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reportagem cultural

- Publicada em 06 de Outubro de 2022 às 18:58

Dez anos sem Tatata Pimentel: um legado de inteligência e bom humor

Dez anos após sua morte, amigos e colegas lembram com carinho da existência feérica de Tatata Pimentel

Dez anos após sua morte, amigos e colegas lembram com carinho da existência feérica de Tatata Pimentel


/ACERVO MARCELLO CAMPOS/DIVULGAÇÃO/JC
O nome era imponente, mas Roberto Valfredo Bicca Pimentel ficou conhecido por uma alcunha bem direta, que repetia a mesma sílaba três vezes, formando um apelido tão sonoro quanto facilmente identificável: Tatata. Se já não fosse suficiente este cartão de visitas simples e original, obrigando a quem se dirige a ele estalar a língua três vezes em direção aos dentes, Tatata, nos 74 anos de sua feérica existência, ainda deixou um legado de inteligência, bom humor, sagacidade, cultura e companheirismo. Lembrança esta que permanece viva na imagem dos que o conheceram e que ainda hoje - dez anos após sua morte - recordam com carinho da sua presença. Tatata foi múltiplo em múltiplas atividades. Aliás, tão múltiplo que fica difícil apresentá-lo: professor de literatura, colunista de jornal, comunicador, apresentador de TV, proprietário de galeria, RP, diretor do Museu de Artes do Rio Grande do Sul e do Atelier Livre, conhecedor íntimo da obra de Marcel Proust, de ópera, de musicais da Broadway e de peças de Beethoven, Mozart e Bach. Dono de humor refinado - tão refinado quanto o cavanhaque que emoldurava sua boca - e de um gosto requintado, o que não o impedia manifestar hábitos mais plebeus, como sua preferência por uísques nacionais em relação aos scotchs, como lembrou recentemente a sua amiga Eleonora Rizzo. Tatata foi inimitável.
O nome era imponente, mas Roberto Valfredo Bicca Pimentel ficou conhecido por uma alcunha bem direta, que repetia a mesma sílaba três vezes, formando um apelido tão sonoro quanto facilmente identificável: Tatata. Se já não fosse suficiente este cartão de visitas simples e original, obrigando a quem se dirige a ele estalar a língua três vezes em direção aos dentes, Tatata, nos 74 anos de sua feérica existência, ainda deixou um legado de inteligência, bom humor, sagacidade, cultura e companheirismo. Lembrança esta que permanece viva na imagem dos que o conheceram e que ainda hoje - dez anos após sua morte - recordam com carinho da sua presença. Tatata foi múltiplo em múltiplas atividades. Aliás, tão múltiplo que fica difícil apresentá-lo: professor de literatura, colunista de jornal, comunicador, apresentador de TV, proprietário de galeria, RP, diretor do Museu de Artes do Rio Grande do Sul e do Atelier Livre, conhecedor íntimo da obra de Marcel Proust, de ópera, de musicais da Broadway e de peças de Beethoven, Mozart e Bach. Dono de humor refinado - tão refinado quanto o cavanhaque que emoldurava sua boca - e de um gosto requintado, o que não o impedia manifestar hábitos mais plebeus, como sua preferência por uísques nacionais em relação aos scotchs, como lembrou recentemente a sua amiga Eleonora Rizzo. Tatata foi inimitável.
Fui uma das últimas pessoas a falar com ele. Tatata foi encontrado morto na manhã do dia 24 de outubro de 2012, vítima de um enfarte agudo do miocárdio. Na noite anterior, liguei para a casa dele, já que dificilmente conseguia falar com ele por celular. Atendeu ao primeiro toque. Nos poucos mais de seis anos em que estive à frente da Coordenação do Livro, poucas pessoas ficaram tão identificadas com o nosso trabalho quanto ele. Por duas vezes, nos deu a honra de ser jurado do Prêmio Açorianos de Literatura. E, em 2011, no Festival de Inverno, foi o responsável por um dos cursos mais animados e inteligentes que o público de Porto Alegre pôde presenciar.
Minha ideia ao telefonar para ele era tratar de dois assuntos: lembrar do lançamento de Na Ponta da Agulha, livro de Claudinho Pereira que seria autografado na Feira do Livro nos próximos dias - e no qual ele era um dos personagens mais presentes - e fazer um convite para que ele fosse o apresentador da noite de entrega do Prêmio Açorianos. Me pareceu feliz com os dois convites. Disse que iria no lançamento e aceitou ser apresentador, prometendo que passaria lá na coordenação nos próximos dias para acertar os detalhes. Antes, como me explicou, precisava resolver dois assuntos mais urgentes: cortar o cabelo e definir o roteiro final da viagem que faria à Europa na semana seguinte. Despediu-se animado, mandou lembrança aos meus pais - como sempre fazia - e confirmou o encontro. Estava cheio de planos e ideias.
Infelizmente, não teve tempo.
 

