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Publicada em 14 de Agosto de 2024 às 19:20

Um olhar atento ao produtor leiteiro gaúcho

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A crise no setor leiteiro gaúcho não é recente. São anos de perdas econômicas com a concorrência de produtos importados, problemas climáticos e redução do valor do litro do leite pago ao produtor, que gasta muito e recebe pouco. A situação, todavia, se agravou desde maio, com as enchentes no Estado.
A crise no setor leiteiro gaúcho não é recente. São anos de perdas econômicas com a concorrência de produtos importados, problemas climáticos e redução do valor do litro do leite pago ao produtor, que gasta muito e recebe pouco. A situação, todavia, se agravou desde maio, com as enchentes no Estado.
Trabalhar na pecuária leiteira não é uma tarefa fácil. Exige muitas horas de dedicação, atenção à propriedade rural, esforço físico constante e estudos sempre em dia. Outro grande entrave é a dificuldade em se achar mão de obra.
A situação tem levado muitas famílias a desistirem da atividade. E os números dizem muito sobre o panorama do setor no RS. Há quase 10 anos, haviam 84,1 mil estabelecimentos produtores de leite vinculados à indústria. Em 2023, eram 33 mil, 60,78% menos.
Outros fatores também têm sido mais relevantes para o abandono da atividade. Um deles é a concorrência com produtos lácteos importados, principalmente de países que integram o Mercosul, como Argentina e Uruguai. E nesse contexto, o Rio Grande do Sul, por uma questão de fronteiras comuns, tem sido o estado mais prejudicado com a concorrência.
Há um ano, em agosto de 2023, o Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex) definiu o aumento do imposto de importação, de 12,8% para 18%, pelo período de 12 meses, para três categorias de produtos lácteos de fora do Mercosul. Prazo que está se encerrando.
Contudo, a promessa de encontrar uma solução que protegesse a indústria leiteira da concorrência desleal com o Mercosul, não avançou. O governo federal argumenta que qualquer imposição pode ferir as normas do bloco.
A salvaguarda no RS veio por decreto do governo gaúcho. Em abril, com objetivo de fortalecer o setor leiteiro, o Executivo determinou a proibição, a partir de 2025, da concessão de benefício fiscal a empresas que utilizam leite em pó ou queijo importados em seu processo industrial.
Somados aos problemas de importação e preço e à perda de infraestrutura nas propriedades com as cheias, agora os produtores padecem com a falta de alimento para as vacas, pois grande parte da silagem e do pré-secado que haviam estocado se foi com as águas.
Por isso, é preciso um olhar atento do governo gaúcho ao produtor. Nesse momento, seria de extrema importância o aporte do Fundoleite - de custeio e financiamento - para subsidiar as propriedades que estão com dificuldade de alimentar o rebanho.
 

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