A relevância histórica das migrações europeias do século XIX para o povoamento da região Sul do Brasil é incontestável. Uma das mais importantes, sem dúvida, foi a de alemães, que, neste julho de 2024, completa 200 anos.
Essa relação teve como ponto geográfico central o município de São Leopoldo, no Vale do Sinos, onde, em 25 de julho de 1824, desembarcaram os primeiros 39 imigrantes de língua alemã, trazendo na mala o desejo de construir uma vida próspera por aqui.
Fizeram muito mais do que isso: adotaram o Brasil como segunda pátria e foram fundamentais no desenvolvimento econômico, cultural e social do RS, desde o setor rural até as áreas industriais e comerciais.
Ao se estabelecerem, deram início a um árduo trabalho no campo. Depois, alguns se especializaram no artesanato, usando madeira, ferro, couro e fibras. Esse viés foi, segundo alguns historiadores, a principal base para que a região do Vale do Sinos tivesse uma industrialização rápida, com a presença de empresas de grande porte.
O bicentenário da imigração, porém, não é um momento apenas para enaltecer a contribuição fundamental que tiveram na construção do RS que se conhece hoje, mas de celebrar as estreitas relações que os germânicos ainda mantêm com o Estado e o Brasil e as futuras parcerias que ainda estão por vir.
Hoje, a Alemanha é o maior parceiro comercial europeu do Brasil. São cerca de R$ 25 bilhões movimentados com importação e exportação entre ambas as nações e mais de 1.400 empresas alemãs em território brasileiro, que empregam cerca de 250 mil funcionários.
As empresas de origem germânica representam, ainda, cerca de 10% do PIB industrial do País. Apesar disso, a balança comercial é deficitária para o Brasil, que exporta, principalmente, alimentos, e importa produtos industrializados.
No RS, há várias áreas ainda a serem exploradas, principalmente nos setores de energia limpa, tecnologia e agronegócio. Acordos bilaterais sobre meio ambiente, planejamento urbano e desenvolvimento sustentável também podem ocorrer entre o Estado e a Alemanha.
Como exemplo, no primeiro semestre, o governo gaúcho deu um passo nessa direção ao assinar um Memorando de Entendimento com um dos maiores fabricantes mundiais de turbinas eólicas, com sede em Hamburgo.
Agora, é trabalhar para viabilizar os investimentos, que consistem, inicialmente, na construção de uma fábrica de torres, para atender aos projetos de energia eólica a serem implantados aqui.