Um cronista da noite

Tatata Pimentel levou seu talento histriônico e sua bagagem cultural para a telinha, virando ícone na televisão gaúcha

Tatata Pimentel levou seu talento histriônico e sua bagagem cultural para a telinha, virando ícone na televisão gaúcha


/ACERVO MARCELLO CAMPOS/REPRODUÇÃO/JC
Sem nunca ter feito questão de esconder a idade, Tatata Pimentel estreou para a vida em abril de 1938. O palco, sim, foi pouco parecido com o que ele se acostumou a desfilar: a distante Santa Maria, quase nada semelhante a Porto Alegre para onde foi levado pelos pais aos sete anos e lugar onde passaria quase toda sua vida. Graduado em Artes Dramáticas e também em Direito e Letras, fluente em francês, Tatata deu sua primeira guinada no começo dos anos 1960 quando, através de uma bolsa de estudos, foi passar uma temporada estudando Línguas Neolatinas na Universidade de Dacar (atual Universidade Cheikh Anta Diop), no Senegal.
A distância era imensa, ainda mais naqueles tempos, mas a temporada não foi longa, tanto que permitiu a Tatata fazer uma boutade com sua rentrée na noite de Porto Alegre: ao chegar ao Encouraçado Butikim e rever as mesmas pessoas nas mesmas mesas de anos antes, Tatata concluiu que, em Porto Alegre, as mudanças eram lentas.
Caberia a ele acelerar este processo. "Incrível, fantástico, extraordinário. Quando o conheci, no esplendor da juventude, ele parecia um fauno. E era", lembra o carioca Fabiano Canosa, produtor e programador cinematográfico, radicado há anos em Nova York. "Eu o adorava. Nos conhecemos via Erico Verissimo no Carnaval de 1965 no Rio. Duas semanas depois, tirei férias e me mandei para Porto Alegre, onde passei dias divertidos ao lado dele. Voltei um ano depois e foi a mesma farra. Ele sabia tudo. Ele mudou a trajetória da minha vida. Ah, Anjo Azul!".
Tatata daria nova guinada em meados da década seguinte, quando seu talento histriônico e sua bagagem cultural passariam a ser aproveitados pelo veículo que havia sido feito sob medida para ele: a televisão. Passou pela TV Gaúcha (hoje RBS TV), pela Difusora (hoje Band), onde marcou época como um dos comunicadores do PortoVisão, ao lado de José Fogaça e Tânia Carvalho, e pela Guaíba (hoje Record).
Ficaria um tempo afastado das telas, só voltando em 1996, atendendo a um convite de Roberto Appel, então diretor da RBS TV. Em um programa com nome de samba de Túlio Piva, Tatata mapeava a noite de Porto Alegre em Gente da Noite. "Era jornalismo noturno, não colunismo social", fez questão de me frisar numa conversa em 1997. "Me aproximo mais do jornalismo do Goulart de Andrade do que desses apresentadores que vão numa única festa e entrevistam todos que estão lá".
Ganhava bem - não falava em valores, mas dizia que o salário lhe permitia luxos como as temporadas anuais de quatro semanas na Europa - mas isso era quase desimportante diante da alegria e do envolvimento que Tatata dedicava ao trabalho. Gostava de se exibir, de usar roupas extravagantes e, mais ainda, de imprimir em seu espaço doses de sofisticação cosmopolita de quem já havia circulado pelos melhores salões e se sentia em casa em Paris ou em Madri, suas duas metrópoles preferidas. "Era um dos jornalistas mais eruditos que o Rio Grande do Sul produziu. Também um dos mais engraçados, com um humor mordaz e corrosivo que fez a fama dele tanto para o bem quanto para o mal", conta o pesquisador teatral Luís Francisco Wasilewski. 

