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Publicada em 05 de Novembro de 2025 às 17:57

"A IA não veio para tirar empregos, veio para devolver a nossa humanidade", afirma Walter Longo no RD Summit

Walter Longo foi um dos palestrantes no primeiro dia do RD Summit 2025

Walter Longo foi um dos palestrantes no primeiro dia do RD Summit 2025

Dani Andrade/RD Summit/Divulgação/JC
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Giovanna Sommariva
Giovanna Sommariva Editora Assistente
De São Paulo
De São Paulo
A inteligência artificial (IA) não é apenas mais uma inovação tecnológica — é um divisor de eras. Essa foi a mensagem central do painel “Surfando no tsunami da IA”, ministrado pelo empresário, escritor e sócio presidente da Unimark, Walter Longo, durante o primeiro dia do RD Summit 2025, em São Paulo.

Conhecido por sua atuação no campo da inovação, Longo define a chegada da IA como um grande tsunami. Ele compara a nova tecnologia com as grandes transformações vividas nas últimas décadas, como a chegada da internet e das redes sociais. Mas, para o empresário, a diferença está no formato com que essa revolução acontece. “Nada veio até hoje com tanto impacto, velocidade e abrangência. As ondas anteriores até poderiam ter muito impacto e abrangência, por exemplo, mas não eram tão velozes. E a IA tem essa tríade muito forte. Ela promete varrer tudo e todos, alterando cenários de maneira disruptiva. Não dá para ficar deitado na praia enquanto o tsunami está vindo, nem tentar correr dele, é preciso aprender a surfar”, afirmou.

O palestrante defendeu que a inteligência artificial inaugura uma nova lógica competitiva, em que empresas menores passam a poder competir, pela primeira vez na história, em pé de igualdade com gigantes do mercado. "Empresas grandes já têm quem edite vídeo, têm verba para marketing suficiente para produzir suas coisas, têm área de inteligência de mercado. Quem não tem é a empresa pequena, ou melhor, não tinha, porque agora, com a IA, qualquer marca pequena consegue ter tudo isso. É isso que irá fazer, e já está fazendo, a grande mudança no mundo dos negócios e no cenário competitivo", descreve.
Ele reforçou que o futuro será construído pela simbiose entre a inteligência humana e a artificial — e que a IA deve ser vista como uma ferramenta de ampliação, não de substituição. “Nenhum ser humano é melhor que uma máquina, e nenhuma máquina é melhor que um ser humano com uma máquina”, destacou.

Ao contrário do que se pode pensar, que a inteligência artificial irá, cada vez mais, afastar o "humano", Longo defende que ela faz exatamente o oposto. "A IA não veio para tirar empregos, veio para devolver nossa humanidade", aponta. Para ele, elementos como intuição, emoção, compaixão, empatia e generosidade serão os mais valiosos nas empresas daqui para frente. "São os fatores humanos que vão fazer a grande diferença. Em terra de robô, quem tem coração é rei. Nunca foi tão importante ser humano", reforçou.
Ao longo do painel, Longo sintetizou os quatro principais impactos da IA nos negócios — transformações que, segundo ele, já estão redefinindo a economia global e o modo de trabalhar.

1. Aumento da produtividade

A inteligência artificial expande a capacidade produtiva das empresas e dos profissionais a um nível inédito, defende o empresário. Segundo Longo, a IA é “o maior gerador de eficiência que já existiu”, capaz de automatizar processos, eliminar duplicidades e reduzir retrabalho e ruídos de comunicação.
Para ele, essa competência contrasta com a condição humana atual, que enfrenta uma escassez de atenção diante da avalanche de informação que vivemos. “A IA não se distrai. Nós, ao contrário, estamos infoxicados, tentando prestar atenção em tudo e, no fim, não nos concentrando em nada.”
2. Redução de erros

Outro impacto direto da IA é a criação do que Longo chama de “copilotos” profissionais: ferramentas capazes de acompanhar o trabalho humano e corrigir falhas antes que aconteçam. Ele citou exemplos em diversas áreas, da medicina à hotelaria, mostrando como a inteligência artificial pode atuar como uma rede de segurança que “não dorme, não vacila e não esquece”.

“Errar não é mais apenas humano, é esperado. Por isso precisamos de copilotos que nos alertem e complementem nossas decisões. A IA não tira o lugar do humano, ela o protege de si mesmo, da perda gradativa de atenção”, afirmou.

3. Eliminação de custos

A IA também está revolucionando a estrutura de custos das empresas. Ele defendeu que os negócios do futuro serão mais leves e flexíveis, com equipes enxutas e competências baseadas muito mais na tecnologia. “O segredo não está em ter mais funcionários, mas em ser mais inteligente com menos posse. O leve é o novo forte”, disse. 

4. Relações individualizadas

Outro grande destaque é o fato de a IA permitir compreender o comportamento de consumo em tempo real e falar com cada indivíduo de forma única. “Pessoas não são, pessoas estão. Agora podemos entender cada uma em suas circunstâncias momentâneas e agir de acordo com elas”, explicou.

Para o especialista, o marketing deixa de ser “mass media” para se tornar “my media” — uma comunicação voltada ao indivíduo em movimento, e não mais a segmentos genéricos. “Gerir uma empresa daqui para frente significa entender pessoas, não apenas negócios. Vamos conhecer o consumidor antes mesmo de encontrá-lo”, disse.

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