias musicais, a loja de discos preferida vai colecionando as marcas da passagem do tempo de seus clientes - no meu caso, desde o fim da adolescência, fornecendo grandes pérolas da minha discoteca, até o dia que participei do incrível projeto que é colocar um disco de vinil no mundo, o primeiro lançamento da Toca do Disco Records."
Bruna Paulin, artista e comunicadora
"Quando a Toca do Disco inaugurou, eu morava no Rio. Conheci a loja em 1990, quando voltei para Porto Alegre e queria dar uma renovada nos vinis. Fui lá e adquiri algumas raridades. Já começava a febre dos CDs, mas ainda fiquei fiel ao vinil - inclusive meu primeiro disco saiu nesse formato, e a Toca e a Pop Som foram as lojas que mais o comercializaram. Em 2000 voltei a morar no Rio, vieram outras formas - bem piores - de se ouvir música, e só retomei minhas audições de vinis durante a pandemia, quando, de volta a Porto Alegre, comprei discos excelentes na Toca. Finalmente, ao vir morar em Portugal, em 2022, precisava dar rumo para minhas coisas. Distribuí os CDs entre amigos, os vinis dei parte para um irmão e parte vendi para a Toca, fechando um ciclo de três décadas, com o Rogério sempre atencioso, paciente e amável."
Antônio Villeroy, músico
"O Rogério é um amor de pessoa. Todo mundo se apaixona pelo cara. É um dos nossos, o que é raro entre gente que, sem ser músico, vive do trabalho feito pelos músicos. Um dia desses, saiu a reedição especial deluxe em vinil do Clara Crocodilo, do Arrigo Barnabé, eu completamente sem dinheiro, ele sabendo que eu merecia aquele LP, me ofereceu trocar por uns CDs que eu estava vendendo a preço de banana. Certamente saiu no prejuízo, mas fez o que achava que era o certo. Esse é o Rogério."
Arthur de Faria, jornalista, músico e escritor
Rogério e a Toca do Disco em 2018, quando a retomada da venda de LPs fez o negócio voltar a apontar para cima | LUIZA PRADO/ARQUIVO/JC
Rogério e a Toca do Disco em 2018, quando a retomada da venda de LPs fez o negócio voltar a apontar para cima LUIZA PRADO/ARQUIVO/JC
"Toda grande capital cultural tem que ter no mínimo uma boa loja de discos e em Porto Alegre temos a Toca do Disco. Conheci a Toca e o Rogério quando me mudei de Passo Fundo pra POA em 1999. A primeira coisa que fiz quando cheguei foi ir atrás das lojas de disco, e desde lá eu tenho muito carinho e respeito com a casa. Naquela época o futuro das lojas de discos era incerto, pois estávamos passando pelo último respiro dos CDs. O Rogério então começou a apostar no bom e velho vinil novamente, mas dessa vez com LPs de catálogos importados, sendo pioneiro nessa nova fase. Hoje, sua loja é uma das melhores do país. Vida longa à Toca do Disco!"
Beto Bruno, músico
"Subir a rua Garibaldi até a Toca do Disco é uma experiência bacana. A lomba é acentuada, exige algum sacrifício, mas o esforço será recompensado. O Rogério tem excelente acervo de rock gaúcho, e os LPs importados dos Stones têm preços justos. Além disso, sempre é bom conversar com ele pra saber as novidades dos amigos músicos que passam por lá. É mais que uma loja. É uma toca de arte, resistência contra a barbárie digital, proporcionando convívio social, humano, verdadeiro."
Carlos Gerbase, cineasta, músico e escritor
"Conheci a Toca do Disco em meados dos anos 1990, após ter lido um depoimento de Joey Ramone no qual efusivamente citava discos de suas bandas favoritas. Lembro que numa manhã de sábado dirigi-me à Toca e lá adquiri os álbuns recomendados pelo vocalista dos Ramones: The Slider do T-Rex, School's Out do Alice Cooper, Slade Alive! do Slade, All The Young Dudes do Mott The Hoople e Too Much To Soon dos New York Dolls. São estes títulos fundamentais para a formação de meu gosto musical referente à “música rock”, os quais, por sinal, fizeram minha cabeça na adolescência e continuam fazendo até hoje. Os responsáveis por isso foram Joey Ramone, por ter me apresentado a estes baitas troços e, especialmente, o atencioso Rogério por tê-los à disposição na sua acolhedora loja."
Cristiano Bastos, jornalista, pesquisador e escritor
Nei Lisboa na Toca, com o relançamento de seu LP | ARQUIVO PESSOAL ROGÉRIO CAZZETTA/DIVULGAÇÃO/JC
Nei Lisboa na Toca, com o relançamento de seu LP ARQUIVO PESSOAL ROGÉRIO CAZZETTA/DIVULGAÇÃO/JC
"Eu era adolescente quando comecei a comprar discos na loja do Rogério. Depois acabamos nos tornando concorrentes, quando abri a Tamba Discos na Galeria Chaves, em 2001. Mas concorrentes não quer dizer adversários, pois sempre nos ajudamos mutuamente. Digo que somos coirmãos. A Tamba já foi indicada como uma das 30 melhores do Brasil e hoje não está aberta ao público, só atende com horário marcado. Quando alguém me pede um disco que não tenho, indico o Rogério."
Édison Tavares, comerciante de arte, coproprietário da Tamba Discos
"A Toca do Disco é uma sobrevivente do tempo em que Porto Alegre era a capital do disco raro. Colecionadores de outros estados que vêm à cidade sempre batem o ponto lá. Entre várias opções de música brasileira e estrangeira, o Rogério procura manter em estoque todos os títulos de músicos locais, e já bancou lançamentos de músicos gaúchos em vinil. É uma baita cabeça."