Tatata Pimentel, curtindo uma noitada ao lado do cantor Emilio Santiago (esq)

Tatata Pimentel, curtindo uma noitada ao lado do cantor Emilio Santiago (esq)


ACERVO CLAUDINHO PEREIRA/REPRODUÇÃO/JC
"Foi importante também, mesmo que não tenha carregado a bandeira da militância, para a visibilidade gay na televisão gaúcha. Lembro do escândalo que suas vestimentas causavam tanto na televisão, quanto no âmbito universitário. Lembro ainda que, uma vez, eu estava em seu apartamento e ele me mostrou a raposa que usaria em seu programa e me disse que Cristina Franco (então consultora de moda da RBS TV) ajudou na criação do seu estilo: 'Você tem uma personalidade forte, portanto deve usar roupas extravagantes'", acrescenta Luís Francisco.

Com este cotidiano pouco convencional, Tatata, como um vampiro da alegria, voltava quase todos os dias às 5h da madrugada para casa. Dormia pouco, mas se sentia revigorado pela energia que a noite e seus frequentadores lhe davam. Tatata era a adrenalina em estado puro, ainda que reconhecesse, numa entrevista de 1997, que já naquela época estava frequentando muitos lugares que normalmente não colocaria seus pés.

Da mesma forma que a noite havia mudado, ele também se espantava com outras mudanças, como o aumento do despreparo intelectual de muitos que o cercavam. Tatata flagrava que poucos liam - inclusive no ambiente acadêmico, que ele tão bem conhecia - e que muitos nem faziam questão de mascarar a própria ignorância. Quando encontrava um interlocutor que soubesse valorizar a cultura, Tatata se abria. "Ele às vezes tentava constranger o entrevistado e tentou comigo. Ficou dizendo que eu nada lia. Falei que tinha lido Shakespeare, não toda obra, e que havia lido todo o teatro de Nelson Rodrigues. A partir de então comecei a ser constantemente entrevistado", lembra Luís Francisco.

