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Publicada em 23 de Outubro de 2025 às 12:01

Aeromot dá início à primeira fase das obras de complexo aeronáutico em Guaíba

Guilherme Cunha, CEO da Aeromot, participou do lançamento da pedra fundamental

Guilherme Cunha, CEO da Aeromot, participou do lançamento da pedra fundamental

Nathan Lemos/ JC
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Ana Stobbe
Ana Stobbe Repórter
* De Guaíba
* De Guaíba
Foram iniciadas nesta quinta-feira (23), as obras do Aerociti - Aerocentro Integrado de Tecnologia e Inovação, o hub aeronáutico da Aeromot. O lançamento da pedra fundamental do complexo ocorreu pela manhã, na cidade de Guaíba, no terreno que, inicialmente, seria destinado à fábrica da Ford, que nunca chegou ao Estado. A data foi escolhida por marcar o Dia do Aviador, que relembra o primeiro voo do 14-Bis de Santos Dumont, realizado em Paris no dia 23 de outubro de 1906.

Para 2025, estão previstas a limpeza e a terraplanagem do canteiro de obras. Ao longo de um período de mais ou menos um ano, conforme o CEO da Aeromot, Guilherme Cunha, as obras serão de preparação do terreno, incluindo o sistema de drenagem, eletricidade e esgoto, com poucas estruturas visíveis. 
Até 2027, entretanto, deverá ser finalizada a pista de 1,4 mil metros e uma fábrica de aeronaves, movimentando em torno de 700 trabalhadores de maneira direta e cerca de 800 de forma indireta. A estrutura poderá ser utilizada emergencialmente como alternativa ao Aeroporto Salgado Filho, de Porto Alegre e, em tempos de normalidade, movimentará a aviação executiva e de cargas. 
Para isso, serão desembolsados R$ 240 milhões, além dos R$ 60 milhões já investidos durante a preparação do projeto e obtenção das licenças. Até o momento, estão contratados financiamentos para dar conta do valor desta primeira fase das obras. A Aeromot não anunciou com quem foram realizadas as negociações. O presidente do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Ranolfo Vieira Junior nega que a instituição tenha tido conversas sobre a obtenção de créditos para o projeto. 
"As fontes são o próprio recurso da empresa, financiamentos e parceiros estratégicos também estão vindo para poder crescer e colocar empresas satélites, então isso é um ecossistema que vai ter investimento de vários bolsos", acrescentou Cunha. 
LEIA TAMBÉM: Obra de complexo aeronáutico em Guaíba deve movimentar 1500 trabalhadores

O aporte total do projeto, cuja execução está prevista para cerca de 10 anos, deverá chegar a R$ 3 bilhões e é possível que a chegada de futuros players movimente até R$ 10 bilhões. Da soma, R$ 1 bilhão estará sendo desembolsado nos próximos cinco ou seis anos, de acordo com Cunha. Nesse período, serão realizadas a consolidação de hangares, a construção do centro de pesquisa, do hub de inovação, a finalização da fábrica e o desenvolvimento da praça pública. O restante do valor chegará "de carona" com essas estruturas. 
A escolha da Aeromot, que é mineira, em investir em Guaíba, se deu por uma vocação gaúcha à aviação e pela oferta de mão de obra especializada na região. "O Rio Grande do Sul sempre foi um protagonista muito grande aqui na parte da aviação, desde a nossa saudosa época da Varig, que alguns ex-varigueanos aqui provavelmente estão. Então, para a gente é um motivo de muito orgulho ver esse legado se renovar aqui hoje. Foi daqui que partiram pessoas e tecnologias para transformar a aviação no Brasil e no mundo", destacou Cunha. 
A expectativa do prefeito de Guaíba, Marcelo Maranata, é de que o complexo possa auxiliar na retenção da população em Guaíba e até no aumento do número de habitantes. "Vamos manter a mão de obra e os jovens no Estado com empregos de excelência, de engenharia e tecnologia. Já temos a possibilidade da Scala Data Centers (que tem outro projeto de investimento bilionário na divisa do município com Eldorado do Sul) e, sem dúvida, a Aeromot traz um projeto que troca muita tecnologia com outros países", destacou o chefe do Executivo municipal em entrevista ao Jornal do Comércio. 
Aeronaves da empresa austro-canadense Diamond serão fabricados no Aerociti | Nathan Lemos/Especial/JC
Aeronaves da empresa austro-canadense Diamond serão fabricados no Aerociti Nathan Lemos/Especial/JC
O governador Eduardo Leite, por sua vez, também ressaltou os investimentos bilionários anunciados para o Estado entre 2024 e 2025 e que estão deslanchando atualmente. Mas, mais do que isso, afirmou esperar que outros empreendimentos sejam atraídos ao Rio Grande do Sul após a instalação do Aerociti. 
"Naturalmente, você consolida uma perspectiva de investimento dessa natureza e isso vai gerar maior atratividade, movimentação de pessoas e desenvolver essa área", destacou o governador. Para ele, poderão ser necessários investimentos na qualificação da Estrada do Conde, que dá acesso tanto ao local quanto à Toyota, para melhorar a infraestrutura local.
"A primeira etapa do empreendimento, que fica pronta provavelmente no primeiro semestre de 2027, vai nos permitir alavancar novos investimentos. Esse complexo vai atrair novos aportes destinados à aviação e a formação de mão de obra vai acabar atraindo mais gente e empreendimentos para o Estado", acrescentou o líder do Piratini. 

ITA deverá se somar ao projeto

Além de reunir oito universidades com foco no centro de pesquisas e inovação, o complexo Aerociti deverá ter a principal instituição de ensino superior do ramo atuando no projeto: o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), localizado em São José dos Campos, no estado de São Paulo. Com ele, será firmado um protocolo de intenções para ampliar a colaboração
"Isso, para a gente, é um grande marco, porque vai significar não só a formação de novas pessoas, especialização na área de engenharia, como também desenvolvimento em conjunto de novas tecnologias", explicou Cunha ao anunciar a novidade. 
O tópico foi retomado por Leite em seu discurso, puxando uma salva de palmas. "O Instituto Tecnológico da Aeronáutica é uma referência em ensino de engenharias especializadas e ter essa perspectiva de associação do ITA a esse empreendimento é algo fenomenal, uma capacidade de transformação de futuro maravilhosa para o nosso Rio Grande do Sul", celebrou o governador. 

Projeto envolverá áreas públicas e fabricará aviões

O espaço ainda abrigará áreas de convivência e lazer. Entre elas, praças e um museu que contará a história da aviação. “Temos que continuar motivando as novas gerações que estão vindo. Por isso, é importante termos o pilar da inspiração (pelos exemplos aeronáuticos)”, afirmou o CEO da Aeromot, Guilherme Cunha. A expectativa de Maranata, aliás, é de que isso auxilie a fomentar o turismo no município. 
Por outro lado, a fabricação de aviões, que já iniciará em 2027 com comercialização a partir de 2028, tem gerado expectativas. Por um lado, há uma parceria com a autro-canandense Diamond para a fabricação da aeronave DA62. Por outro, há uma parceria com a Leonard Helicópteros, um dos maiores conglomerados da Itália. 
Além disso, está sendo desenvolvido um projeto conjunto com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para lançar a AMT-X, a primeira aeronave movida a etanol do mundo, com produção 100% brasileira. O complexo espera realizar uma nacionalização gradual da fabricação de aeronaves e helicópteros, a partir da produção de peças e componentes, assim como a fabricação e montagem de diversos modelos.
 
 
 
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