Afetada com o assoreamento decorrido após as enchentes que atingiram o Estado no ano passado, a hidrovia gaúcha passa atualmente por dragagens realizadas em diversos locais. Um desses pontos considerados estratégicos para o acesso de cargas pelo modal aquaviário à capital do Rio Grande do Sul, o canal da Feitoria (situado na Lagoa dos Patos, na região de Pelotas), terá a sua dragagem finalizada em meados deste mês, o que permitirá a chegada de navios de maior porte a Porto Alegre.
O diretor de Relações Institucionais da Portos RS (companhia pública responsável pela gestão do sistema hidroportuário do Estado), Sandro Figueiredo de Oliveira, comenta que esse é o último maior gargalo para a operação de embarcações de até 200 metros de comprimento no porto da Capital. Atualmente, ele informa que a limitação é para a atuação de navios de até 150 metros. O dirigente recorda que o obstáculo mais desafiador até então que já foi superado era a necessidade da dragagem dos canais de Itapuã, Leitão e Pedras Brancas.
No total, o Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs) deve repassar para obras de recuperação do modal hidroviário cerca de R$ 730 milhões. Um dos canais que será dragado mais adiante é o do Rio das Balsas. Essa ação será importante para as embarcações chegarem e saírem do Polo Petroquímico de Triunfo.
Oliveira recorda ainda que está sendo feita a modelagem da concessão para a iniciativa privada do serviço de dragagens de manutenção da hidrovia de navegação Interior no Estado e do canal de acesso ao Porto de Rio Grande. “Isso vai permitir que tenhamos a certeza que o calado, que em Rio Grande será de 15 metros e na hidrovia de 5,18 metros, será preservado permanentemente”, enfatiza o dirigente.
A Portos RS também marcou para o dia 17 de novembro a abertura das propostas visando à contratação de empresa especializada para realizar o projeto de sinalização náutica da hidrovia gaúcha, compreendendo os trechos entre os portos de Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre até o canal do Rio das Balsas. No edital publicado, a companhia pública justifica a medida destacando que a hidrovia sob sua jurisdição tem registrado, nos últimos anos, um aumento significativo tanto no número quanto no porte das embarcações que nela operam.
Esse crescimento está diretamente relacionado à ampliação da atividade portuária, ao incremento das operações logísticas e ao fortalecimento da navegação Interior na região. Como consequência, há maior complexidade nas manobras, exigindo melhores condições de segurança e eficiência na navegação. A companhia acrescenta que o projeto de sinalização náutica atualmente em vigor encontra-se desatualizado, não refletindo adequadamente as condições operacionais da hidrovia.
De acordo com o diretor de Relações Institucionais da Portos RS, a sinalização dará maior competitividade ao modal hidroviário e à produção gaúcha. Ele assinala que, depois do projeto ser aprovado pela Marinha e implementado, paralelamente será feita a batimetria (medição de profundidade) CAT Alfa e o conjunto dessas ações, além de tornar a navegação mais segura, permitirá a operação noturna das embarcações.
O dirigente ressalta que, de 2022 (quando a Portos RS foi criada) a 2025, a empresa pública já investiu em torno de R$ 600 milhões no sistema hidroportuário do Rio Grande do Sul. Oliveira participou na sexta-feira da II Jornada da Mentalidade Marítima – Infraestrutura Aquaviária, realizada no auditório Romildo Bolzan, no Tribunal de Contas do Estado (TCE), em Porto Alegre.