Bom como entrevistador, ótimo como entrevistado

De bigode, no inesquecível Encouraçado Butikin dos anos 1960

De bigode, no inesquecível Encouraçado Butikin dos anos 1960


/ACERVO MARCELLO CAMPOS/REPRODUÇÃO/JC
Articulado, loquaz, com preparo intelectual e agilidade mental, Tatata era bom entrevistador e ainda melhor como entrevistado. Falava sobre quase todos os assuntos (literatura, Proust, noite, ópera...), com maior ou menor intensidade. Raras são as opiniões não conhecidas de Tatata. Talvez apenas sobre futebol - jamais manifestou qualquer simpatia pelo esporte, menos ainda por Internacional ou Grêmio - e política partidária: não há registro de qualquer declaração dele de apoio a algum partido e/ou candidato. Outro tema sobre o qual Tatata fazia questão de ser discreto era com relação a sua vida afetiva. Em uma longa entrevista concedida aos jornalistas Júlio Ribeiro e Marco Antonio Schuster, da Revista Press, Tatata discorreu sobre os mais variados assuntos e só no final, com os jornalistas talvez já cansados, ele deu abertura para uma pergunta mais íntima. Mesmo assim os dois entrevistadores apenas cercaram o assunto: "Última pergunta: a resposta para uma pergunta que nunca te fizeram?", lançaram. Aproveitando a pouca objetividade, Tatata respondeu: "Não fizeram por que motivo, falta de coragem? Hoje em dia eu digo: 'ah, mas isso é da minha vida privada'. Saber a cor das minhas cuecas, com quem eu durmo, quem eu namoro, não vai acrescentar em nada no que eu faço. Essa é a resposta para uma pergunta que nunca me fizeram: 'Isso é da minha vida privada'".
"Tatata nunca levantou a bandeira gay, e não precisava. Nos anos 1970, ele foi importante em levar as pessoas da alta sociedade daqui na Flowers, a primeira boate gay de Porto Alegre", explica Luís Francisco. "Sabia tudo também sobre Luisa Felpuda. Ele me disse que ia ao cabaré até para assistir novela".
A morte de Luisa Felpuda, de nascimento Luis Luzardo Corrêa, foi um dos mais polêmicos casos policiais de Porto Alegre. O assassinato, seguido de um incêndio, ocorreu no local onde Luisa morava, um velho casarão no número 525 da Rua Barros Cassal, onde vivia com seu irmão e cinco cachorros. Uma reportagem publicada no jornal Lampião - na época um dos mais importantes entre os jornais alternativos do final dos anos 1970 - contava que a "casa funcionava ainda como rendez-vous de bichas, que pagavam oitenta cruzeiros por quarto". Logo antes, Luis Luzardo, sobrinho do caudilho e líder político Batista Luzardo, havia sido assassinado, e o caso foi dado como encerrado na manhã do dia 2 de maio, dois dias após o crime, quando, segundo o Lampião, "um michê, ex-soldado do Exército, chamado Jairo Teixeira Rodrigues, de 19 anos", se apresentou na 2ª DP, confessando o crime e devolvendo o fruto de seu roubo: um anel de fantasia, um relógio e cerca de 2 mil cruzeiros em dinheiro.
Demonstrando conhecimento, Tatata recordaria mais de uma década depois o triste fim de Luisa Felpuda em texto escrito para o livro Nós, Os Gaúchos, de 1993: "O maior bordel masculino era em Porto Alegre; o dono, um velho cercado de cachorros, apreciador de novelas e de boa paz, recebia na antessala seus clientes. Luisa Felpuda, chamava-se. Quartos imundos, luzes periclitantes, um cano d'água à guisa de chuveiro, mas, acima de tudo, aquele sabor do interdito, do condenado. Lá se expandiam senhores, soldados, jovens, amigos ou simplesmente fregueses ocasionais. Sempre havia alguém do exterior que já ouvira falar do famoso bordel de Porto Alegre. Temos quase que certeza que não foi lá que Proust (ou o narrador?) viu o verdadeiro Charlus ser sodomizado, e tampouco cruzou com algum nobre fugindo às pressas durante a noite. Mas foi o último ambiente internacional da cidade... Seu proprietário morreu assassinado e foi encontrado nos escombros da casa incendiada. O término infernal de uma época. No fogo extinguia-se uma cidade que ainda possuía segredos, maisons-closes e lupanares". 

Ele era a bandeira

Visual extravagante e alegria fizeram de Tatata uma lenda na noite da Capital

Visual extravagante e alegria fizeram de Tatata uma lenda na noite da Capital


ACERVO MARCELLO CAMPOS/REPRODUÇÃO/JC
Tatata Pimentel fez muito. Faltou um livro. O tema? Isso era o de menos. Tatata já era por si só um personagem imenso, uma figuraça que ia dos círculos eruditos aos mais mundanos. "Ele foi o tipo de pessoa que soube se impor pelo talento, cultura, inteligência. Ele nunca precisou levantar bandeira nenhuma, era o que era, como era e não se importava com o que pensassem dele, era superior a qualquer tipo de preconceito. Nesse sentido, foi um desbravador. Autenticidade o define bem. Faz muita falta para todos nós. Ele era a bandeira", ressalta o jornalista Ivan Mattos, que conheceu Tatata quando ainda devia ter uns 17, 18 anos.

Além disso, Tatata tinha bom texto, conhecimento e sabia de tudo. De Proust e ópera a cinema e musicais da Broadway, de artes plásticas e galerias a quem-transou-com-quem em Porto Alegre. Poderia ter feito um livro reunindo tudo isso, mas nunca demonstrou interesse. Ou talvez tenha tido interesse. Uma vez, cheguei a provocá-lo, cobrando este possível livro. Ele me olhou e me respondeu: "Márcio, se eu contar tudo o que sei, meu corpo aparece no dia seguinte jogado no Dilúvio".

