A criatividade tem feito a diferença em Gravataí para garantir a atração de investimentos e a ampliação de atividades industriais, em um momento em que encontrar áreas disponíveis na Região Metropolitana de Porto Alegre é um desafio. A solução encontrada foi a criação de pequenos distritos e condomínios industriais em áreas que pertenciam ao poder público. Já são dois desses distritos em instalação e pelo menos outros dois em fase de planejamento pelo governo municipal.
"A procura de empresas interessadas em se instalarem em Gravataí aumentou muito, especialmente após, e já durante, a cheia do ano passado, porque fomos muito pouco atingidos. Naturalmente, algumas áreas privilegiadas, em que não houve alagamento, chegaram a quadruplicar seus valores, o que é natural. Nós tratamos de criar condições de garantir instalações de novas indústrias de pequeno e médio porte e de ampliar, em áreas mais adequadas, as operações de algumas já atuantes em Gravataí com um modelo de venda incentivada, tendo a geração de empregos como um pilar fundamental", explica o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico de Gravataí, João Maria de Campos.
A mais recente das áreas vendidas a um grupo de 10 empresas – oito delas já atuantes em Gravataí e outras duas vindas de Esteio e Cachoeirinha – teve a entrega simbólica celebrada no final de fevereiro. Somente nesta concentração de indústrias, explica o secretário, serão em torno de 180 novos empregos em um prazo de cinco anos, ou 58% a mais do que elas empregam hoje.
A mais recente das áreas vendidas a um grupo de 10 empresas – oito delas já atuantes em Gravataí e outras duas vindas de Esteio e Cachoeirinha – teve a entrega simbólica celebrada no final de fevereiro. Somente nesta concentração de indústrias, explica o secretário, serão em torno de 180 novos empregos em um prazo de cinco anos, ou 58% a mais do que elas empregam hoje.
"Desde 2010 este grupo de empresas buscava uma área mais adequada à ideia de expansão desses negócios. E essa não é uma oportunidade muito comum para pequenas indústrias, por isso trabalhamos em grupo. Entre as 10 empresas, sete estão em áreas residenciais e outras três em áreas locadas sem qualquer possibilidade de expansão para os seus processos. Hoje, estão todas em áreas de, no máximo, 300 metros quadrados. Com essa área, em média, serão 1,5 mil metros quadrados para cada operação. Um avanço que garantirá certamente novos negócios e mais empregos", diz o presidente da Associação Setorial Metal-Mecânica do Vale do Gravataí (Semmegra), Dilque Diones, que representa as empresas a serem instaladas nesta mais recente área destinada por Gravataí.
Trata-se de uma área com 15 mil metros quadrados no bairro Neópolis, no limite entre Gravataí e Cachoeirinha, nos arredores da rodovia ERS-118, em um espaço adequado à atividade industrial. De acordo com Campos, era uma área pertencente à prefeitura e sem previsão de uso. "Temos uma lei de incentivo para esse perfil de empreendimento, com a venda incentivada, reduzindo em até 90% o valor da área para os empreendedores, com redução de 5% a até 2% e tendo como condicionante a geração de emprego gradual em um prazo de cinco anos a partir da instalação. Então, o retorno de impostos com esses empreendimentos não é imediato, mas a movimentação da economia, sim. É como diz o nosso prefeito Luiz Zaffalon, estamos tirando pessoas da fila do desemprego para a fila do supermercado. São empregos que serão gerados", comenta o secretário.
O diálogo entre a Semmegra e o governo municipal iniciou em dezembro de 2021, até a viabilização do projeto, com adequação aos incentivos do município. Ao todo, as 10 empresas, que atuam em atividades como automação, caldeiraria, manutenção industrial, usinagem e balanceamento para outras indústrias, investirão R$ 14 milhões para erguer o novo distrito. E já há perspectiva de valorização com o anúncio.
"Logo que anunciamos a entrega das áreas, diversas outras pequenas indústrias me ligaram interessadas em se instalarem, mesmo sem incentivos, ao redor desse novo distrito. Muitas vezes, as nossas empresas atuam em consórcio para projetos específicos, porque são complementares. Em breve, uma área que estava subutilizada será um novo e eficiente ecossistema industrial para a cidade", aponta Diones.
Futuro distrito "dentro" do Complexo Automotivo
A perspectiva é de que em dois anos as empresas estejam atuantes naquela área. Foi o segundo local entregue pelo município, em um projeto iniciado em 2024 – justamente após as inundações no Estado.
Dentro da própria área do tradicional Distrito Industrial de Gravataí, a prefeitura tinha uma área originalmente reservada à construção de um novo Centro Administrativo. O plano, porém, foi abortado com a compra das instalações até então pertencentes à Ulbra, e que hoje já abrigam praticamente toda a administração municipal.
O destino daquela área, um pouco menor, foi a divisão em lotes e a venda incentivada para seis pequenas e médias indústrias que já trabalham na transformação dos terrenos e devem estar operando até o final de 2026. "Sempre que abrimos uma nova área, como fizemos nestes dois casos, já tem fila de empresas interessadas em adquirir uma área e se instalar em Gravataí", garante Campos.
A perspectiva é de que a ideia tenha o seu ápice, possivelmente, nos próximos meses. Desde a instalação do Complexo Automotivo da General Motors, havia a previsão de cedência de uma área com pelo menos 40 mil metros quadrados ao município. Mesmo com a doação da área já concluída pela multinacional, o imbróglio prossegue, com questionamentos relativos ainda à indenização por parte do governo estadual aos antigos moradores da área que se transformou no complexo.
Quando vencidas as questões burocráticas, a intenção do governo local é transformar a área em mais um pequeno distrito industrial, com até 40 empresas instaladas. Neste caso, há uma parceria com a Associação Comercial, Industrial e de Serviços (Acigra) para a definição das empresas que se instalarão ali. E o secretário garante: a fila já está grande.
O possível quarto pequeno distrito a ser criado em Gravataí será o único vocacionado. Trata-se de uma área junto ao loteamento residencial de alto padrão Prado, no qual já há o Prado Tech, que é o parque tecnológico e de startups de Gravataí. Naquela área, com 15 mil metros quadrados e que também deverá ser desmembrada, o projeto é atrair empresas de tecnologia, reforçando o hub de inovação da cidade.
A tradição industrial
* Criado pela antiga Cedic (Companhia Estadual de Desenvolvimento e Indústria, hoje equivalente à Secretaria de Desenvolvimento Econômico) em 1973 em uma leva de cinco distritos industriais – Gravataí, Cachoeirinha, Santa Maria, Rio Grande e Butiá – em uma área de 387 hectares ao lado da então nova rodovia freeway, o Distrito Industrial de Gravataí é um dos mais tradicionais do Rio Grande do Sul
* São 27 empresas instaladas na área original do distrito, no entanto, com a expansão, venda e adequação das áreas do Distrito Industrial, já são 132 empresas instaladas na região.
* Além do Distrito Industrial, Gravataí conta com pelo menos outras três regiões de concentração industrial e logística, no Complexo Automotivo (também às margens da freeway), às margens da rodovia ERS-118 e no bairro Parque dos Anjos.
* Ao todo, Gravataí tem hoje 46,6 mil empresas ativas. Desse total, 908 são indústrias.