Emílio Pacheco, jornalista e escritor
"O normal lá pelas tantas era o bairro ter um armazém, uma lavandeira e até uma mecânica. Numa dessas, fiquei feliz demais ao ver o surgimento de uma loja de discos bem perto de casa e com um proprietário muito gente boa, conhecedor da história do rock e atento às novidades. Comecei a frequentar com regularidade. Um fluxo de compra e venda de discos, alguns raros. Quis o destino que, após os CDs e o streaming, os relançamentos em vinil voltassem com tudo, e hoje, se você quiser comprar discos de vinil do Frank Jorge, da Graforreia Xilarmônica ou do Frank & Plato e a Empresa Pimenta, pode ir tranquilo na Toca."
Frank Jorge, músico e professor da Unisinos
"Há uma palavra constante no vocabulário contemporâneo destes tempos líquidos que define bem o papel da Toca do Disco: resiliência. Eu prefiro ficar no luso-gauchês e dizer que o que move Rogério Cazzetta é a mais pura teimosia. Ele está muito além de um vendedor de discos. Seu trabalho tem sido de refinada curadoria tanto na seleção do acervo quanto na relação com os que visitam aquele verdadeiro templo da música. Minha relação com a Toca começou há uns 30 anos quando, voltando de São Paulo para a gloriosa Ipanema FM, passei a apresentar o programa Radiografia. O Cagê Lisboa me indicou a Toca para renovar meu estoque e o Rogério me emprestou CDs para rodar. Desde então, um dos prazeres da vida tem sido visitar a Toca, seja para garimpar naquele universo ou simplesmente jogar conversa fora."
Jimi Joe, jornalista, músico, escritor
"Na minha adolescência no Colégio Rosário, a poucas quadras da Toca, posso dizer que tive a sorte de ter o Rogério como um dos meus professores. Muitas vezes eu saía na hora do recreio, ia direto pra loja e não voltava mais pro colégio. As aulas na Toca eram mais interessantes. Trinta anos depois, o lugar segue um paraíso de discos, conversas e amizades. Ajudou a forjar meu gosto musical e a me conectar com pessoas que apreciam discos. Os horizontes musicais sempre se expandem quando vou até lá."
Lúcio Brancato, jornalista, criador do Canal Altos Plays, dedicado aos discos de vinil
Com a esposa Adriana no Woodstock | ARQUIVO PESSOAL ROGÉRIO CAZZETTA/REPRODUÇÃO/JC
Com a esposa Adriana no Woodstock ARQUIVO PESSOAL ROGÉRIO CAZZETTA/REPRODUÇÃO/JC
"Como toda boa loja do ramo, na Toca do Disco a figura do dono é responsável por mais da metade da fórmula. O Rogério é um bonachão que deixa o pessoal tão à vontade que, nos meus quase 30 anos como cliente, mesmo sem ele jamais me dizer "compra esse LP", raramente saí de lá sem levar alguma coisa. E nas poucas vezes que fui embora de mãos abanando, a simpatia foi sempre a mesma. Da última vez, entrei só para dar um oi e acabei saindo com um LP zero-bala do Miles Davis. Outro aspecto bacana, e que faz da loja um caso emblemático na cidade, é a militância como ponto de fomento à cena local."
Marcello Campos, jornalista, pesquisador, escritor
"Era um ritual: assim que eu botava meu dinheiro no bolso (primeiro a mesada, depois o salário) era em uma loja de discos que eu ia gastá-lo. Foi assim por décadas, desde um tempo, lá no longínquo 1979, quando Porto Alegre tinha dezenas de lojas de discos. Nelas vi o LP viver a sua melhor fase, agonizar, perder o lugar para o CD e voltar a viver nos últimos anos. Por essa razão, a Toca do Disco - hoje quase uma exceção no meio do deserto em que se transformou o comércio fonográfico - merece ser exaltada. Lá você encontra novidades, barbadas e raridades (ainda que algumas com valores nem tão acessíveis). Mas quem falou em dinheiro? Entrar em uma loja de discos ainda é um dos prazeres que não se mede pelo quanto se gasta - mas pelo quanto se ganha!"
Márcio Pinheiro, jornalista, pesquisador, escritor
"Não é nada que um porto-alegrense apaixonado por discos e música já não saiba, mas, sinceramente, uma passada na Toca do Disco é um tempo bem aproveitado. Das conversas com o Rogério ao acervo, que é uma tentação, a loja é um ataque aos sentidos, repleta de LPs e CDs. Porto Alegre não tem um roteiro turístico, mas, com certeza a Toca é um local."
Marcos Abreu, engenheiro de áudio
"Quando o Juarez me pediu para escrever algumas linhas sobre a Toca do Disco (e por tabela sobre seu proprietário), fiquei pensando na importância de a cidade possuir estes personagens fundamentais que, com seus espaços únicos, guardam e velam suas relíquias fonográficas para disponibilizar aos clientes. São raros e sobrevivem às agruras, por amor à camiseta da história da música. Pessoas de outro signo e quilate, assim como aqueles dos sebos de livros, numa Porto Alegre com quase um milhar de farmácias."
Nelson Coelho de Castro, músico
"Acho o máximo termos um espaço como a Toca do Disco, um lugar de referência mesmo. E não só porque sempre vendeu meus CDs e LPs. A loja e seus proprietários são muito importantes para Porto Alegre, para a nossa cena musical do Sul."
Vitor Ramil, músico e escritor
Encontro com Beto Bruno numa tarde de final de semana | JUAREZ FONSECA/ESPECIAL/JC
Encontro com Beto Bruno numa tarde de final de semana JUAREZ FONSECA/ESPECIAL/JC

* Juarez Fonseca é jornalista militante na área da Cultura, especialmente a música, com 50 anos de carreira.

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