Impulsionada pela alta demanda nas soluções contra as cheias do ano passado, a empresa gaúcha Higra, especializada em bombas anfíbias e submersas, aeradores e turbogeradores movidos a motores molhados – que atuam submersos –, projeta fechar 2025 com faturamento acima dos R$ 200 milhões, uma marca recorde para a empresa de 25 anos. Resultado direto dos investimentos feitos em seu parque industrial neste ano.
De acordo com o CEO da empresa, Alexsandro Geremia, são aportados R$ 10 milhões em 2025 para a verticalização da produção de motores em sua nova unidade, em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, denominada Higra Motors, com estruturação das linhas de montagem de motores e de uma grande unidade de usinagem.
Com sede em São Leopoldo, no Vale do Sinos, a Higra adquiriu uma nova planta industrial na Serra justamente a partir da demanda em alta a partir do atendimento aos locais inundados em 2024.
"Hoje somos uma das principais referências no País na fabricação dos chamados motores molhados. O nosso objetivo é termos maior capacidade de montagem em São Leopoldo e de verticalização da produção, unindo usinagem e fabricação, em Caxias do Sul, além de reforçarmos nosso papel como desenvolvedores de tecnologias elétricas. Nossa especialidade é oferecermos soluções completas, seja no bombeamento, aeração ou geração de energia limpa. Em todos esses casos, o nosso consumidor não quer mais ter que comprar peças de diversos fornecedores para construir o seu equipamento. Nós oferecemos o sistema completo, a solução", explica Geremia.
Por isso, na sequência do investimento na Serra, em 2026 a Higra já projeta aportar outros R$ 10 milhões, mas em São Leopoldo, a serem destinados a agora definida como unidade de montagem da empresa. O recurso será destinado à ampliação do espaço para montagem de motores e sistemas para grandes estruturas, especialmente voltadas às linhas de drenagem.
Oportunidades no Brasil e no exterior
Para que se tenha uma ideia, com o aquecimento do mercado, que buscava retirar a água das cidades em maio de 2024, o faturamento da Higra no ano passado chegou aos R$ 180 milhões, mais do que o dobro de 2023. E, em 2025, o crescimento seguiu, chegando a 11% em relação ao ano anterior.
Durante todo aquele mês de maio de 2024, a empresa disponibilizou, entre aluguel, venda e empréstimo, 19 bombas que drenaram mais de 20 bilhões de litros de água de volta para os rios gaúchos. Os equipamentos foram alocados nas cidades de São Leopoldo, Novo Hamburgo, Canoas, Porto Alegre e Cachoeirinha. Entre os principais clientes locais atualmente estão as prefeituras de São Leopoldo e Santa Maria.
De acordo com Geremia, pesou o grande diferencial da empresa, que que trabalha com os equipamentos submersos e de instalação mais ágil. "Motores molhados, diferentemente dos secos, não requerem vedação para evitar a entrada de água e uso de lubrificantes. Sendo assim, além de diminuir consideravelmente as falhas mecânicas, não temos risco de contaminação ambiental em função de possíveis vazamentos de óleo", explica.
Ao longo dos 25 anos de atuação, já foram 9,5 mil equipamentos produzidos. São 200 funcionários nas linhas de produção. A estimativa é de que 80% da produção da empresa gaúcha tenha destino no mercado nacional. Em torno de 10% são destinados à América Latina e os outros 10% aos demais pontos do mundo. São 17 países com equipamentos da Higra. Eles respondem por 5% do faturamento.
E lá fora, segundo Alexsandro Geremia, também há desenvolvimento de tecnologias e soluções. Na Europa, a Higra é parte ativa no licenciamento de novas tecnologias limpas. Na Oceania, são desenvolvidos novos sistemas de bombeamento.
No mercado do saneamento
A empresa mira agora no aquecimento do mercado na área de saneamento básico, com as privatizações do setor e a necessidade de universalização do tratamento de esgoto. Bombas e aeradores, por exemplo, são essenciais nestes sistemas.
"Há um processo de ampliação do saneamento no Brasil, com um ritmo um pouco menos veloz no Rio Grande do Sul, mas com boas perspectivas a partir das privatizações. Mas os movimentos ainda são muito recentes. Estamos nos preparando para o aumento na demanda, mas ainda não se consolidou como um novo momento do mercado", aponta Geremia.
Em outra frente, a empresa, que também produz turbogeradores para energia hídrica, por exemplo, além de fornecer equipamentos para o tratamento de efluentes industriais, está de olho no avanço das ações de ESG no Brasil.
Dentro de casa, garante Alexsandro Geremia, o dever tem sido cumprido. Cálculos realizados pela empresa apontam que, nos 25 anos de operação, foram economizados quase 1,3 milhão de megawatts/hora em função do alto rendimento de seus equipamentos, gerados mais de 15,8 milhões de quilowatts/hora através de seus turbogeradores anfíbios e deixadas de serem emitidas mais de 50 mil toneladas de CO2 na atmosfera. "Somente com a energia economizada pelos nossos produtos, poderíamos abastecer 30 mil residências", orgulha-se Geremia.
Além das duas fábricas no Rio Grande do Sul, a Higra tem unidades em Itajaí (SC), Nova Lima (MG) e Paraupebas (PA). Há projetos já em execução em São Paulo, Espírito Santo, Santa Catarina, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Alagoas e Pernambuco.
Ficha técnica
Investimento: R$ 20 milhões
Estágio: Em execução (R$ 10 milhões) e Anunciado (R$ 10 milhões)
Empresa: Higra
Cidades: São Leopoldo, Caxias do Sul
Área: Indústria