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Publicada em 13 de Maio de 2025 às 11:25

"Faremos o dever de casa para que o aumento de cadeiras não acarrete aumento de custos", afirma Hugo Motta

Hugo Motta falou sobre temas recentes e polêmicos no Poder Legislativo

Hugo Motta falou sobre temas recentes e polêmicos no Poder Legislativo

Fernanda Crancio/Especial/JC
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Fernanda Crancio
Fernanda Crancio Editora de Economia
De Nova York (EUA)
De Nova York (EUA)
Um dos palestrantes do evento LIDE Brazil Investment Forum, realizado nesta terça-feira (13) no tradicional Harvard Club, em Nova York, com cerca de 300 empresários, investidores, governadores- entre eles Eduardo Leite - e líderes dos três poderes, para fortalecer as relações econômicas entre Brasil e Estados Unidos, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) conversou com a reportagem do Jornal do Comércio antes de fazer sua participação em painel do evento. Ele falou sobre temas recentes e polêmicos que envolvem o Legislativo e analisou os impactos das medidas recentes do governo de Donald Trump sobre a economia do Brasil.
Jornal do Comércio- Tema que na semana foi bastante polêmico trata do aumento do número de deputados, que pode voltar para a Câmara. Como defender essa proposta perante as críticas da sociedade?
Hugo Motta- Nós respeitamos todas as críticas. O julgamento é democrático, nós vivemos naturalmente com isso. Qualquer coisa que disserem, que a Câmara dos Deputados deve encher, respondo que tivemos uma população que cresceu de forma significativa, que. uns estados, pelo desenvolvimento econômico, tiveram um pouco mais de avanços do que outros, o que, de certa forma, ajudou para atrair um aumento populacional. E agora, diante da decisão do Supremo Tribunal Federal, está vencendo o prazo de junho para que o Congresso pudesse se manifestar. E foi a primeira vez que o Supremo decidiu dessa forma, para que o Congresso se manifeste até junho. Se o Congresso não se manifestar, o TSE fará a redistribuição das vagas. Há uma certa discussão acerca disso. Diante dessa decisão, a Câmara dos Deputados decidiu, por decisão dos seus líderes, se debruçar sobre o tema e aí, diante de um trabalho que foi feito pelo relator, o deputado Damião Feliciano (União-PB), que, juntamente com a consultoria da casa, estudou esse aumento de vagas para que o nosso sistema pudesse ficar o mais proporcional possível, e fez um relatório aumentando 18 vagas, ajudando, assim, a fazer essa redistribuição em um movimento político, para que estados não perdessem representatividade política e os estados que têm direito a ganhar, pelo fato de ter tido esse aumento populacional, também não ficassem prejudicados. É o trabalho, e é simples aprovar essa medida, é eu, administrativamente, estudar uma maneira de que esse aumento não venha a aumentar o custo da Câmara dos Deputados. Eu penso que essa é a maior crítica da sociedade. Como disse, na Câmara dos Deputados nós faremos o nosso dever de casa para que essa decisão não venha acarretar aumento de custos para o contribuinte e para o orçamento da nossa casa
JC- Para isso, no entanto, será preciso cortar cargos, verbas e despesas dos gabinetes, o que tende a gerar resistência de seu pares. Como será feito sem cortar a estrutura que existe hoje para cada deputado? É possível fazer isso?
Motta- É possível sim. A Câmara dos Deputados tem um orçamento que você consegue remanejar de uma forma que possa absorver esse aumento de custos, algo em torno de R$ 60 milhões por ano. O custo para o salário do deputado, gabinete, da verba de representação parlamentar. Nós já estamos com a equipe estudando aonde nós precisaremos fazer esses ajustes. Temos também a oportunidade de, com o aumento de receita, que será fruto da venda da folha de funcionários para as instituições bancárias, poder fazer com que essa negociação também possa absorver esse aumento do custo com o aumento de vagas de deputados. Então, nós temos algumas opções, mas, garanto à sociedade brasileira, que nós não teremos aumento de custo, aumento do orçamento da Câmara para absorver o aumento da quantidade de cadeiras de parlamentares, caso essa venha a ser a decisão do Senado Federal, do projeto vindo a ser sancionado.
JC- Ontem, um enviado do presidente Donald Trump que participou de um jantar aqui em Nova York, falou que o Brasil tem três problemas: crime, corrupção e câmbio. Como o senhor reagiu a essa manifestação?
Motta- Eu vejo que o atual governo norte-americano é um governo que se inicia com muitas incertezas. O presidente tem tomado decisões, principalmente no campo econômico, que têm deixado, do ponto de vista da discussão da economia mundial, todos extremamente preocupados com essas decisões. Nós temos que trabalhar sempre, nós que temos nos Estados Unidos nosso segundo maior parceiro comercial, acompanhar de perto essas decisões, e temos que ter muita serenidade. O que nós vamos fazer é buscar ser mais eficientes, é ser mais responsáveis com as condições públicas, ser eficientes na marca de investimentos, para que os países possam crescer e se desenvolver ainda mais. O Brasil tem condições especiais, estamos aqui nessa semana do Brasil em NY, impressionante a quantidade de empresários e empresas internacionais que querem e acreditam no nosso país, nós temos agora o dever de ajudar nesse sentido, é isso que o Brasil precisa. Não vai ser batendo em funcionários do governo americano que nós vamos resolver, essa situação se resolve com tempo, com excelência, com habilidade.
JC- E como o tarifaço recente do governo Trump nos demais países afeta o Brasil e as relações com os EUA?
Motta- O Brasil tem uma balança comercial praticamente empatada com os Estados Unidos, até com uma pequena vantagem. Nós temos que entender como poderemos aproveitar as oportunidades que irão surgir com essas decisões, eu penso que esse é o principal papel que nós temos no momento.
JC- O RS realiza hoje em NY um evento em busca de investimentos para a reconstrução do Estado. Como essa etapa de retomada do Estado ainda pode receber atenção no Congresso?
Motta- Com certeza estaremos lá na presidência da Câmara dos Deputados sempre à disposição para ajudar o Rio Grande do Sul nessa tarefa de se recuperar após as graves enchentes que, infelizmente, assolaram o Estado.
JC- Grupos de parlamentares vêm criticando o STF e pressionado o senhor a pautar a urgência para o projeto que trata do perdão judicial aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Como o senhor vê a questão?
Motta- Respeito essa ideia que tem o poder de uma medida aprovada pela Câmara dos Deputados que determina o fato de os processos relacionados ao 8 de janeiro. O julgamento se encerra hoje pela manhã. Após o julgamento ser encerrado, nós nos manifestaremos juridicamente.

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