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Publicada em 20 de Outubro de 2025 às 18:31

Cinco chaves que fizeram Nebraska decolar no uso de irrigação

Comitiva gaúcha conheceu campus de inovação da Universidade de Nebraska, em Lincoln

Comitiva gaúcha conheceu campus de inovação da Universidade de Nebraska, em Lincoln

Patricia Comunello/Especial/JC
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Patrícia Comunello
Patrícia Comunello
Por que Nebraska, no meio oeste dos Estados Unidos, entrou no radar como modelo de irrigação para ampliar a produção de grãos? No primeiro dia da Missão do RS nos EUA, justamente no estado, ficaram claras as habilidades que garantem a condução e nível de uso de reservas e que cobrem 13% da área de agricultura do Nebraska, algo como 3,6 milhões de hectares, de milho e soja.
Por que Nebraska, no meio oeste dos Estados Unidos, entrou no radar como modelo de irrigação para ampliar a produção de grãos? No primeiro dia da Missão do RS nos EUA, justamente no estado, ficaram claras as habilidades que garantem a condução e nível de uso de reservas e que cobrem 13% da área de agricultura do Nebraska, algo como 3,6 milhões de hectares, de milho e soja.
Representantes do Daugherty Water for Food Global Institute (DWFI, na sigla em inglês), da Universidade de Nebraska, listaram cinco aspectos que fazem o êxito do modelo
Os cinco pontos são capacidade de uso da tecnologia, dados mapeando áreas e ganhos para as culturas, relação com as comunidades e instituições, confiança no uso das autorizações e recursos financeiros. Só na questão de informações, o estado acumula 132 anos de registros de como é o comportamento e uso de água.
"Os dados são decisivos para a tomada de decisões", observou Nicholas Brozovic, diretor de Políticas do instituto. Outro detalhe na atuação nas regiões é a transparência das informações. Relatórios são emitidos anualmente com a condição das reservas de água, mostrando a situação do aquífero, no caso do Nebraska, o principal é o Ogallala.  
Comitiva acompanhou dados e como é o modelo de uso de recursos hídricos | fotos: PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Comitiva acompanhou dados e como é o modelo de uso de recursos hídricos fotos: PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
"São ferramentas para manejar água subterrânea. Precisa ter confiança entre os usuários. Sem construir essa confiança e os dados, não se criam ações para a área", ressaltou Brozovic. Os dados, por exemplo, também são subsídios para sustentar a pesquisa, que tem como um dos hubs o campus de Inovação da Universidade de Nebraska, onde fica o DWFI. Uma das preocupações para o futuro é ter uma nova geração de profissionais para atuar e com foco em segurança hídrica e alimentar.
"Irrigação é vista como uma maneira de garantir a produção”, apontou o diretor de pesquisa do instituto, Cristopher Neale. Brasileiro, mas há mais de 40 anos atuando no país com foco e especialização em uso de água para produção em engenharia, Neale coordenou o primeiro dia de visita da comitiva gaúcha.
O diretor de pesquisa citou que hoje a instituição está com parcerias com estados do Brasil, como Bahia, Mato Grosso e Paraná, para auxiliar em avanços no uso de águas subterrâneas.
Brozovic listou os principais fatores que impactam na utilização e futuro do modelo local | PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Brozovic listou os principais fatores que impactam na utilização e futuro do modelo local PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
O diretor de pesquisa destaca a construção de confiança com produtores e áreas onde há a coleta de água. "Quando falamos em irrigação, temos de olhar todos os usuários de água, desde campo à cidade, e até setores como indústria", orienta Neale.
Um dos aspectos que foram muito destacados é o cumprimento da lei e de regulamentos sobre o uso da água. “A transparência de dados é o fator de sucesso do modelo. Em anos que o aquífero baixa, adotam-se restrições. O agricultor pode ir olhar e ver que baixou e entender que a regra mudou para garantir a sustentabilidade futura", relaciona Neale. 
O diretor do instituto, Peter McCornick, pontuou que o caminho para ampliar áreas com irrigação envolve o engajamento dos produtores e como as instituições gerenciam os recursos de água. McCornick alerta para a disponibilidade hídrica. "É um investimento de longo prazo em educação e participação, mas precisa estabelecer um sistema de governo para gerenciar os recursos hídricos", recomendou o diretor. 

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