Um ano após o lançamento do Plano de Desenvolvimento Econômico, Inclusivo e Sustentável do Rio Grande do Sul, o governo estadual avalia que a iniciativa começa a consolidar bases duradouras para o crescimento. Estruturado em cinco eixos – capital humano, ambiente de negócios, inovação, infraestrutura e recursos naturais –, o projeto foi concebido para orientar políticas públicas de longo prazo e garantir a continuidade de ações estratégicas independentemente de gestões futuras.
Instituído por decreto, o plano, que fez aniversário na última quinta-feira (30), é coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec) e tem governança compartilhada com outros órgãos e representantes da sociedade civil. Segundo o titular da pasta, Ernani Polo, o principal diferencial está na institucionalização. “Queremos que seja um plano de Estado, e não apenas de governo. Ele tem diretrizes que transcendem gestões, com revisões periódicas previstas para assegurar adaptação a novos cenários”, afirma.
O plano foi elaborado com apoio técnico da consultoria McKinsey e contou com a participação de cerca de 500 representantes dos setores público, privado e acadêmico. As ações estão distribuídas em 12 alavancas e 41 iniciativas, que vão desde a qualificação de mão de obra até a atração de investimentos em tecnologia e energia limpa.
No primeiro ano, o governo aponta resultados em diferentes frentes. No capital humano, houve ampliação das escolas de tempo integral e programas de qualificação profissional; em inovação, foram lançados editais de pesquisa e desenvolvimento, além do projeto Agrotec, voltado à agricultura digital; no ambiente de negócios, o programa Tudo Fácil Empresas foi expandido para 74 municípios, agilizando a abertura e formalização de empresas. Também avançou a digitalização da Junta Comercial, que agora utiliza inteligência artificial para reduzir o tempo de tramitação de processos.
Outro destaque é o eixo de recursos naturais, que inclui projetos de energias renováveis e biocombustíveis. “Lançamos recentemente um edital para habilitação de projetos de hidrogênio verde, um setor estratégico para o futuro”, observa Polo. Em infraestrutura, o Estado afirma que tem combinado investimentos diretos com novas concessões rodoviárias e melhorias logísticas.
Além de políticas públicas, o governo credita parte dos avanços à confiança gerada por um ambiente fiscal equilibrado. “O equilíbrio das contas é o que permite investir em segurança, educação e infraestrutura, fatores essenciais para atrair investidores”, afirma o secretário. Nos últimos meses, diz, o Estado tem acompanhado grandes investimentos privados, como os da Scala Data Center, Aeromot e CPC, além de novas prospecções em andamento. Em 2027, o Rio Grande do Sul receberá o cabo submarino Malbec, projeto da Meta e da V.tal que transformará Porto Alegre em um novo hub de conectividade da América do Sul.
No presente, segundo dados do governo, o primeiro semestre de 2025 registrou recorde histórico de abertura de empresas para o período desde 2003, e o saldo de empregos formais cresceu 18% entre janeiro e setembro, somando 78 mil novos postos. Para além do crescimento econômico, o plano tem pilares voltados à inclusão social e à sustentabilidade ambiental: as diretrizes consideram a transição energética, o envelhecimento populacional e a necessidade de preparar o Estado para os desafios climáticos.
“Precisamos formar pessoas qualificadas, produtivas e aptas a trabalhar com tecnologia. O Rio Grande do Sul envelhece, e isso exige políticas de educação e inovação para manter a competitividade”, aponta o secretário.
No futuro, as próximas metas incluem consolidar as 12 áreas prioritárias e intensificar a atração de novos empreendimentos. O governo projeta uma revisão operacional em 2026 e uma revisão estratégica maior em 2027, alinhada ao próximo Plano Plurianual. “Vivemos um novo momento. O Rio Grande do Sul tem equilíbrio fiscal, um ambiente de confiança e um plano estruturado. Isso nos permite pensar o futuro com segurança e atrair quem quer investir e gerar empregos aqui”, diz Polo.
A revisão ordinária da estratégia geral do plano ocorrerá a cada quatro anos, coincidindo com o ciclo do Plano Plurianual, e consistirá na determinação dos habilitadores de competitividade, alavancas, grupos de produtos e serviços classificados nas perspectivas econômicas de sustentação, ascensão, manutenção e apostas, e macrotendências globais.