Destravar a malha aérea regional é uma demanda antiga dos gaúchos. A reivindicação ficou ainda mais latente após as enchentes de maio, que deixaram o Rio Grande do Sul praticamente isolado com o fechamento do Aeroporto Internacional Salgado Filho.
A situação enfrentada por diferentes setores econômicos, principalmente nos primeiros meses após a tragédia climática, deixou evidente a necessidade de ramificar de forma mais intensa a malha aérea. Por isso, a decisão de repassar a gestão dos aeroportos de Canela e Torres - terminais que eram operados pelo Estado - à Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) precisa ser celebrada, entre outros motivos, porque deve incrementar a economia gaúcha, sobretudo o turismo.
A transferência do Estado à União se deu a partir de um compromisso da empresa pública federal de ampliar voos nesses dois aeroportos, que recebiam apenas aeronaves particulares. E as obras necessárias para a operação comercial do terminal de Torres já tiveram início. A previsão é que estejam concluídas em 30 dias.
Em Canela, a Infraero planeja investir na duplicação da largura da pista, que atualmente possui 18 metros de extensão, além de melhorias na área de embarque. A ideia é operar até o fim do ano, período de maior movimento de turistas com as celebrações de Natal.
Embora, em um primeiro momento, os aeroportos possam servir para atender à demanda reprimida pela falta de operação no Salgado Filho, a expectativa é que as operações se mantenham no longo prazo. Por isso, um segundo passo será convencer as companhias aéreas de que vale a pena incluir os dois aeroportos em suas rotas.
Um dos argumentos que pode ser usado é que Serra e Litoral Norte foram as regiões que mais cresceram em termos populacionais no RS entre 2012 e 2022, conforme dados do Censo.
Em relação ao Litoral Norte, outro fator com grande apelo é que, nos últimos anos, os municípios que o compõem vêm ganhando protagonismo tanto por sua economia, quanto pela sua urbanização.
Na Serra, Gramado e Canela recebem, juntas, até 9 milhões de visitantes por ano - 100 vezes mais do que os 90 mil habitantes somados dos dois municípios -, que movimentam pelo menos R$ 1,5 bilhão. Em Gramado, o turismo responde por 86% da economia local, e, em Canela, por 73%.
A habilitação dos terminais de Torres e Canela para voos comerciais possui potencial para fomentar sobremaneira a economia e desenvolver ainda mais as regiões onde se localizam.