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Publicada em 25 de Outubro de 2025 às 11:50

Transporte metropolitano perde 65% dos passageiros em 20 anos, mostra estudo

Queda de demanda se reflete na sustentabilidade financeira das empresas

Queda de demanda se reflete na sustentabilidade financeira das empresas

ISABELLE RIEGER/ARQUIVO/JC
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Osni Machado
Osni Machado Colunista
Um estudo sobre o serviço público de transporte coletivo intermunicipal de passageiros na Região Metropolitana de Porto Alegre revelou um cenário preocupante: o sistema, responsável pelo deslocamento diário de milhares de trabalhadores, corre risco de colapso. O levantamento, coordenado pelo economista Gustavo Inácio de Moraes, doutor em Economia Aplicada e professor na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), apontou uma redução drástica no número de usuários ao longo dos últimos 20 anos, especialmente após a pandemia.
Um estudo sobre o serviço público de transporte coletivo intermunicipal de passageiros na Região Metropolitana de Porto Alegre revelou um cenário preocupante: o sistema, responsável pelo deslocamento diário de milhares de trabalhadores, corre risco de colapso. O levantamento, coordenado pelo economista Gustavo Inácio de Moraes, doutor em Economia Aplicada e professor na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), apontou uma redução drástica no número de usuários ao longo dos últimos 20 anos, especialmente após a pandemia.
De acordo com os dados apresentados pela Associação dos Transportadores Intermunicipais Metropolitanos de Passageiros, o volume de passageiros transportados caiu de 89 milhões, em 2019 para 51 milhões em 2024 — uma retração de 43% apenas nos últimos cinco anos e de cerca de 65% em duas décadas. O declínio é resultado de uma combinação de fatores, como o aumento do custo das passagens, a perda de competitividade frente ao transporte individual e a migração de parte dos usuários para serviços de aplicativos e caronas organizadas.
O impacto da queda de demanda se reflete diretamente na sustentabilidade financeira das empresas que operam as linhas intermunicipais, muitas das quais enfrentam dificuldades para manter a frota em funcionamento e garantir a regularidade das viagens. A redução no número de passageiros compromete a capacidade de investimento em manutenção e modernização, o que agrava o risco de deterioração da qualidade do serviço.
O transporte intermunicipal metropolitano é essencial para a mobilidade de trabalhadores de diversos setores — como saúde, educação, segurança pública, construção civil e comércio — que dependem diariamente desses deslocamentos entre as cidades do entorno e a capital gaúcha. Especialistas alertam que, sem medidas urgentes de reestruturação e incentivo, o sistema pode entrar em colapso, prejudicando a economia regional e ampliando as desigualdades no acesso ao trabalho e aos serviços públicos.

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