Seis histórias de Tatata

Tânia Carvalho com Tatata Pimentel na Rádio Itapema, ouvindo Peggy Lee

Tânia Carvalho com Tatata Pimentel na Rádio Itapema, ouvindo Peggy Lee


/ACERVO PESSOAL TÂNIA CARVALHO/DIVULGAÇÃO/JC
Fabiano Canosa lembra: "Nas minhas duas visitas a Porto Alegre era Tatata night and day. Ouvíamos discos de Sinatra cantando Nice and Easy e Strangers In the Night. Mas o impacto maior veio quando ele me presenteou com os Cinco Concertos Para Piano de Beethoven, que, para mim, embora conhecedor das peças mais conhecidas dos grandes mestres compositores, foi o maior impacto clássico musical da minha vida. E foi Tatata quem mudou a minha apreciação de música sinfônica. Um tsunami de emoções foi o que Tatata me deu com aqueles cinco LPs. Durante anos perdemos o contato. Mais tarde, nos comunicamos por e-mail e, pouco tempo depois, fiquei sabendo de sua morte. Uma grande perda. Ele sabia tudo!".
O marchand Renato Rosa lembra que foi numa casa no bairro Petrópolis, em certa noite invernal, com lareira crepitando, que Eneida Amaral e o cirurgião-plástico Renato Viera fizeram um jantar em homenagem a uma personalidade internacional, a atriz e cantora Sarita Montiel, amiga de Renato. "Deslumbre total", recorda Renato Rosa. Sarita se encontrava na cidade para uma temporada no Le Club e foi muito saudada pelos convidados do jantar. "De repente ouve-se uma voz entoando a melodia de La Violetera, um dos maiores êxitos de Saritíssima. Era o Tatata, com um avental, pano na cabeça, um cesto de legumes nas mãos 'cantando', parodiando a diva com La Quitandera!!!! Ela adorou!".
Em 2008, Luís Francisco mudou-se para rua Sebastião Leão e se tornou quase vizinho de Tatata. Ia até ao mesmo armazém, na avenida João Pessoa. Foi lá, inclusive o último encontro entre os dois. "Ele estava muito fascinado lendo Shakespeare. Disse-me que queria conhecer Barbara Heliodora", lembra Luís Francisco. "Tatata então acendeu seu cigarro e começou a fumar. As pessoas da fila do armazém começaram a reclamar disso e fomos expulsos de lá. Então eu pensei: tantos anos se passou e Tatata continuava transgredindo".
Na estreia de O Estrangeiro, peça dirigida por Vera Holtz, Luís Francisco estava numa mesa no café do teatro com dois amigos quando Tatata chegou. Lá pelas tantas, o assunto caiu em Luísa Felpuda. Tatata lembrou o desfecho e Luís Francisco comentou: "Que coisa mais Rodrigueana". Tatata rebateu: "É mais a espanhola aquela". "Almodóvar?", perguntou Luís Francisco. E ele: "Esta!".
Ivan Mattos, colunista do Jornal do Comércio, lembra: "Tive com ele momentos marcantes, como quando eu o encontrava na frente de um bar na avenida Getúlio Vargas. Eu no caminho entre a garagem e a minha casa, e ele, na calçada, copo alto de uísque numa mão, cigarro na outra, sempre com conversas hilárias".
Luiz Jacintho Pilla, RP do Le Club e amigo de Tatata por mais de 30 anos, conta que na casa noturna, onde Tatata ia todas as noites, ele bebia vodca com o copo colocado sobre um suporte de luz verde fosforescente. Assim, não tinha como ninguém deixar de vê-lo circulando pelas mesas e pela pista.
 
 
* Márcio Pinheiro é porto-alegrense e jornalista. Trabalhou em diversos veículos da Capital, de São Paulo e do Rio de Janeiro.