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Publicada em 30 de Outubro de 2025 às 09:16

Regras de empréstimo do saque-aniversário do FGTS mudam a partir de 1º de novembro

ABBC afirma que 80% dos trabalhadores que hoje têm empréstimo do tipo serão afetados

ABBC afirma que 80% dos trabalhadores que hoje têm empréstimo do tipo serão afetados

MARCELO CAMARGO/ABR/JC
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Agências
As regras para empréstimo ligado ao saque-aniversário do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) mudam a partir deste sábado, 1º de novembro. As alterações, aprovadas pelo Conselho Curador do FGTS em reunião no início deste mês, foram confirmadas pela Caixa Econômica Federal, gestora do fundo.
As regras para empréstimo ligado ao saque-aniversário do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) mudam a partir deste sábado, 1º de novembro. As alterações, aprovadas pelo Conselho Curador do FGTS em reunião no início deste mês, foram confirmadas pela Caixa Econômica Federal, gestora do fundo.
A antecipação dos valores ficará limitada a até cinco anos, com parcelas de até R$ 500 por ano, o que dá R$ 2.500. Além disso, não será mais possível aderir ao empréstimo de forma imediata. O trabalhador terá 90 dias de prazo para fazer a antecipação após optar pela modalidade. As limitações incluem ainda a quantidade de operações por trabalhador por ano, que será de apenas uma, e valor mínimo de R$ 100 de antecipação do saque. A partir de novembro de 2026, só será possível antecipar até três parcelas, ou seja, três anos.
O saque-aniversário do FGTS é uma modalidade que substitui o saque-rescisão. Criado em 2019, antecipa parte do valor ao trabalhador que adere. Esse profissional, no entanto, fica sem acesso ao dinheiro do Fundo de Garantia na demissão sem justa causa.
O MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) estima que R$ 84,6 bilhões vão deixar de sair do fundo para as instituições financeiras e serão repassados aos trabalhadores até 2030. Para quem já tem empréstimo ativo, nada muda. Novas contratações, no entanto, entram nas novas regras. Até sexta-feira (31), valem as normas antigas.
Hoje, 90% dos que aderem ao saque-aniversário ganham até quatro salários mínimos e 26% fazem o empréstimo imediatamente ao aderir à modalidade. Oposição e instituições que representam os bancos são contra a medida. A ABBC (Associação Brasileira de Bancos) afirma que 80% dos 26,4 milhões de trabalhadores que hoje têm empréstimo do tipo serão afetados.
"Confirmando-se as estimativas, cerca de 20 milhões de trabalhadores não mais conseguirão realizar antecipações periódicas, mesmo possuindo saldo disponível nas respectivas contas de FGTS", diz nota.
A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) defende a limitação de até cinco anos, mas é contra a restrição de valores. "Essa modalidade pode ajudar na quitação de dívidas mais caras e está disponível inclusive para pessoas negativadas", afirma.
A Anec (Associação Nacional das Empresas Correspondentes Bancárias) diz preparar uma ação civil pública contra as mudanças, mas ainda aguarda uma possível reunião entre bancos e governo antes de entrar na Justiça. "Queremos sentar e demonstrar, com números, os impactos dessas decisões", afirma o presidente da entidade, Lourival Rocha.
Ele diz que estimativas apontam para queda de até 93% no volume de crédito antecipado nesta modalidade. "Hoje, o setor movimenta cerca de R$ 2 bilhões por mês. Pelas projeções que recebi, esse número deve cair para R$ 187 milhões em 2026 e cerca de R$ 160 milhões em 2027."
Os juros médios do empréstimo ligado ao saque-aniversário do FGTS estão em 1,79% ao mês. O deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP) apresentou o PDL (Projeto de Decreto Legislativo) 844/2025, na tentativa de suspender as medidas. Em suas redes sociais, chamou a atitude de "ilegal".
O FGTS é um fundo que protege o trabalhador em caso de demissão, mas seus valores também podem ser utilizados para casa própria e investimentos em saneamento. O trabalhador tem acesso a ele apenas em situações específicas definidas em lei. O STF (Supremo Tribunal Federal) já reafirmou o caráter de investimento público do fundo.

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